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Motoristas de apps se opõem à fusão entre Localiza e Unidas

Categoria está preocupada com o impacto da união entre Localiza e Unidas. De acordo com a Associação dos Motoristas de Aplicativos de São Paulo, 25% dos motoristas dirigem carros alugados

Localiza: companhia alega que financiamento tinha como objetivo honrar imposto devido por acionistas da Unidas (Localiza Hertz/Divulgação)

Localiza: companhia alega que financiamento tinha como objetivo honrar imposto devido por acionistas da Unidas (Localiza Hertz/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de abril de 2021 às 08h02.

Última atualização em 22 de abril de 2021 às 08h05.

Uma das fusões mais importantes em análise pelas autoridades concorrenciais neste ano, a união das locadoras de veículos Localiza e Unidas ganhou, além da oposição dos competidores, novos antagonistas: motoristas de aplicativos.

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Representantes de condutores de serviços como Uber e 99 estão preocupados com o impacto para a categoria. De acordo com a Associação dos Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp), 25% dos motoristas dirigem carros alugados no Estado. O temor é de que a fusão diminua a concorrência e aumente o preço da locação para os motoristas, reduzindo a oferta de transporte ou encarecendo o valor da corrida para os usuários.

"Já vimos uma disparada nos preços dos carros alugados desde que a fusão foi anunciada. Com a falta de concorrência no mercado, eles colocam o valor que eles querem", afirma o presidente da Amasp, Eduardo Lima de Souza.

Fundada por Salim Mattar, ex-secretário de Desestatizações do Ministério da Economia, a Localiza anunciou a fusão com a Unidas em setembro do ano passado, o que criaria uma empresa com valor de mercado consolidado de R$ 48 bilhões. O negócio, porém, só pode ser concretizado após a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), onde está sob análise.

O vereador de São Paulo Marlon Luz, conhecido como "Marlon do Uber" - que foi motorista de aplicativo e se elegeu como representante da categoria -, diz que, desde novembro, houve aumento de 15% a 20% no preço do aluguel de carros.

Segundo Marlon, quanto menos concorrência tiver, mais alto vai ficar o preço. "A tendência com essa fusão é que esses motoristas que alugam carro desistam. Vão sair do negócio e, aí, terão menos carros de aplicativo servindo os passageiros, maior demora e preços das passagens aumentando", afirmou o vereador.

Questionamentos

No processo no Cade, a locadora de veículos Movida, que tem 15% de participação de mercado, e empresas menores, como Ouro Verde Locação e Porto Seguro Carro Fácil, manifestaram-se contra a fusão. A Movida e a Ouro Verde questionam o market share (participação de mercado) informado pela Localiza ao notificar o negócio ao conselho, que seria, somado ao da Unidas, de 40% da frota nacional de carros para aluguel.

"Em apresentações anteriores feitas a investidores, a Localiza falava que tinha mais de 50% e, a Unidas, mais de 17%. Juntas, as duas empresas têm quase 70% do mercado", afirma o consultor Juan Ferrés, contratado pela Movida para apresentar um parecer ao Cade em que analisa a operação.

A reportagem procurou a Localiza e a Unidas e questionou as empresas sobre as preocupações dos motoristas de aplicativo e os argumentos apresentados pela Movida. A Localiza respondeu que a companhia, "seguindo suas reconhecidas práticas de governança corporativa e transparência", apresentou ao Cade informações sobre o negócio e estudos sobre a dinâmica do setor.

"Eventuais esclarecimentos sobre a operação estão sendo discutidos com a autarquia", completou. A Unidas disse que prefere não se manifestar sobre o tema neste momento. 

 

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