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Mortes por doenças pulmonares impulsionam farmacêuticas

O mercado de drogas para tratamento de doenças fatais do pulmão forma uma nova concorrência à medida em que a doença atinge um crescente número de pessoas


	Fumante: a Novartis AG pretende convencer os médicos de que seu novo medicamento Ultibro é melhor que o sucesso Advair, da GlaxoSmithKline 
 (Justin Sullivan/Getty Images/AFP)

Fumante: a Novartis AG pretende convencer os médicos de que seu novo medicamento Ultibro é melhor que o sucesso Advair, da GlaxoSmithKline  (Justin Sullivan/Getty Images/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de setembro de 2013 às 10h33.

Londres - Há uma nova concorrência se formando no mercado de US$ 10 bilhões de drogas para tratamento de doenças fatais do pulmão à medida que o crescente número de fumantes nos mercados emergentes empurra a demanda.

A Novartis AG pretende convencer os médicos de que seu novo medicamento Ultibro para doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é melhor que o sucesso Advair, da GlaxoSmithKline Plc, usado também para tratar asma. A Glaxo, por sua vez, desenvolveu novos produtos antecipando-se ao dia em que o Advair enfrentar a concorrência de cópias genéricas.

A doença, também conhecida como tosse de fumante, mata uma pessoa a cada 10 segundos e se tornará a terceira maior causa de morte em todo o mundo até 2030, segundo a Organização Mundial da Saúde e a Glaxo, com sede em Brentford, no Reino Unido. As condições conhecidas como bronquite crônica e enfisema também são incluídas no diagnóstico de DPOC. Apesar de a asma afetar mais pessoas em todo o mundo, ela não mata na escala da DPOC, segundo a OMS.

“A doença está massivamente lá fora”, disse Richard Russell, especialista em DPOC do Hospital Wexham Park, no sudeste da Inglaterra, que diz que vê seis ou sete novos pacientes toda semana. “Ainda estamos recebendo novos pacientes todo o tempo com a doença avançada e sem nunca ter recebido tratamento”.

‘Epidemia global’

O mercado para medicamentos contra a DPOC pode subir para US$ 14 bilhões em 2018, de US$ 10 bilhões neste ano, estimam analistas da Citigroup Inc. Incluindo asma, o mercado respiratório totalizará mais de US$ 30 bilhões, segundo o Bloomberg Industries.

Cerca de 65 milhões em todo o mundo têm DPOC moderada ou severa, segundo a OMS. As taxas atuais de fumantes na China sugerem uma população futura de pacientes de ao menos 75 milhões, estima o Bloomberg Industries.


“A DPOC é uma epidemia global e um problema em crescimento tanto no mundo desenvolvido quanto nos mercados emergentes”, disse David Morris, chefe global da Novartis em cuidados de saúde, incluindo doenças respiratórias. “Nós vemos isso como um investimento sustentado”.

Vendas do Advair

O órgão regulador da União Europeia recomendou, em 26 de julho, que a Comissão Europeia aprove o Ultibro para DPOC. A comissão normalmente segue o conselho do regulador. A Novartis, com sede em Basileia, Suíça, disse que tem planos para entrar com pedido de aprovação nos Estados Unidos até o final do ano que vem.

O Advair, comercializado como Seretide na maioria dos países fora dos EUA, foi o medicamento mais vendido da Glaxo no ano passado, com 5,05 bilhões de libras (US$ 8 bilhões) em vendas, divididos quase igualmente entre asma e DPOC.

O Spiriva, da Boehringer Ingelheim GmbH, segunda droga mais prescrita para DPOC, teve vendas de 3,6 bilhões de euros (US$ 4,7 bilhões) no ano passado. Os pacientes normalmente tomam Advair ou Spiriva ou os dois. O Symbicort, da AstraZeneca Plc, teve US$ 3,2 bilhões em vendas no ano passado.

A demanda latente também subsiste graças à relutância dos fumantes em ir ao médico por causa de suas condições, disse Russell.

Paciente da Advair

“Eles não querem vir até nós porque eles acham que serão atormentados por fumar”, disse ele. “O conceito global de tratamento antecipado e diagnóstico ainda está em sua infância”.


A patente do Advair expirou em 2010 nos Estados Unidos, o maior mercado de medicamentos do mundo. Uma patente separada do acessório Diskus, usado para inalar o remédio, permanece em vigor até 2016.

Copiar o Advair e seu acessório de uso será difícil, mas a Sandoz, divisão de genéricos da Novartis, provavelmente será a primeira em consegui-lo, seguida pela Actavis Inc. e pela Mylan Inc., segundo analistas da Sanford C. Bernstein Co.

Como resultado, a Glaxo e competidores têm corrido para desenvolver novos produtos. Alguns da Novartis, da Glaxo e da Almirall SA conseguiram aprovação regulatória recentemente.

“Se não há benefício clínico óbvio em relação a tratamentos existentes e não há redução significativa sobre os custos, então todas essas drogas terão dificuldades”, disse Russell, que presta consultoria para farmacêuticas como a Glaxo, a Novartis, a Boehringer e a Almirall.

Decisão sobre o Anoro

O Anoro, da Glaxo, provavelmente irá liderar o mercado de terapia de combinação, com as vendas atingindo US$ 1,7 bilhão em 2020, segundo a estimativa média de seis analistas consultados pela Bloomberg. A Ultibro, cujas vendas podem chegar a US$ 1,05 bilhão em 2020, pode ser afetada pelo acessório Breezhaler, que precisa ser carregado com uma nova cápsula após cada uso, em comparação com o acessório multidose Ellipta, da Anoro, segundo analistas.

A Boehringer e a Almirall também estão desenvolvendo suas próprias combinações, que provavelmente chegarão ao mercado até 2015, segundo o Citigroup.

“Existe uma necessidade por esses novos tratamentos? Com certeza”, disse John Hurst, professor de medicina respiratória na University College London. “É uma doença altamente incidente e, apesar dos melhores tratamentos disponíveis que temos hoje, os pacientes permanecem sintomáticos”.

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