Negócios

Moreno, da Open English: depois do inglês, o web design

Fundador de escola de idiomas online aposta agora em outra gama de cursos para os profissionais do século 21

MORENO, DA OPEN ENGLISH: “Queremos que as pessoas consigam o emprego que elas desejam o mais rápido possível” / Divulgação

MORENO, DA OPEN ENGLISH: “Queremos que as pessoas consigam o emprego que elas desejam o mais rápido possível” / Divulgação

DR

Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2018 às 19h09.

Última atualização em 13 de setembro de 2018 às 20h24.

Depois de sedimentar a Open English como um sucesso de vendas de cursos de inglês pela internet no Brasil, o venezuelano Andrés Moreno, presidente e fundador da empresa, lança agora no país a Next U. Fundada em 2013, a escola ensina habilidades básicas do século 21, como desenvolvimento de aplicativos e websites, marketing digital, design digital, empreendedorismo, entre outros a preços acessíveis. Já são 25.000 alunos ativos em 16 países latinos. Para lançar a versão brasileira, que começa com três cursos, foi necessário construir do zero o conteúdo para adaptá-lo não só ao português, mas também às demandas do mercado de trabalho brasileiro. “Nosso foco sempre foi e será na empregabilidade. Queremos preparar as pessoas para elas crescerem em suas carreiras e conseguirem melhorar seu salário”, diz Moreno, em entrevista exclusiva em São Paulo para a EXAME. Para chamar a atenção dos brasileiros para a Next U, estão sendo investidos 5 milhões de dólares em marketing, incluindo campanhas publicitárias na televisão e internet. Confira a entrevista com Moreno na íntegra.

A criação da Open English veio para atender as necessidades de um mundo mais globalizado, em que o inglês é cada vez mais demandado. A proposta da Next U é parecida?

A ideia da Next U surgiu exatamente para atender outra demanda que estava sendo pouco atendida, as novas necessidades do mercado de trabalho na era digital. Também focamos nos países latinos, começando pelos de língua espanhola e agora o Brasil. Para desenvolver a empresa, fomos pesquisar quais as profissões mais bem pagas e demandadas hoje, as vagas que abriam e o que as empresas estão pedindo dos candidatos. A partir disso, identificamos especialidades em alta, como analista de marketing digital, desenvolvedor web e designer de produtos digitais. Ao criar a Next U buscamos ajudar as pessoas a, de maneira rápida e acessível, aprender essas novas habilidades do século 21. Nos inspiramos bastante na fórmula bem-sucedida do Open English, que é de cursos 100% pela internet e a preços menores do que o mercado está cobrando.

A Next U já existe desde 2013. Por que só agora decidiram trazer a NextU para o Brasil?

A plataforma existe desde 2013, quando foi lançada para os Estados Unidos e em outros países da América Latina. Hoje oferece cursos em oito áreas: Marketing Digital, Desenvolvimento Web, Desenvolvimento Mobile, Design, Empreendedorismo, TI, Negócios Digitais e Cloud Computing. Em todo o mundo já são mais de 25.000 alunos matriculados nos cursos da Next U em 2016 e o crescimento no primeiro semestre foi de 40% em relação ao mesmo período de 2017. Se fosse uma escola, seria um grande campus. Lançar a empresa no Brasil é um passo importante porque é um grande mercado. O país está, por exemplo, entre os três maiores mercados para a Open English – oscila entre a primeira, segunda e terceira colocações ao lado de México e Colômbia.

A empresa tem metas para o Brasil?

Considerando que o Brasil tem hoje 40% das linhas de conexão de internet da América Latina, o potencial é gigante. Esperamos que, nos próximos anos, ele ultrapasse em número de alunos os outros países da região. Estamos investindo para isso. Estamos investindo 5 milhões de dólares nos próximos 12 meses em marketing, especialmente campanhas para televisão e internet, apenas para divulgar a Next U entre os brasileiros. Além disso, pretendemos continuar investindo no crescimento do Open English aqui. Investiremos outros 5 milhões de dólares na marca. Estamos dobrando o time e vamos lançar uma nova campanha publicitária. Acreditamos que o Brasil pode ser em breve nosso mercado número 1 e estamos investindo para isso. A projeção é de crescimento de dois dígitos em ambos os negócios no Brasil este ano.

O Brasil é um mercado particular dentro da América Latina em muitos aspectos, seja pelo tamanho, diversidade ou complexidade. A demora para lançar o produto no Brasil tem a ver com isso?

Para entrar no Brasil criamos os cursos do zero, com conteúdo preparado especialmente para o mercado local. Entendemos que há particularidades e fomos buscar quais habilidades interessavam mais para os empregadores. Isso nos levou 18 meses e um time dedicado. Decidimos por lançar primeiramente três cursos, mas em seis meses teremos já ideia de quais outros podemos trazer para cá. Hoje oferecemos Marketing Digital, que inclui disciplinas de marketing de conteúdo e mídias sociais, Desenvolvimento Web, com formação front-end e aplicativos Híbridos, e Desenvolvimento Mobile, com foco em Android (inclui fundamentos e ensinamentos sobre aplicativos híbridos. A própria escolha do Android foi pensando em quais as vagas disponíveis no mercado. Também tivemos um trabalho de buscar no mercado brasileiro tutores experientes em cada tema. Um dos diferenciais da Next U é ter tutores conectados o tempo todo para tirar dúvidas dos alunos. Hoje temos 40 tutores no país.

Outras escolas de e-learning também oferecem tutores. Qual o diferencial de vocês?

Em cada curso temos um grupo de pessoas treinadas em português para tirar dúvidas na hora. As outras plataformas não oferecem suporte imediato. Se você estiver aprendendo a programar e tiver dúvida, a qualquer momento pode pedir ajuda para um dos especialistas. Isso é importante porque o que tentamos inverter a experiência da sala de aula, de ter um professor que centraliza o aprendizado e ensina as mesmas coisas todo ano. É em casa, quando o aluno vai realmente absorver o conteúdo, é que surgem dúvidas. Pensando nisso, fomos atrás dos melhores professores e gravamos suas aulas. Você assiste às aulas como se estivesse na classe, mas, quando estiver resolvendo os problemas e desenvolvendo os projetos em casa, terá à disposição professores. Além disso, oferecemos flexibilidade de grade. Se alguém quiser fazer mais de um curso ao mesmo tempo, pode. Os preços também variam conforme a grade que o aluno escolher, mas uma pessoa consegue estudar por 150 reais por mês. Também temos a preocupação de atualizar sempre o conteúdo, o que atrai também profissionais já experientes no assunto, mas que querem se atualizar das novidades. Habilidades ligadas a tecnologia, especialmente digital têm novidade todo dia. O nosso objetivo é ter o preço certo, suporte online e permitir que o aluno aprenda rápido, mas no seu ritmo. WE.

O mercado de cursos pela internet cresce no ritmo que você esperava quando abriu a Open English em 2007?

Há muito espaço para crescer ainda. Dos 8 bilhões de dólares que os latinos gastam com aprendizado de inglês hoje, 3 milhões são só de brasileiros. Dos 8 bilhões, apenas 5% é investido em e-learning, plataformas digitais. Há cinco anos era 0%. Essa transição digital de offline para online está acontecendo em todas as indústrias, e muitas companhias estão desaparecendo. Quando a transição acontecer, Open English estará bem posicionada para surfar nesta tendência. Muitas pessoas já começam a estudar para desenvolver habilidades para o mercado de trabalho antes mesmo de fazerem um curso universitário. E a Next U está bem posicionada para satisfazer essa necessidade também.

A Open English e a Next U estão hoje no guarda-chuva da Open Education, a holding do grupo. A ideia de criar uma holding foi pensando em lançar mais frentes de negócio?

Nós criamos a Next U em 2013 como uma empresa separada da Open English. Em 2015 resolvemos fundi-las e criar a holding. Hoje, além das duas, a Open Education tem também a Open English Kids, plataforma de ensino de inglês para crianças de 8 anos a adolescentes de 15 anos. Por enquanto só é oferecida nos países latinos que falam espanhol, mas queremos lançar no Brasil em algum momento. Em nosso laboratório de inovação incubamos um grande número de novas ideias. Um projeto que ainda não lançamos é uma plataforma para crianças de 3 a 8 anos, não apenas para ensino de língua, mas também habilidades que elas precisam aprender nesta idade, como alfabetização, matemática e consciência social. Achamos que celulares e tablets são bons canais para engajar e ensinar crianças dessa idade. Além disso, já temos alguns clientes na divisão de cursos de inglês em empresas, uma demanda que surgiu dos próprios alunos. Lançamos há três anos e temos mais de 100 companhias como clientes hoje. No Brasil, inclusive. Este ano essa divisão deve crescer 50%.

Curso de espanhol pela internet, nos moldes do de inglês, não está entre as ideias?

Não. Nossa missão é fazer os latino-americanos se tornarem profissionais bem sucedidos. Inglês é importante, é uma necessidade no mundo inteiro. As habilidades digitais, que a Next U oferece também estão sendo muito demandadas. Mas o programa de italiano ou japonês, por exemplo, são nichos e não torna as pessoas bem sucedidas. O espanhol é bem falado, mas, como focamos no público latino e grande parte já fala espanhol, não é uma necessidade. Mesmo nos Estados Unidos, nossos clientes são, em sua maioria, latinos que moram lá.

E na China, não pensam em entrar?

A China é um mercado imenso, mas fechado. Empresas como Netflix e Google são bloqueados lá. Com escolas de inglês não é diferente. Só três companhias na China são autorizadas a ensinar inglês pela internet.

Acompanhe tudo sobre:BrasilEntrevistaInglêsInternet

Mais de Negócios

Mais de 80% dos franqueados brasileiros consideram abrir novas unidades, diz pesquisa

Walmart China e Meituan firmam parceria para acelerar entregas e operações digitais

Esta fintech foi do zero aos 100 milhões de reais em apenas dois anos

Projeto premiado da TIM leva cobertura 4G a 4.700 km de rodovias