Monsanto: multinacional foi condenada em primeira instância em 2012 a indenizar o agricultor de 47 anos que sofre graves sequelas, mas recorreu da decisão (Daniel Acker/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 10 de setembro de 2015 às 14h15.
A justiça francesa confirmou nesta quinta-feira a responsabilidade da Monsanto na intoxicação de um agricultor que utilizava um herbicida do grupo agroindustrial americano, que terá que indenizar a vítima.
Paul François foi intoxicado em abril de 2004 ao inalar vapores de Lasso, um herbicida da Monsanto que ele utilizava em sua plantação de milho no sudoeste da França.
Após a inalação, o agricultor desmaiou e foi parar na emergência de um hospital cuspindo sangue. Após cinco semanas de tratamento, continuou apresentando problemas com a fala, momentos de ausência mental e fortes dores de cabeça. No fim de novembro de 2004, voltou a sofrer desmaios.
Em maio de 2005, após um longo período de internação, no qual esteve, inclusive, em coma, foi descoberta a causa de sua doença: o monoclorobenzeno, um solvente altamente tóxico e que representa 50% da composição do herbicida da Monsanto.
A multinacional foi condenada em primeira instância em 2012 a indenizar o agricultor de 47 anos que sofre graves sequelas, mas recorreu da decisão, confirmada nesta quinta-feira pelo tribunal de apelações de Lyon.
Na audiência deste tribunal, em maio deste ano, a Monsanto alegou que seu produto "não é perigoso" e que "os prejuízos apontados não existem".
Paul François, contudo, está convencido de que a empresa sabia dos riscos da utilização do Lasso muito antes de sua proibição na França, em novembro de 2007.
Esse herbicida já havia sido considerado perigoso e foi retirado do mercado no Canadá em 1985, e na Bélgica e no Reino Unido em 1992.
O advogado da Monsanto, Jean-Daniel Bretzner, declarou à AFP que a decisão é "surpreendente, consideradas as imprecisões e os erros que permeiam a tese de Paul François".
O advogado acrescentou que "o combate vai continuar", dando a entender que a Monsanto recorrerá mais uma vez da decisão.
"As empresas não estão acima das leis", declarou Paul François. "Davi pode ganhar de Golias", acrescentou seu advogado, em Paris.