PLANTAÇÃO DE TOMATES: a humanidade deve passar de 9 bilhões de pessoas em 2050 e espera-se que haja tecnologia para aumentar a produção agrícola e alimentar a população / Joe Raedle/Getty Images
Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2016 às 22h02.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h17.
A agricultura venceu fronteiras no século XX. Depois dos transgênicos e da aplicação de novas tecnologias no campo, a produção de alimentos no mundo dobrou entre 1961 e 2013. E esse negócio se mostrou bilionário. Um dos maiores expoentes desse setor, a fabricante de sementes Monsanto divulga hoje seu balanço trimestral, o último do ano fiscal da empresa. Analistas estimam que o faturamento do trimestre deve se manter muito parecido com o do ano anterior, na casa dos 2,35 bilhões de dólares. O resultado do ano fiscal deve ter redução de 11% nas vendas, fechando em 13,3 bilhões de dólares.
As preocupações da companhia vão além do resultado anual. No mês passado, a Monsanto foi comprada pela empresa de ciências biológicas alemã Bayer em um negócio de 66 bilhões de dólares. As ações da companhia já registram queda de 5% no último mês diante de preocupações de que a compra não seja aprovada por legisladores.
O fato não é isolado: entre as seis grandes companhias que dominam a indústria de biotecnologia e agroquímica — Dow, DuPont, Syngenta e Basf, além da Bayer e Monsanto — cinco delas estão envolvidas em processos de fusão e aquisição. A DuPont propôs uma fusão com a Dow, e a gigante chinesa Chinesa ChemChina está em processo de adquirir a Syngenta. Se todos esses três negócios se concretizarem, as empresas que surgirem irão vender 62% de todas as sementes patenteadas e pesticidas de todo o mundo.
Aquilo que antes parecia uma preocupação das companhias, passa a ser agora uma preocupação de todos. As estimativas preveem que a humanidade passe de 9 bilhões de pessoas em 2050 e seria necessário aumentar a produtividade da atual área de plantio em 60% para alimentar todas as pessoas. As grandes companhias afirmam que as fusões irão possibilitar a inovação em tecnologias como agricultura de precisão, utilização de drones na área plantada, tratores menores e autônomos que danificam menos o solo e até a pesquisa de novos genes mais resistentes. Produtores e autoridades temem que diminuir o oligopólio tenha impacto negativo no preço de sementes e nas pesquisas de novas cepas. Desafios que mostram que na Agricultura ainda há muitas fronteiras para se vencer.