A mina de carvão em Moçambique: revolta dos moradores locais (AFP/arquivo/Gianluigi Guercia)
Da Redação
Publicado em 12 de janeiro de 2012 às 18h19.
Maputo - Cerca de 500 manifestantes moçambicanos bloquearam nesta semana uma linha férrea usada para transportar carvão em um protesto contra a empresa de mineração brasileira Vale, disse a polícia nesta quinta-feira.
Em um incidente na terça-feira, a polícia prendeu 14 manifestantes que estavam furiosos com o que, segundo eles, é um alojamento de baixa qualidade que a Vale construiu para eles depois que tiveram que abrir espaço para a mina de carvão no noroeste do país.
A multidão bloqueou a linha férrea e o acesso à estrada para a área de reassentamento, Cateme, segundo o comandante da polícia Jaime Mapume.
"Eles fizeram barricadas na linha férrea com pedras e outras coisas", disse Mapume à AFP.
Mais tarde a polícia libertou os detidos, disse ele.
A Vale abriu a mina em maio, no distrito de Moatize, planejando exportar pelo menos 11 milhões de toneladas de carvão por ano.
A empresa removeu 980 famílias para abrir espaço para a mina de US$ 1,7 bilhão. A maioria foi levada para Cateme, onde a companhia construiu 750 casas, escolas, uma delegacia de polícia e uma clínica.
A comunidade reclamou do padrão das casas e acusou a empresa de quebrar suas promessas, disse Mapume.
Um porta-voz da Vale, Acucena Paul, disse à AFP que a responsabilidade pelo reassentamento passou para o governo local.
As autoridades locais informaram que as reformas planejadas foram adiadas.
"Os beneficiários relataram deficiências de vários níveis nas casas, principalmente rachaduras", disse o administrador do distrito de Moatize em um comunicado.
O Centro para a Integridade Pública de Moçambique acusou em 2010 a Vale de construir casas abaixo do padrão nas comunidades reassentadas.