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Melhor gestora de fundos aconselha ignorar a política no Brasil

O gestor concentra 80% de seus R$ 310 mi em três companhias: a Locamerica, uma empresa de aluguel de carros, e as construtoras Tenda e Tecnisa

Brasil: “Focamos em empresas de boa qualidade de setores resilientes”, disse Menezes (Mario Tama/Getty Images)

Brasil: “Focamos em empresas de boa qualidade de setores resilientes”, disse Menezes (Mario Tama/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 2 de agosto de 2017 às 18h16.

Última atualização em 2 de agosto de 2017 às 18h16.

São Paulo - A melhor gestora de fundos do Brasil está ampliando suas apostas.

Flávio Menezes está levantando recursos para a segunda rodada de investimentos depois que seu fundo Patria Pipe Master FIA deu retorno de 56 por cento neste ano, o maior de uma lista de mais de 170 fundos com mandatos similares.

O gestor concentra 80 por cento de seus R$ 310 milhões (US$ 99,2 milhões) em três companhias: a Companhia de Locação das Américas (Locamerica), uma empresa de aluguel de carros, e as construtoras Tenda e Tecnisa.

“Focamos em empresas de boa qualidade de setores resilientes”, disse Menezes em entrevista. “Se você fizer de maneira bem feita, tem possibilidade enorme de ganhar dinheiro.”

O fundo está focado no que os brasileiros precisarão, independentemente da crise, e em áreas com gargalos estruturais onde ainda existem ineficiências, disse ele. A maioria dos investidores, neste ano, está focada na política e nas reformas.

Já Menezes diz que sua estratégia é atuar “quase como um private equity investindo em companhias públicas”, comprando participações relevantes e trabalhando com a administração para ser referência no setor.

O próximo fundo da Patria manterá a mesma filosofia de investimento e almeja ter o dobro do tamanho do primeiro, aproximadamente US$ 200 milhões. A empresa terá um braço offshore para investidores institucionais globais, algo que o primeiro não teve. A Pátria Investimentos, parceira da Blackstone Group, possui US$ 9,5 bilhões sob gestão, dos quais 80 por cento atualmente vêm de investidores estrangeiros.

Menezes continua otimista em relação ao Brasil, mas disse que os investidores precisam ser mais seletivos. As ações brasileiras deram retorno de 13,7 por cento neste ano, metade da média dos mercados emergentes, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Investimentos

A Pátria possui 18 por cento da Locamerica e um assento influente no conselho. A firma ajudou a contratar o diretor financeiro no mês passado e a implementar uma estratégia de recuperação.

Sob administração da Pátria, o lucro líquido quase duplicou em três anos e a empresa comprou a rival Auto Ricci, operação que criará uma empresa de locação de automóveis com receita anual de R$ 1,1 bilhão por ano, 46 por cento superior à de 2016.

O alvo de seu segundo maior investimento é a Tenda, que atende a compradores de residências de baixa renda e quadruplicou seu lucro líquido no primeiro trimestre de 2017 em relação ao mesmo período do ano anterior.

Analistas do Itaú BBA liderados por Enrico Trotta, que mantém recomendação equivalente a compra para a Tenda, escreveram em relatório de 12 de julho que continuam otimistas em relação à empresa, porque ela possui um balanço confortável e é 30 por cento mais barata do que a rival MRV Engenharia e Participações.

A Pátria também possui 4,5 por cento da Tecnisa, que passou por uma reestruturação desde que a rival Cyrela Brasil Realty se transformou na segunda maior acionista da companhia, no ano passado.

A Cyrela contribuiu com R$ 74 milhões quando a Tecnisa precisou levantar R$ 200 milhões depois que um grande projeto em São Paulo foi travado pela crise devido ao aumento do desemprego e à queda dos preços dos imóveis.

A Tecnisa fez aumento de capital próprio e também terá que reduzir mais despesas. A empresa já diminuiu sua equipe de 700 para 250 funcionários.

“Este é um setor difícil, mas a Tecnisa está focada em reestruturar seu portfólio -- vender estoque, gerar caixa -- para se preparar para um eventual ressurgimento desse mercado em cerca de dois anos”, afirmou.

Obviamente, os riscos no Brasil são inevitáveis, disse Menezes.

“Mas a médio e longo prazo, se quiser dobrar seu capital, você precisa duplicar o lucro do seu negócio”, disse ele -- e isso significa colocar a mão na massa, uma abordagem necessária para as empresas brasileiras.

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