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Mitsubishi admite manipulação em teste de 645 mil carros

Segundo a imprensa, a fabricante manipulou dados sobre os pneus, conseguindo, assim, resultados de consumo de combustíveis superiores em comparação ao real


	Mitsubishi: segundo a imprensa, a fabricante manipulou dados sobre os pneus, conseguindo, assim, resultados de consumo de combustíveis superiores entre 5 a 10% em comparação ao real
 (Tomohiro Oshumi/Bloomberg)

Mitsubishi: segundo a imprensa, a fabricante manipulou dados sobre os pneus, conseguindo, assim, resultados de consumo de combustíveis superiores entre 5 a 10% em comparação ao real (Tomohiro Oshumi/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 20 de abril de 2016 às 14h23.

A montadora japonesa Mitsubishi Motors admitiu nesta quarta-feira ter "manipulado testes de emissões para apresentar rendimentos de energia melhores", uma fraude que envolve pelo menos a 625.000 veículos de pequeno porte, alguns construídos pela também nipônica Nissan.

Estão implicados quatro modelos de mini-veículos com cilindradas inferiores a 660 cm3, uma categoria muito popular no Japão, dos quais 468.000 unidades fabricadas por sua compatriota Nissan (Dayz y Dayz Roox).

O anúncio foi feito no momento em que a indústria automobilística passa por controles mais rígidos, depois que a alemã Volkswagen admitiu ter instalado um software para manipular os resultados de emissões em milhões de veículos.

"Pedimos desculpas a todos os nosso clientes e às demais partes afetadas", afirmou o presidente do grupo, Tetsuro Aikawa, durante uma entrevista coletiva no ministério dos Transportes.

Segundo a imprensa, a fabricante manipulou dados sobre os pneus, conseguindo, assim, resultados de consumo de combustíveis superiores entre 5 a 10% em comparação ao real.

"Nosso cliente Nissan descobriu divergências entre os números divulgados e os constatados, e solicitou uma revisão", anunciou a empresa em um comunicado.

"Decidimos interromper a produção e as vendas dos modelos envolvidos", explicou a empresa. A Nissan adotou a mesma medida.

Danos significativos

O anúncio da Mitsubishi, pouco antes do fechamento da bolsa, fez que ação do grupo caísse mais de 15%, o maior retrocesso percentual desde 2004, quando o grupo estava em grave crise.

A Mitsubishi Motors tem agora uma melhor saúde financeira, embora tenha estado à beira da quebra há 12 anos, após um escândalo de ocultamento de defeitos, o que infringia a lei sobre os recalls. O caso, muito midiatizado, causou muito dano à empresa e entre seus diretores.

A Mitsubishi Motors, conhecido por seus 4x4 Outlander e Pajero, vende em torno de um milhão de automóveis por ano. Para o ano encerrado no final de março de 2016, o grupo espera um volume de negócios equivalente a 18 bilhões de euros (US$ 20,3 bilhões). Seus resultados serão divulgados no dia 27 de abril.

O presidente do grupo já advertiu que os resultados podem ser afetados: "Não é um problema simples. Precisamos de tempo (para avaliar o impacto sobre os resultados), mas algo é certo: os danos serão significativos".

A investigação interna revelou que "o método de testes utilizado, não conforme às exigências da lei japonesa, foi aplicado a outros modelos produzidos pela Mitsubishi para o mercado japonês".

"Considerando a gravidade desses assuntos, também vamos fazer investigações relativas aos produtos fabricados para os mercados externos", com a ajuda de um "comité integrado exclusivamente por especialistas externos", afirmou o grupo.

O caso lembra o escândalo da Volkswagen, revelado há alguns meses. O grupo alemão, proprietário de 12 marcas e com quase 200 bilhões de euros de volume de negócios, admitiu em setembro que manipulou os motores a diesel de 11 milhões de veículos em todo o mundo para que parecessem menos poluentes do que eram na realidade.

O grupo Volkswagen registrará em 2015 perdas de bilhões de euros, provocadas pelas provisões que a empresa deve constituir para enfrentar os custos e indenizações, ainda não determinados, vinculados ao "dieselgate".

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