Apartamento decorado: empreendimento na Freguesia do Ó será o primeiro da Mitre esse ano (Mitre/Divulgação)
Mariana Desidério
Publicado em 15 de julho de 2020 às 06h00.
A construtora Mitre lança ainda este mês seu primeiro empreendimento imobiliário de 2020. O projeto fica na Freguesia do Ó, zona norte de São Paulo. O lançamento estava previsto para março, mas foi adiado pela pandemia do novo coronavírus e vai ocorrer nos próximos dias.
A expectativa é lançar outros dois empreendimentos no trimestre, provavelmente em agosto, um em Perdizes (zona oeste de São Paulo) e o outro no Tucuruvi (zona norte).
Os lançamentos estão com estandes abertos desde meados de junho. “Abrimos os estandes e estávamos sentindo a visitação. Ela vem acontecendo de forma consistente. Vamos abrir para assinatura do projeto da Freguesia nos próximos dias e a expectativa é de ter um bom número, dada a situação do país”, afirmou Rodrigo Cagali, diretor-financeiro da Mitre, em entrevista à EXAME.
O grande fator impulsionador para a procura por imóveis é a redução da taxa de juros. A taxa básica de juros Selic está em 2,25%, o menor patamar desde o início da série histórica, em 1996. Já é possível encontrar no mercado financiamento imobiliário com taxa de juros de 6,99%. Com isso, a expectativa do setor é de que a venda e compra de imóveis retome o ritmo de crescimento até o final do ano.
“A pessoa que não conseguia antes comprar um imóvel melhor, hoje consegue. Todas as empresas estão com bons números para o segundo trimestre e isso é muito por conta da taxa de juros”, disse Cagali.
No caso da Mitre, o estoque baixo antes da pandemia favorece a atuação no segundo semestre. “Isso me deixa confortável para voltar a lançar. Mesmo que a performance não seja tão boa, não é um grande problema”, diz. A construtora, que atua só em São Paulo, não fez nenhum lançamento no primeiro semestre.
A construtora abriu estandes para vender empreendimentos em junho, assim que houve a liberação do poder público. Apesar de menor do que a procura pré-pandemia, O movimento de clientes foi bom na avaliação da incorporadora.
“Antes da pandemia, um estande de futuro lançamento tinha cerca de 100 visitas em um final de semana. Agora temos de 60 a 70 visitas. A diferença é que antes parte dos visitantes ia para o estande passear, ver o decorado. Agora são só clientes potenciais, realmente interessados na compra”, disse.
Os lançamentos buscam se adaptar aos novos tempos. A Mitre já faz todo o trâmite da venda de forma virtual, por exemplo. A adaptação também ocorre internamente. Ontem à noite, 160 pessoas, entre diretores e gerentes de vendas, participariam de um encontro virtual para estabelecer as metas de vendas do empreendimento da Freguesia. O encontro tradicionalmente ocorre em um jantar presencial. Desta vez seria em uma live com direito a uma receita preparada pelo chef Érick Jacquin. O plano era cada executivo receber os ingredientes para fazer a receita em casa.
A Mitre divulgou na semana passada prévia de resultados para o segundo trimestre de 2020. No período, a construtora teve 35 milhões de reais em vendas líquidas, alta de 3,5% em relação ao primeiro trimestre de 2020.
A companhia terminou o trimestre com 157 unidades em estoque, totalizando 85,9 milhões de reais, redução de 34,8% em relação ao mesmo período de 2019, quando a Mitre tinha 199 unidades em estoque, equivalente a 131,9 milhões de reais. Isso mesmo com os estandes fechados na maior parte do trimestre.
Os resultados foram considerados sólidos por analistas do banco BTG Pactual. “Com todas as vendas do Mitre compostas por estoques, a empresa divulgou uma forte velocidade de vendas de 29% (ante 22% no primeiro trimestre de 2020), portanto os resultados foram definitivamente sólidos”, disse o banco em relatório. “Os números operacionais da Mitre teriam sido sólidos em qualquer trimestre, especialmente considerando todas as adversidades da covid-19", disseram os analistas.