Google: "Não fazemos acordos como o da Inglaterra. Aplicamos a lei" (Jacques Brinon / Reuters)
Da Redação
Publicado em 2 de junho de 2016 às 16h05.
São Paulo - O ministro das Finanças da França, Michel Sapin, descartou a possibilidade de negociar um acordo com o Google, acusado pelo Ministério Público francês de sonegar impostos.
"Não fazemos acordos como o da Inglaterra", disse Sapin à agência de notícias Reuters. "Aplicamos a lei."
Em janeiro deste ano, o Google conseguiu fechar um acordo para pagar £ 130 milhões (cerca de US$ 190 milhões) em impostos à Inglaterra, o que causou críticas de parlamentares da oposição, que julgaram a soma muito baixa.
Uma fonte no Ministério das Finanças da França disse, em janeiro, que as autoridades do país querem recolher cerca de 1,6 bilhão em impostos que seriam devidos pelo Google.
O ministro das Finanças, por outro lado, afirmou que não poderia comentar sobre valores em jogo por questões tributárias confidenciais.
Investigação
Na semana passada, quase cem agentes da Brigada de Repressão à Grande Delinquência Financeira, incluindo 25 especialistas em informática, entraram na sede do Google em Paris.
O objetivo da operação foi apreender elementos que comprovassem a denúncia do Ministério Público francês, que acusa a empresa de estar envolvida em fraude fiscal grave e em lavagem de dinheiro.
De acordo com o Ministério Público, o Google estaria omitindo do fisco uma parte de sua atividade em território francês, resultando em "falta com obrigações fiscais, em especial o imposto sobre empresas e o imposto sobre valor agregado".
A investigação resultou na coleta de terabytes de dados na sede francesa da empresa. De acordo com o procuradora financeira Éliane Houlette, a análise destas informações pelos investigadores poderia levar anos.
"Espero que esta análise não dure vários anos, pois temos recursos muito limitados", disse Éliane em entrevista à radio Europe 1.
Desde 2011, o Google é alvo de uma investigação destinada a apurar transferências feitas entre as operações francesa e europeia da empresa.
A sede europeia está na Irlanda - a empresa teria sido atraída pelo imposto de 12,5% cobrado no país, contra os 33,33% da França. A suspeita é de que a empresa realiza na Irlanda apenas atividades marginais, como a gestão financeira, realizando em outros países europeus suas atividades-fim.
O Google France deveria se limitar à venda de publicidade e à manutenção de centros de pesquisa científica e cultural, mas o Ministério Público francês suspeita que várias outras atividades sejam exercidas a partir de Paris.
O Google, por sua vez, afirma que não faz negócios na França, mantendo apenas um escritório e uma equipe de marketing, mas nenhuma atividade de vendas.
Em nota, o Google ainda manifestou que respeita a legislação francesa e que está cooperando com as autoridades para responder a todas as questões.