Cálculo da Minerva Foods indica que o preço pago pelo boi gordo está entre 14 e 15 % mais baixo se comparado aos valores praticados na Austrália e Estados Unidos (Mitchell/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 28 de maio de 2013 às 19h45.
São Paulo - O abate de bovinos no Brasil deverá crescer entre 7 e 8 % em 2013 na comparação com 2012, disse nesta terça-feira um executivo do Minerva, terceiro maior processador de carne bovina do país.
O aumento de abate reflete o momento favorável do mercado, com consumo doméstico sustentado dando ao setor a possibilidade de garantir margens. Além disso, as exportações estão firmes.
"Em 2012, teve forte em recuperação de margem. Em 2013, já voltou a patamares anteriores (com margens mais ajustadas), mas ainda é boa", afirmou o gerente da área de mercado da Minerva Foods, Fabiano Tito Rosa, durante um evento promovido pela BM&FBovespa e o Ministério da Agricultura em São Paulo.
O executivo não divulgou números absolutos para o abate.
Sondagem realizada pela Thomson Reuters junto a participantes do evento apontou que o abate de bovinos deverá somar 38,5 milhões de cabeças em 2013.
Em relação ao mercado externo, o executivo ponderou que o Brasil segue competitivo em relação aos concorrentes.
Cálculo da Minerva Foods indica que o preço pago pelo boi gordo está entre 14 e 15 % mais baixo se comparado aos valores praticados na Austrália e Estados Unidos.
Normalmente, o valor da arroba do boi gordo representa 80 % do custo de produção da carne. Ele observou que a Austrália recuperou parte de sua competitividade recentemente, após uma seca no país que levou os pecuaristas locais a elevar o abate, aumentando a oferta.
"Eles acabaram entrando em outros mercados, como a China, que pagam menos", disse o executivo, ponderando que se trata de uma situação pontual por conta da questão climática.
Levantamento da Minerva indica ainda que o Brasil elevou participação no mercado global de carne bovina no primeiro trimestre para 28 %, ante 23 % em igual período do ano passado.
"As exportações têm puxado, vimos um crescimento no acumulado dos últimos doze meses. Tanto é que o Brasil está ganhando market share", disse.
Concentração
Questionado sobre um avanço da concentração na indústria frigorífica do Brasil, Tito Rosa afirmou que a empresa ainda não vê concentração expressiva no setor. Ele estima o abate dos três maiores frigoríficos do Brasil em cerca de 11 milhões de cabeças, ou cerca de 30 % do total abatido anualmente no país.
Segundo ele, esse processo de concentração ganhou força depois das aberturas de capitais, a partir de 2007.
"A gente não vê influência da concentração do setor na formação de preço. São os desequilíbrios de oferta e procura que continuam formando os preços no físico", disse o executivo.