Thiago Assis, da Stoque: vamos investir R$ 20 milhões para fortalecer o crescimento orgânico (Stoque/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 19 de dezembro de 2023 às 09h21.
Última atualização em 19 de dezembro de 2023 às 10h58.
A Stoque, empresa de automação para processos e digitalização de documentos de Minas Gerais, está avançando na construção da tese iniciada em 2019, quando foi comprada pela Kinase Investments. O novo capítulo é introduzir mais camadas de tecnologia para acelerar a gestão digital de documentos em novas frentes.
Após um namoro de três anos, a mineira adquiriu a Zeev, uma plataforma de low-code de São Paulo. Essa tecnologia funciona como uma espécie de lego e permite que os clientes façam os encaixes tecnológicos.
Os modelos podem ser usados na construção de softwares, aplicativos e outras ferramentas de gestão, a partir de poucos cliques e movimentos de mouse. Aos clientes, o sistema dá agilidade e diminui a necessidade de profissionais de desenvolvimento, um perfil escasso no mercado global.
“Esse foi um processo que se deu muito como parte dessa estratégia de aumentar a nossa presença no mercado de automação inteligente e de avançar com a nossa unidade de produtos digitais”, afirma Thiago Assis, fundador da Kinase Investments e CEO da Stoque desde a compra em 2019 por R$ 74 milhões.
A Kinase é fundo de busca (search fund), uma modalidade ainda incipiente no Brasil. É uma estrutura em que um time ou profissional capta recursos com investidores para a compra de um negócio com potencial de crescimento.
Feita a aquisição, o "searcher" assume a liderança da empresa e implementa a nova tese, procurando potencializar os resultados. Obtidos os ganhos esperados, o próximo passo, geralmente, é a venda do ativo.
A integração dos dois negócios cria uma empresa com 450 funcionários e aproximadamente 500 clientes, como Banco Bmg, TIM, JHSF, Unimed e Sympla. Para 2024, a expectativa é de que a nova estrutura alcance uma receita de R$ 125 milhões.
A projeção combina os benefícios estimados com a integração entre as tecnologias e ampliação dos mercados atendidos. A Stoque cresceu vendendo os serviços para grandes bancos e fintechs, empresas de educação e da indústria gráfica; ao passo que a paulistana Zeev tem como fortaleza clientes de serviços, indústria e varejo.
Os valores da negociação não foram revelados. Além de dinheiro, a transação envolveu a troca de ações e quatro dos seis sócios da Zeev permanecerão na operação. A quantidade numerosa de sócios se deve ao fato de a Zeev ser resultante de uma fusão entre a SML Brasil e a Cryo em 2016.
Os sócios remanescentes da Zeev vão liderar uma divisão de produtos digitais, conectando um produto que a Stoque já tinha em casa às soluções da Zeev.
Para o ano que vem, a expectativa é de que a unidade movimente R$ 40 milhões e represente cerca de 35% de todo o negócio. Hoje, gira apenas 10% de toda a receita.
O modelo é uma plataforma SaaS que permite aos clientes a captura das imagens dos documentos, armazenagem em nuvem e assinatura de documentos digitais.
A Stoque tem outras duas verticais:
“Com a aquisição da Zeev, nós damos mais um passo no desenvolvimento da nossa estratégia e esperamos que, para o ano que vem, cerca de 65% da receita já venha do negócio de automação digital”, afirma Assis.
Em 2019, quando a Stoque foi comprada, o processamento inteligente representava 20% e a operação de dados legados 80%.
Essa primeira aquisição deve ser seguida por novos anúncios ao longo do tempo, como um caminho para mover os pontos do negócio em ritmo mais acelerado.
Em paralelo, a empresa prevê investimentos de R$ 20 milhões para fortalecer o crescimento orgânico, com o desenvolvimento de produtos e aquisição de equipamentos para a divisão de dados legados. Os valores não incluem potenciais investimentos da Zeev.
A ambição é que a conjunção entre o orgânico e inorgânico faça a companhia dobrar de tamanho em 2027, faturando R$250 milhões.
A Stoque também começou a olhar para uma potencial internacionalização. Em fase de testes, a empresa está oferecendo os seus serviços a partir de um distribuidor no México. A depender dos resultados, a ideia é avançar por outros territórios da América hispânica.