(Smartbreeder/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 30 de abril de 2024 às 04h55.
Última atualização em 30 de abril de 2024 às 09h53.
A festa de debutante da Smartbreeder ganhou um novo sabor e motivação. A startup, criada em 2009, acaba de receber o seu maior cheque em captação: o valor de US$ 3 milhões - pouco mais de 15 milhões de reais na cotação atual. O investimento veio pela EcoEnterprises Fund, gestora que há mais de 25 anos investe em negócios ligados à preservação da biodiversidade e sustentabilidade.
Os recursos irão irrigar os movimentos da Smartbreeder a novos mercados, como milho, soja e algodão. Ao longo dos últimos quinze anos, a agtech, criada em Piracicaba, no interior Paulista, fez uma trajetória oferecendo os seus serviços para o setor de cana-de-açúcar.
A startup atua no monitoramento do solo, plantios, gestão e controle de pragas e manejo de culturas. Os clientes, mais de 25.000 fazendas cadastradas, estão distribuídos em seis estados brasileiros e compreendem uma área de 3 milhões de hectares.
Para entregar o serviço, a Smartbreeder usa tecnologias como IA, aprendizado de máquina e big data combinadas à agronomia, bioestatística, ecoinformática e sistemas de modelagem para cada perfil de fazendas atendidas.
As informações são obtidas a partir de sensores, dados satelitais e coletas por aviões e tratores, entre outros. Aos usuários, ficam disponíveis em aplicativos e dashboards (painéis de informações digitais).
Os porquês do modelo são mais antigos que a startup e começam nos anos 1990. Engenheiro agrônomo, Éder Giglioti, fundador e CEO da Smartbreeder, tem relação longa com a cana-de-açúcar, iniciada com a sua participação ao longo de 10 anos em um programa de melhoramento e sequenciamento genético da espécie na UFSCAR.
Os estudos ajudaram também no desenvolvimento de variedades mais resistentes, algumas das quais estão entre as mais plantadas na região centro-sul do país.
O projeto gerou o que viria a ser a primeira startup de Giglioti, a Canavialis, um negócio de melhoramento genético da cana financiado pelo Grupo Votorantim e adquirido anos depois pela Monsanto - em 2015, a Canavialis foi descontinuada pela companhia, que decidiu foco no mercado de sementes.
Quando saiu da operação, o empreendedor decidiu criar um novo negócio, a Smarbreeder. A startup faturou R$ 20 milhões no ano passado e prevê crescimento de 30% em 2024, taxa similar à que registra desde 2018.
Em participação, o controle de pragas é a solução mais comercializada e representa em torno de 65% da receita. “Com redução de custos de monitoramento e diminuição de perdas, nós calculamos que apenas com controle de pragas e nutrição foliar evitamos mais de R$ 3 bilhões em perdas nos últimos cinco anos”, Giglioti.
Os 35% restantes estão divididos por serviços como estimativa de safra, manejo do solo e previsibilidade climática. O objetivo é ampliar o uso desses serviços na indústria de cana, elevando o tíquete médio.
Mas a expectativa maior é com as novas fronteiras a explorar, uma área estimada em mais de 70 milhões de hectares - considerando as culturas somadas de soja, milho e algodão.
A Smartbreeder passou dois anos fazendo uma prova de conceito em uma área de quase 100.000 hectares de grãos e fibras para mostrar que suas tecnologias funcionam e são escaláveis em qualquer cultura.
“Estamos muito preparados e precisamos dar o próximo passo: pegar o mercado”, diz. “Nós estruturamos esse projeto e levamos todos os nossos serviços para, em termos de objetividade e competitividade, chegarmos com força de entrada nesses mercados”.
A startup também quer usar parte dos recursos recém-captados para iniciar o processo de internacionalização, entrando nos Estados Unidos, América Central e Colômbia ainda neste ano. O caminho deve ser semelhante ao experimentado no mercado de grãos e fibras: começar com provas de conceito para ganhar terreno - e mostrar os ganhos em produtividade e sustentabilidade.
Clique aqui para inscrever sua empresa no ranking EXAME Negócios em Expansão 2024