Paris - A fabricante francesa de pneus Michelin anunciou nesta segunda-feira a intenção de comprar, por 440 milhões de euros, a empresa brasileira Sascar, especializada na gestão pela internet de frotas de caminhões.
Com a aquisição, a Michelin pretende aumentar as vendas de serviços e pneus no mercado brasileiro, onde quase todo o tráfego de mercadorias acontece por estradas.
Além disso, pretende duplicar os resultados da futura filial a nível internacional, em particular em outros países da América Latina.
"A Michelin se beneficiará da base de clientes e de concorrência desenvolvidas pela Sascar em um mercado em rápido crescimento para frotas profissionais de caminhões e vai poder, assim, acelerar o desenvolvimento de suas atividades no mundo inteiro", afirmou o presidente do grupo, Jean-Dominique Senard.
"Isto nos permitirá reforçar um importante eixo de crescimento para o grupo", completou Senard.
A Sascar está muito presente no mercado dos pequenos transportadores independentes, que têm papel essencial no transporte de mercadorias no Brasil, com 33.000 frotas de empresas, que representam 190.000 caminhões.
Com 870 funcionários, a empresa de São Paulo gerou no ano passado um volume de negócios de 91 milhões de euros, com forte rentabilidade operacional (uma margem antes de juros e impostos que representa 37% das vendas em 2013).
Nos últimos três anos, a Sascar registrou crescimento médio da atividade de 16% ao ano, segundo a Michelin.
Além dos 440 milhões de euros do preço da compra, a Michelin assumirá a dívida de 80 milhões de euros, o que eleva o valor da Sacar a 520 milhões, um preço ainda sujeito a ajustes, segundo a empresa.
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1/6 (Wikimedia Commons)
São Paulo – Regadas a champanhe e otimismo,
aquisições sempre são vistas como belas oportunidades de expandir os negócios, melhorar os resultados e, enfim, facilitar a vida da empresa de alguma maneira. Difícil é assumir que, algumas vezes, era melhor não ter comprado nada, em vez de levar para a empresa um negócio problemático e – talvez, sem solução. Veja a seguir cinco casos em que boas compras viraram grandes dores de cabeça para os novos donos.
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2. Tenda pela Gafisa
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2/6 (Diulgação)
No ano passado, a
Gafisa perdeu mais da metade de seu valor de mercado, sendo agora avaliada em cerca de 2 bilhões de reais. Com um patrimônio líquido 75% maior que o valor em bolsa, a companhia está hoje à venda, graças ao descrédito dos investidores, conforme antecipou o
blog Faria Lima, de EXAME.com. Uma das causas dos maus resultados, segundo os analistas, é a compra da Tenda, em outubro de 2008. Na época, a companhia mineira tinha uma dívida de 73 milhões de reais e uma operação deficitária voltada para imóveis de baixo custo. Já nas mãos da Gafisa, a Tenda não deu lucro até hoje. Segundo a própria companhia, a rentabilidade dos projetos da Tenda é próxima de zero, quando deveria ser de até 15% pelas projeções feitas no momento da compra. Os motivos vão desde má administração da venda dos apartamentos da marca até as dificuldades encontradas pelo mercado no ano passado, com o aumento dos custos bem superior aos planejados pelas construtoras.
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3. Sendas pelo Pão de Açúcar
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3/6 (Divulgação Casino)
Quando a rede de supermercados Sendas foi comprada por Abílio Diniz, em dezembro de 2003, a ideia era ampliar os ganhos com a ajuda da nova marca. Mas não foi isso o que o empresário paulistano colocou em seu carrinho. A empresa criada com a fusão tinha 60% de suas ações com o
Pão de Açucar e as demais em poder de Arthur Sendas, com o direito de vendê-las ao grupo de Abílio no caso de mudança de controle. O impasse começou em 2005, depois que o Casino fez um aumento de capital no grupo de Diniz. Sendas exigia a compra das ações e Abílio se recusava a comprar, pois defendia que o controle não havia sido alterado. A depreciação do Sendas, a partir da gestão Pão de Açúcar, só azedava a discussão. Assim que assumiu a companhia, o empresário empreendeu uma ampla reforma nas lojas e um programa rígido de corte de custos – em 2003, o Sendas registrava um prejuízo de 163 milhões de reais. O desfecho só chegou há um ano, quando o grupo Pão de Açúcar comprou as ações remanescentes por 377 milhões de reais.
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4. Inalca pela JBS
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4/6 (Leonardo Colosso)
No final de 2007, o
JBS Friboi pagou 225 milhões de euros no aumento de capital da empresa italiana Inalca, controlada pelo grupo Cremonini. Com 50% das ações em mãos passou, então, a travar uma batalha para participar da administração da companhia. Acontece que o grupo italiano não queria dividir o poder de forma alguma, a ponto de o JBS ter de recorrer pelo menos quatro vezes aos tribunais italianos, com o objetivo de conseguir nomear diretores para a empresa. O desfecho da história veio apenas em meados do ano passado, quando a Cremonini usou o argumento de que, pela lei italiana, o JBS não teria esse direito – executivos da brasileira chegaram a ser barrados na portaria da Inalca e a direção italiana recusava-se a fornecer informações sobre a operação. A solução, depois de tanto tempo e esforços gastos para nada, foi devolver as ações, que representavam cerca de 2% do faturamento global da JBS. Como indenização, a companhia recebeu 218 milhões de euros referentes aos 50% de participação que mantinha na joint-venture.
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5. Varig pela Gol
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5/6 (Wikimedia Commons)
Quando comprou a Varig por 320 milhões de dólares, em 2008, Constantino Júnior, da
Gol, esperava que a aquisição de uma empresa tão emblemática fosse um passo crucial para a conquista da liderança do setor. Estava errado. A empresa até hoje não correspondeu às expectativas da nova dona e estima-se que a Gol já tenha gasto mais de 1 bilhão de reais com a incorporação – além do risco de ter que desembolsar outros vários bilhões no pagamento de dívidas antigas da Varig. Os compromissos assumidos com a compra, além de mudanças do cenário setorial no país, fizeram com que a Gol amargasse dívidas recordes em 2008. Para piorar, a operação de venda da Varig foi alvo de denúncias de favorecimento por parte do governo. Atualmente, depois de integrar as operações com a Varig, a Gol trabalha para ampliar o programa de milhagem Smiles, herança da adquirida. E já tomou folego financeiro suficiente para adquirir a Webjet, em junho do ano passado.