Santander: 193.349 funcionários no mundo atendem mais de 102 milhões de clientes (Pedro Armestre/AFP)
Tatiana Vaz
Publicado em 31 de janeiro de 2012 às 15h00.
São Paulo - O Santander divulgou hoje resultados que foram além dos esperados pelos analistas brasileiros: tanto de maneira negativa quanto positiva. No mundo, o banco espanhol obteve lucro líquido de 5,3 bilhões de euros em 2011, 35% menos do que em 2010, resultado ainda pior que esperado com o agravo da crise financeira espanhola. Mas o fato de metade dos resultados terem vindo das operações latinas, em especial, da brasileira, também surpreendeu.
“Sabíamos que o resultado seria esse, mas não nessa proporção, que significa mais investimento e atenção às operações brasileiras do banco”, afirma Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating.
Em todas as regiões em que atua o banco teve queda de lucro. Na América Latina, região onde ganhou 4,6 bilhões de euros, o resultado ficou 1,4% abaixo que o ano anterior. No Brasil, o lucro líquido ajustado foi de 6,661 bilhões de reais, 6,2% menor na comparação anual – mas o suficiente para responder por metade dos 12,3 bilhões de reais obtidos no mundo.
O que isso significa na prática? “Mais investimentos para a operação no Brasil e na América Latina, em vez de Estados Unidos e Europa”, diz o especialista. Com as quedas de lucro, explica, o Santander deve procurar alternativas de melhorar suas margens com corte de custos e despesas. O que inclui pessoas. “Cortes que não devem acontecer por aqui”, diz ele. Ao todo, trabalham no Grupo Santander 193.349 pessoas, atendendo a mais de 102 milhões de clientes em 14.756 escritórios.
“Os números no Brasil são bons, mas ainda deixam o banco longe dos bons resultados do Itaú e Bradesco”, diz Rodrigues, que acredita que falta ao banco uma especialização para competir de igual com os concorrentes. “O Santander tem menos agência e oferece vários serviços, sem ser líder em nenhum segmento, fato que o banco deve reverter para continuar a crescer por aqui.”
De acordo com o executivo, a operação brasileira deve trazer resultados melhores a partir do segundo semestre deste ano, quando a integração com o ABN Amro, comprado em outubro de 2007, deve ser concluída.