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Metade das maiores CEOs do mundo é loira – e há um motivo

Representatividade está acima da ocorrência natural de cabelos claros em adultos – no mundo todo os loiros não passam de 2% e, nos EUA, de 5%

Marissa Mayer, presidente do Yahoo: loiras podem ter mais chance de se tornarem líderes, diz pesquisa (Thinkstock/Thinkstock)

Marissa Mayer, presidente do Yahoo: loiras podem ter mais chance de se tornarem líderes, diz pesquisa (Thinkstock/Thinkstock)

Luísa Melo

Luísa Melo

Publicado em 1 de outubro de 2016 às 08h01.

Última atualização em 13 de abril de 2018 às 10h25.

São Paulo - Entre as mulheres que comandam as maiores empresas do mundo, reunidas no índice S&P 500, 48% são loiras. Mais de um terço das senadoras dos Estados Unidos (42%) também.

Essa representatividade está bem acima da ocorrência natural de cabelos claros em adultos – no mundo todo os loiros não passam de 2% e, nos Estados Unidos, de 5%, segundo as pesquisadoras Jennifer Berdahl e Natalya Alonso, da University of British Columbia, do Canadá.

Para elas, essa disparidade não ocorre por acaso. "Se as mulheres estão optando por descolorir seus cabelos, existe alguma estratégia nessa escolha", disse Jennifer ao The Huffington Post.

De acordo com um estudo conduzido pelas duas professoras, os motivos passam por quatro pontos [alguns bastante sexistas]: questões raciais, de "atratividade", de "bondade" e de juventude.

O primeiro é óbvio: cabelos loiros (e também olhos azuis) são naturais de pessoas brancas – e elas chegam ao topo com muito mais frequência que as demais.

O segundo, explica Jeniffer em seu blog, é que loiras costumam ser vistas pelos homens como mais atraentes e sexys do que outras mulheres e, por isso, podem ter mais chances de se tornarem líderes.

O terceiro diz respeito ao que a pesquisadora chama de efeito "Glinda, a bondosa", em referência à bruxa boa (e loira) do clássico O Mágico de Oz. As mulheres de cabelos claros tendem a ser vistas como mais gentis que as demais.

Já o quarto se refere à idade. Cabelos loiros, em especial os platinados, são mais comuns em crianças e, normalmente, vão escurecendo com a idade.

"Talvez tudo indique que as mulheres que se encaixam no ideal feminino da cultura norte-americana, de ser branca, loira, atraente, jovem e eficiente, tem mais probabilidade de atingir a liderança do que mulheres menos 'ideais', ainda que esse ideal tenha pouco a ver (ou seja visto como inversamente relacionado) à competência", escreveu Jennifer.

De acordo com a pesquisa, o alto índice de loiras entre as maiores executivas do mundo não contradiz o estereótipo da "loira burra", mas sim se aproveita dele.

"Se a 'embalagem' é feminina, 'desarmadora' e infantil, você consegue passar despercebido com um comportamento mais assertivo, independente e tido como 'masculino'", afirma.

Os resultados preliminares do estudo sugerem que a alta incidência de loiras na chefia das empresas tem relação com o chamado "efeito ursinho de pelúcia" para homens negros, que os faz serem vistos mais como mais acolhedores, inocentes e confiáveis.

"O cabelo loiro pode cumprir esse trunfo de desarmar para as mulheres", escreveu Jennifer.

Mas isso não quer dizer, evidentemente, que as CEOs loiras pintam seus cabelos com o objetivo consciente de "driblar" o julgamento alheio.

De onde veio a conclusão

Para chegarem a essas conclusões, Jennifer Berdahl e Natalya Alonso conduziram três pesquisas com cerca de 100 homens.

Nos dois primeiros, elas confirmaram estereótipos: os entrevistados classificaram tanto as mulheres loiras quanto as morenas como atraentes, mas as de cabelo claro foram citadas como menos competentes e independentes.

Na sequência, os participantes observaram fotos da mesma mulher com cabelo claro e escuro. Quando questionados sobre qual das versões eles recomendariam para presidente de uma empresa ou para o Senado, a maioria deles escolheu morena porque "ela é inteligente, profissional e séria".

No último teste, os homens tiveram que avaliar mulheres com um estilo de liderança dominante, que diziam frases como "minha equipe sabe quem manda aqui".

Quando a afirmação era atribuída a uma morena, ela era duramente julgada nos quesitos acolhida e atratividade.

Para as loiras, a avaliação foi melhor.  "A mesma mulher muda a cor do cabelo de loiro para moreno e é vista como uma vadia", contou Jennifer ao Huffington.

"Em outras palavras, a Barbie pode ser CEO, desde que ela seja jovem e/ou doce, ou ser loira permite que ela seja mais velha e forte do que conseguiria por outra forma", escreveu a pesquisadora no blog.

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