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Mercado Livre se une a rival para conquistar o seu dinheiro

Criado para facilitar as compras e vendas dentro do comércio eletrônico da companhia, o Mercado Pago expande sua atuação para fora do marketplace

Área interna para café do Mercado Livre (Mercado Livre/Divulgação)

Área interna para café do Mercado Livre (Mercado Livre/Divulgação)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 13 de março de 2019 às 10h00.

Última atualização em 13 de março de 2019 às 10h00.

Com um novo aporte bilionário, o Mercado Livre investe cada vez mais em meios de pagamento. A empresa acaba de levantar 1,85 bilhão de dólares de recursos em ofertas de capital, para investir, principalmente, em seu marketplace e em sua divisão financeira, Mercado Pago.

Cerca de 1,15 bilhão de dólares foi levantado no mercado de ações. Em paralelo com essa capitalização, a empresa já estava em conversas com o fundo de investimento Dragoneer, que já investiu em empresas como Uber, Nubank e Spotify, e com a empresa de pagamentos PayPal.

O fundo aportou 100 milhões de dólares na companhia e o PayPal, 750 milhões de dólares. Com o aporte, o Paypal passa a ser acionista minoritário do Mercado Livre, com cerca de 3% em participação.

Mercado Pago e PayPal são concorrentes diretos: ambos atuam em meios de pagamento digitais e transferências entre contas. A norte-americana, líder do setor de pagamentos digitais, é muito maior que sua rival. Em 2018, mais de 18 bilhões de dólares foram transacionados pelos meios de pagamento do Mercado Pago, alta de 70%. Por outro lado, 578 bilhões de dólares passaram pelos meios de pagamento do PayPal pelo mundo, crescimento de 27%.

Mas o grande foco está nos usuários da América Latina. O Mercado Livre tem 37,4 milhões de compradores e 10,8 milhões de vendedores com pelo menos uma movimentação no último ano em sua plataforma. No marketplace, 91% de todas as transações são feitas usando o Mercado Pago e há 2,5 milhões de usuários na sua carteira digital.

Já a rival tem 3,5 milhões de contas ativas no Brasil e 9,9 milhões na América Latina. O número de usuários do PayPal na região é pequeno perto das 267 milhões de contas ativas que a empresa tem pelo mundo. Por isso, com o aporte, o PayPal ganha uma posição importante no mercado latino-americano.

“Ficamos impressionados com o ecossistema de comércio digital e pagamentos que Marcos (Galperin, CEO do Mercado Livre) e sua equipe criaram", diz Dan Schulman, presidente do PayPal, em comunicado.

União das rivais

Apesar de concorrentes, as duas companhias buscam juntar forças. "Sim, somos concorrentes. Mas existem muitas oportunidades de colaboração e o objetivo é fazer isso acontecer", afirma o diretor de operações do Mercado Livre, Stelleo Tolda, para EXAME. O PayPal não concedeu entrevista.

Por enquanto, não há muita definição de como essa parceria deve se desenrolar. A ideia é trocar conhecimentos em tecnologia e experiências em produtos financeiros e inteligência artificial, para desenvolver novos serviços.

Criado para facilitar as compras e vendas dentro do comércio eletrônico da companhia, o Mercado Pago expande sua atuação cada vez mais para fora do marketplace, com meios de pagamento digitais, maquininhas, pagamento por QR code e oferta de crédito.

Com a parceria com o PayPal, nada deve mudar para o consumidor ou lojista a princípio. "O usuário final vai se beneficiar a medida em que nossa rede de serviços financeiros cresce", diz Tolda.

Cada vez mais, o Mercado Pago deve se descolar do marketplace. Isso porque o comércio eletrônico representa apenas 4% de todas as vendas feitas no varejo. “Quando se fala em meios de pagamentos, o mercado offline é muito maior”, afirma Tolda.

Com a abertura de sua atuação, a empresa também ganha novos concorrentes, como Cielo, Rede e Pagseguro. Mas, com o novo aporte bilionário, ela mostra que tem força para enfrentá-los.

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