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Mercado Livre investirá R$3 bi no Brasil, de olho em pagamento e logística

O maior foco da companhia argentina é seu braço de pagamentos, o Mercado Pago, hoje a principal locomotiva de crescimento da empresa

Marcos Galperin, presidente e cofundador do Mercado Livre: investimento de 3 bilhões de reais no Brasil em 2020 (Germano Lüders/Exame)

Marcos Galperin, presidente e cofundador do Mercado Livre: investimento de 3 bilhões de reais no Brasil em 2020 (Germano Lüders/Exame)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 16 de outubro de 2019 às 15h00.

Última atualização em 16 de outubro de 2019 às 15h00.

O Mercado Livre “com certeza” vai investir mais de 3 bilhões de reais no Brasil no próximo ano, com foco em serviços financeiros e logística, disse o diretor de operações Stelleo Tolda.

O Mercado Livre, pioneiro em comércio eletrônico na América Latina, agora avaliado em 28 bilhões de dólares, planeja investir mais em sua unidade de serviços financeiros e pagamentos, enquanto abre mais centros de distribuição e busca parcerias para reduzir ainda mais o prazo de entrega, disse Tolda em entrevista no escritório da Bloomberg em São Paulo.

A projeção preliminar para os desembolsos no próximo ano seguem investimentos de 2 bilhões de reais no Brasil no ano passado e 3 bilhões de reais neste ano. Com o acirramento da concorrência de empresas como Amazon.com e varejistas locais como Magazine Luiza e B2W, o Mercado Livre está defendendo sua participação de mercado de cerca de 33% e procurando fazer com que os clientes procurem mais seus serviços nas compras do dia-a-dia e na hora de pagar suas contas, inclusive fora da internet, disse Tolda.

“A gente ainda acredita muito no potencial de crescimento desse negócio, então ainda é cedo pra gente buscar só rentabilidade”, disse Tolda, que conheceu o fundador do MercadoLibre, Marcos Galperin, na Universidade de Stanford, no final dos anos 90 e lidera os negócios no Brasil desde o começo há 20 anos.

O Mercado Livre, com sede em Buenos Aires, mas operações em 18 países e ações negociadas em Nova York, oferece entrega no mesmo dia em São Paulo e quer expandir sua entrega no dia seguinte para pelo menos 16 cidades em 2020.

Atualmente, a empresa opera dois centros de distribuição perto de São Paulo e abrirá galpões em outras regiões, para acelerar seus prazos de entrega em um país de proporção continental.

O comércio eletrônico brasileiro mais que dobrou entre 2013 e 2018, chegando a movimentar R$ 68,8 bilhões, e deve quase duplicar de tamanho até 2023, segundo e empresa de pesquisa de mercado Euromonitor International.

O foco mais recente da empresa é o mercado de rápido crescimento das fintechs, que corteja grande parte da população sem contas bancárias.

A plataforma de pagamentos Mercado Pago é atualmente a principal locomotiva de crescimento da empresa. O número de transações mais que dobrou em relação ao ano anterior no segundo trimestre, com um aumento de valor de 47%, chegando a 6,5 bilhões de dólares. Isso se compara aos 3,4 bilhões de dólares em valor bruto de mercadorias do marketplace.

“A gente vê oportunidade não só em pagamentos, mas de uma forma integrada em todos os serviços financeiros, inclusive de crédito, investimentos e eventualmente seguros”, disse Tolda. “O Mercado Pago também é o meio pelo qual deveremos ter uma recorrência maior na vida das pessoas”.

O Mercado Livre precisa investir em marketing para a marca Mercado Pago, procurar empresas para fornecer soluções de pagamento e também pessoas físicas para utilizar sua carteira virtual. Oferecendo pagamento com cartões e códigos QR, o Mercado Pago já fechou acordos com uma grande variedade de lojas físicas no Brasil, como postos de gasolina, farmácias e o metrô de São Paulo.

O Mercado Livre, que completou 20 anos de operações, não planeja separar a unidade de produtos financeiros, já que vê o negócio como uma maneira de aumentar a interação com os clientes e atrair compradores para sua plataforma de comércio eletrônico, disse Tolda. Atualmente, o consumidor médio brasileiro de comércio eletrônico compra um item por mês e o Mercado Livre deseja aumentar essa frequência de compras para pelo menos uma vez por semana, disse Tolda.

A empresa abriu recentemente novas categorias de moda sem gênero e produtos sustentáveis ​​em sua plataforma de comércio eletrônico para atrair consumidores mais jovens. A empresa também planeja expandir sua entrega no dia seguinte para 16 grandes cidades, das oito atualmente, após fechar acordo com a unidade de carga da companhia aérea Azul, o que poderia ajudar a reduzir sua dependência das agências de correios do país.

O Mercado Livre acumula alta de 93% no ano para 566 dólares por ação na Nasdaq em comparação a 18% para a Amazon, 28% para o grupo Alibaba e 39% para o eBay.

Depois de levantar 1,9 bilhão de dólares no início deste ano, em grande parte com um investimento do PayPal, o Mercado Livre está se concentrando em investir em seus principais negócios, em vez de em quaisquer novas aquisições ousadas, de acordo com Tolda. Estão em andamento negociações com o PayPal sobre como colaborar em várias áreas, apesar de serem concorrentes.

“O modelo deles é um modelo de pagamento online tradicional e nós estamos vendo até mais potencial offline do que online” com o Mercado Pago, disse Tolda. “É um caminho interessante, essa ideia de ‘frenemy’ que está tão presente no mercado de tecnologia.”

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