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Mercado de franquias cresce 13,5% e fatura de R$ 273 bilhões em 2024

Mesmo com o faturamento em alta, a expansão das redes de franquias desacelerou, mostra levantamento da ABF

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 5 de fevereiro de 2025 às 15h25.

Última atualização em 5 de fevereiro de 2025 às 15h46.

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O setor de franquias no Brasil fechou 2024 com um crescimento de 13,5%, movimentando R$ 273 bilhões. O número superou a previsão da Associação Brasileira de Franchising (ABF), que esperava uma alta de 10%. A entidade divulgou os dados nesta quarta-feira, 5.

O crescimento das franquias foi puxado por um conjunto de fatores. A expansão para o interior, o avanço da digitalização e a busca por eficiência operacional ajudaram a manter o setor aquecido.

“O mercado de trabalho forte e mais dinheiro circulando impulsionaram o faturamento do franchising. Mas esse resultado só foi possível porque as redes ajustaram suas operações e ofertas aos consumidores”, diz Tom Moreira Leite, presidente da ABF.

Mesmo com o faturamento em alta, a expansão das redes de franquias desacelerou. O Brasil fechou 2024 com 3.300 marcas franqueadoras, praticamente o mesmo número do ano anterior. O total de unidades em operação chegou a 197.709, um crescimento tímido de 0,9%.

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Os segmentos que mais cresceram em 2024

O setor de entretenimento e lazer registrou a maior alta, com crescimento de 16,6%. A demanda reprimida da pandemia e a melhora do mercado de trabalho levaram mais consumidores a buscar experiências fora de casa. O movimento se refletiu em redes de parques indoor, trampolins, brinquedos interativos e até máquinas de pelúcia, que tiveram forte presença nos shoppings.

O segmento de saúde, beleza e bem-estar veio logo atrás, crescendo 16,5%. O envelhecimento da população, o avanço da telemedicina e o aumento da preocupação com estética impulsionaram o setor. Redes de clínicas de estética, beauty techs e empresas focadas em suplementos e produtos naturais se destacaram.

A alimentação também manteve sua força, mas com variações entre os segmentos. As franquias de food service cresceram 16,1%, beneficiadas pelo retorno ao trabalho presencial e pelo aumento do consumo de indulgência, como sorvetes e doces. Já as redes de comércio e distribuição de alimentos cresceram 14,7%, impulsionadas pelo aumento da massa salarial e pela busca por produtos de maior valor agregado.

SegmentoCrescimento em 2024
Entretenimento e Lazer16,6%
Saúde, Beleza e Bem-Estar16,5%
Alimentação – Food Service16,1%
Alimentação – Comércio e Distribuição14,7%
Moda12,3%
Serviços e Outros Negócios11,8%
Casa e Construção10,9%
Comunicação, Informática e Eletrônicos9,2%
Educação8,7%
Hotelaria e Turismo7,5%
Limpeza e Conservação6,8%
Serviços Automotivos5,9%

Contratação segue como desafio

A dificuldade de abrir novas operações reflete um cenário econômico mais apertado. Com crédito caro e consumo instável, franqueadores priorizaram a eficiência operacional em vez de uma expansão agressiva. Algumas marcas optaram por fechar unidades menos rentáveis, enquanto outras adiaram planos de crescimento.

No mercado de trabalho, o avanço também foi modesto. O franchising emprega 1,7 milhão de pessoas, uma alta de 1%no ano. Mas a ABF aponta que a dificuldade de encontrar e reter mão de obra qualificada continua sendo um problema. Com o mercado de trabalho aquecido, franqueados enfrentam mais desafios para preencher vagas e manter funcionários.

Crédito caro e incerteza econômica preocupam

O maior obstáculo para o franchising em 2025 pode ser o acesso ao crédito. Com a taxa Selic ainda elevada, o financiamento para franqueados e novos investidores ficou mais caro e restrito.

“A atuação em rede traz vantagens como ganho de escala e compartilhamento de boas práticas, mas os desafios de crédito e consumo precisam ser monitorados”, afirma Tom Moreira Leite, presidente da ABF.

Além dos juros altos, a volatilidade do dólar também preocupa. Mudanças bruscas no câmbio podem aumentar os custos de importação de insumos, afetando segmentos como alimentação e saúde. O setor acompanha ainda o impacto de incertezas globais, que podem influenciar o apetite do consumidor e a capacidade de expansão das redes.

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Ritmo menor em 2025

Diante desse cenário, a ABF projeta um crescimento menor para 2025. A previsão é de 8% a 10% de alta no faturamento, com um aumento de apenas 2% no número de unidades e empregos.

O franchising ainda mantém vantagem sobre o varejo tradicional, mas não está imune às dificuldades econômicas. Com crédito restrito e consumo instável, a expansão das redes pode perder fôlego nos próximos meses.

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