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Menino que vendia velas torna-se bilionário polonês infeliz

Zygmunt Solorz-Zak transformou seu primeiro zloty em uma fortuna superior a US$ 3 bi e um negócio que abrange televisão, celulares, banco e uma concessionária de energia

Consumidor olha celulares em uma loja da Plus GSM, operada pela Polkomtel, uma das empresas do biolionário polonês Zygmunt Solorz-Zak, em Warsaw, na Polônia (John Guillemin/Bloomberg)

Consumidor olha celulares em uma loja da Plus GSM, operada pela Polkomtel, uma das empresas do biolionário polonês Zygmunt Solorz-Zak, em Warsaw, na Polônia (John Guillemin/Bloomberg)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de julho de 2013 às 17h12.

Varsóvia - Em Radom, cidade polonesa mais conhecida pela produção de armas do que por empresários, Feliksa Pietruszka lembra do menino do apartamento vizinho que vendia velas no cemitério.

"Era um bom menino", disse Pietruszka, 85 anos, que ainda vive no mesmo prédio com banheiros externos e fogões a carvão para aquecimento, falando na cozinha onde mal entravam duas cadeiras e uma mesa. "Aquela era apenas uma família normal".

Mais de quatro décadas e três mudanças de nome mais tarde, esse menino, Zygmunt Solorz-Zak, transformou seu primeiro zloty em uma fortuna superior a US$ 3 bilhões e um negócio que abrange televisão, telefones celulares, um banco e uma concessionária de energia. Ao longo do caminho, ele também passou a ser o maior devedor da Polônia à medida que expandia seus empreendimentos para competir com rivais financiados por investidores estrangeiros e criava o mais rápido serviço de internet móvel no país.

Solorz-Zak agora diz que seu objetivo é perder esse título e voltar às suas raízes de só gastar o que tem. Depois de vender um fundo de pensão e uma seguradora no ano passado, ele está cortando empregos na empresa de telefonia móvel Polkomtel para liberar dinheiro e adicioná-lo ao valor de 1 bilhão da zloty (US$ 309 milhões) que reembolsou aos credores no ano passado. Tudo ocorre no momento no qual a economia polaca cresce ao ritmo mais lento em uma década

"Sem dívida nenhuma, isso com certeza", disse Solorz-Zak, 56, este mês, por e-mail, quando questionado sobre como ele vê seu grupo de empresas dentro de uma década. "Eu investindo a maioria do meu dinheiro. É a única maneira que eu conheço".

Nascido em Radom, a 100 quilômetros ao sul de Varsóvia, Solorz-Zak ganhou seu primeiro dinheiro com a venda de "várias coisas", disse ele quando perguntado sobre as velas do cemitério. Sua riqueza é avaliada em US$ 3,5 bilhões, de acordo com o Índice de Bilionários da Bloomberg. Ele é a segunda pessoa mais rica da Polônia, atrás de Jan Kulczyk, que detém participações em empresas de energia.


Solorz-Zak assumiu um montante recorde de dívida para um homem de negócios polonês, há dois anos, quando ele comprou a Polkomtel, a segunda maior operadora de telefonia móvel do país, da Vodafone Group Plc e um grupo de empresas estatais polonesas.

Litígio

A Polkomtel caiu em meio a mais de 50 processos judiciais e arbitrais em todo o mundo entre os coproprietários Vivendi SA, Elektrim S.A. de Solorz-Zak e Deutsche Telekom AG, que ganhou o controle da PTC pagando US$ 1,7 bilhão a Vivendi.

"Solorz-Zak sempre foi contra assumir a dívida, ele ganhou dinheiro para investir mais", disse, em maio, por telefone, Jozef Birka, um advogado que trabalha com o bilionário desde a década de 1980. "Mas para a Polkomtel seu próprio dinheiro não era o suficiente, e depois de uma longa análise, ele optou pelo crédito".

Antes da Polkomtel, Solorz-Zak criou a primeira e maior rede de televisão privada do país, Telewizja Polsat SA. Ele também é proprietário da credora Invest Bank SA e da ZE PAK AS, de energia elétrica.

"Solorz-Zak tinha tudo: oportunidade, além da coragem e da habilidade para seguir em frente", disse Adam Lukojc, que ajuda a administrar 11 bilhões de zloty na Skarbiec TFI AS, em Varsóvia, em 22 de julho. "Agora, em um mercado difícil, ele parece estar se concentrando no que tem. Mas eu não ficaria surpreso se começasse a tentar materializar suas outras ideias".

"Meu objetivo é a cooperação entre as empresas de mídia e telecomunicações: Aí é onde eu vejo o futuro e os bons negócios", disse ele em seu e-mail. "Estamos focando na construção de uma rede rápida de internet para permitir o acesso da maior quantidade possível de poloneses. E que isso seja realizado o mais rápido possível".


A pressão sobre a Polkomtel virá como outros portadores de licitação para frequências polonesas, disse Konrad Ksiezopolski, analista do Espírito Santo Investment Bank, em Varsóvia. A previsão de crescimento econômico da Polônia, este ano, é de 1,1 por cento, segundo o FMI.

"Este projeto está se tornando menos rentável do que o esperado, mas a economia não ajudou muito", disse Ksiezopolski. "O mais importante para Solorz agora é lidar com a dívida".

Tomando empréstimos

O bilionário comprou a Polkomtel porque seu mix de mídia não tinha uma operadora de telefonia móvel que lhe ajudasse a explorar a crescente demanda de telefonia, dados de Internet e serviços de TV.

Na última etapa da transação, Solorz-Zak competiu com ofertas da empresa de private equity Apax Partners LLP e Telenor ASA, a maior empresa de telefonia da região nórdica, disseram na época duas fontes com conhecimento do assunto.

Além do reembolso de 1 bilhão de zloty da dívida no ano passado, os custos dos empréstimos da Polkomtel foram cortados em junho em mais de 100 milhões de zloty por ano depois que a empresa refinanciou 7,95 bilhões de zloty de empréstimos, de acordo com um documento.

"Meu objetivo não é ter um milhão na conta bancária", disse Solorz-Zak. "É provar para mim mesmo que eu consegui o que eu havia planejado".

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