Oi: a empresa tem R$ 65 bilhões em dívidas (Sergio Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 23 de outubro de 2017 às 17h03.
Última atualização em 23 de outubro de 2017 às 17h24.
Rio de Janeiro – A assembleia de credores da operadora de telecomunicações Oi, agendada inicialmente para esta segunda-feira, foi remarcada para o dia 10 de novembro.
A pedido de bancos credores, o juiz responsável pelo caso, Fernando Viana, suspendeu a realização do evento hoje e indicou a data de 6 de novembro, que contava os finais de semana – mas a remarcação deve acontecer com um intervalo de 15 dias úteis, conforme despacho que o juiz deve confirmar ainda nesta segunda-feira.
Será um evento sui generis. O lugar escolhido é o Riocentro, o mesmo espaço que foi palco dos últimos eventos de luta MMA no Rio de Janeiro, o que virou piada entre alguns executivos e conselheiros.
Ninguém espera uma reunião serena sobre a votação do novo plano de recuperação judicial. Se de fato acontecer, será a maior assembleia da história do Brasil.
A recuperação judicial da Oi também é sem precedentes, com 65 bilhões de reais de dívida e 65.000 credores.
Durante o sábado e o domingo, a empresa e o administrador judicial coordenaram novas simulações para o evento, que será realizado no Riocentro, com teste de som, equipe de segurança e ambulância a postos. Alguns testes chegaram a reunir 1.000 pessoas.
O adiamento gera mais custos para a empresa, mas os organizadores quiseram afastar o risco de uma votação contra o plano proposto por acionistas e aprovado pela administração da Oi, como estava sendo orquestrado para esta segunda-feira. Credores argumentam que o plano é favorável aos acionistas – com pouca diluição de participação e sem capital novo suficiente para viabilizar a retomada da empresa.
Nesta segunda-feira, a Oi sofreu mais um revés no processo para aprovação de seu plano de recuperação judicial. A agência reguladora Anatel decidiu não aprovar o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) em que a companhia propunha converter cerca de 5 bilhões de reais de dívidas em investimentos.
Segundo a Anatel – que é um dos principais credores da empresa –, o plano de recuperação apresentado não é satisfatório e gera dúvida sobre a capacidade da Oi de honrar os compromissos propostos. Perto do encerramento do pregão da B3, as ações da Oi caíam mais de 5%.
Com a posição da Anatel, demais credores, como detentores de títulos e bancos comerciais, voltaram a pressionar a administração da Oi e seus acionistas para que debatam um novo plano antes de leva-lo à votação em assembleia. Em meio a tanta disputa, o maior risco é que a falta de consenso leve a uma liquidação da companhia.
A Oi entrou com pedido de recuperação judicial em junho do ano passado e até agora acionistas e detentores de títulos da empresa não chegaram a um acordo sobre a reestruturação da companhia. A assembleia já foi adiada duas vezes. No plano, a Oi propôs limite de 25 por cento à conversão de títulos de dívida em ações, bem abaixo dos 88 por cento pretendidos por grandes detentores de títulos da companhia. A proposta da empresa implica em um abatimento da dívida da ordem de 73 por cento, segundo análise do Itaú BBA.
Apesar dos detentores de bônus condenarem a oferta da Oi, eles também estão tentando evitar o colapso da companhia a todo o custo, segundo disseram duas fontes com conhecimento do assunto.
Os ativos da Oi são avaliados em 40,8 bilhões de reais, segundo o auditor independente Ernest & Young. Esse valor pode cair para 17,9 bilhões ou menos do que 30 por cento do valor da dívida sob renegociação no caso de uma venda forçada da operadora, segundo o auditor.
O Riocentro tem capacidade para 6.000 pessoas. A ver quantos dos 65.000 credores aparecem no dia 9. Isso, claro, se a data não mudar de novo.