Trump e May: a ação poderia ameaçar uma fábrica que emprega 4.500 pessoas na Irlanda do Norte (Christopher Furlong/Getty Images)
Reuters
Publicado em 12 de setembro de 2017 às 17h51.
Londres - A primeira-ministra britânica, Theresa May, pediu ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para intervir em uma disputa entre a Boeing Co e a rival canadense Bombardier para ajudar a garantir milhares de empregos na Irlanda do Norte.
Ministros britânicos também contataram diretamente a Boeing na tentativa de fazer com que a maior empresa aeroespacial do mundo desista de ação contra a Bombardier, que poderia ameaçar uma fábrica que emprega 4.500 pessoas na província britânica.
A Bombardier é a maior empregadora da indústria manufatureira da Irlanda do Norte e o partido Conservador de May depende do apoio do pequeno Partido Unionista Democrático (DUP) da Irlanda do Norte para formar maioria parlamentar.
May levantou a questão com Trump em uma ligação este mês. Ela também planeja discutir com o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, quando se encontrarem na próxima semana, disse uma fonte próxima ao assunto.
Um tribunal de comércio dos EUA deve proferir uma decisão preliminar sobre o questionamento da Boeing no dia 25 de setembro.
"Nossa prioridade é encorajar a Boeing a abandonar seu caso e buscar um acordo negociado com a Bombardier", disse um porta-voz do governo britânico em comunicado.
"Este é um assunto comercial, mas o governo do Reino Unido está trabalhando incansavelmente para proteger as operações da Bombardier e seus trabalhadores altamente qualificados em Belfast."
A Boeing pediu ao Departamento de Comércio dos EUA neste ano que investigue supostos subsídios e preços injustos praticados pela Bombardier, acusando a empresa canadense de ter vendido 75 de seus aviões de médio porte da CSeries para a Delta Air Lines por preço bem abaixo do custo.
May deve ter dificuldade em convencer Trump, que elegeu como lema de seu governo "América em primeiro lugar", a fazer com que um dos titãs da indústria dos EUA desista de defender o que vê como seu direito comercial.
Fontes da indústria disseram que a Boeing provavelmente não voltará atrás no caso, que espelha uma disputa mais ampla com a europeia Airbus sobre os subsídios que a empresa norte-americana percebe como ameaça estratégica.
A disputa também pode reabrir um debate sobre o próprio apoio do Reino Unido à Bombardier na Irlanda do Norte. Em 2008, o Reino Unido deu 113 milhões de libras em empréstimos e outros auxílios locais para a produção de asas da CSeries, provocando uma queixa da brasileira Embraer. A União Europeia rejeitou a reivindicação.