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Mauro Cunha deixa conselho da Mahle Metal Leve

Saída decorre de "discordâncias fundamentais em relação a decisões recentes do órgão", informou o executivo em carta

Prédio da Mahle-Metal Leve  (Mahle/Divulgação)

Prédio da Mahle-Metal Leve (Mahle/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de julho de 2017 às 16h38.

Rio - Após dois anos e meio no conselho de administração da Mahle Metal Leve S.A., o presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), Mauro Rodrigues da Cunha, entregou no último dia 26 sua carta-renúncia ao cargo.

No documento endereçado ao presidente do colegiado, Peter Grunow, ele argumenta que sua saída decorre de "discordâncias fundamentais em relação a decisões recentes do órgão". Ele segue destacando sua preocupação com a "persistente irrelevância" do conselho nos processos decisórios da companhia, sobretudo no que diz respeito a gestão de risco, controles internos, transações com partes relacionadas e supervisão da gestão.

Em maio, Cunha manifestou em ata seu "desconforto e decepção" com a decisão da maioria do conselho de votar contra as novas regras do Novo Mercado, mais alto segmento de governança corporativa da B3 (antiga BM&FBovespa). A Amec sempre defendeu a reformulação das regras. A companhia alegou à época que as novas regras significariam uma governança mais abrangente, mas iriam requerer custos adicionais às empresas participantes do segmento.

Ao comentar o episódio em seu Blog da Governança, o ex-diretor da Previ e especialista no tema Renato Chaves alertou que os investidores da companhia de autopeças devem ver a atitude do conselheiro com muita preocupação. Para Chaves, os recentes e constantes escândalos corporativos no País reforçam o sentimento de que os conselhos vêm falhando nas suas principais atribuições: definir estratégias, em lugar de referendar cegamente estratégias definidas pelo presidente da companhia, e escolher e monitorar executivos.

O presidente da Amec tem se destacado por não temer embates em sua atuação como conselheiro. Durante os dois anos em que esteve no colegiado da Petrobras (2013 a 2015), onde chegou por indicação de acionistas minoritários, ele foi uma verdadeira pedra no sapato dos demais conselheiros. Entre outras coisas, propôs a exclusão da OAS e da Mendes Júnior de licitações e questionou os valores de ativos declarados pela estatal, como a Refinaria Abreu e Lima (Rnest), uma das principais obras investigadas pela Operação Lava Jato.

Cunha votou contra a aprovação das demonstrações financeiras da companhia em 2013. A estatal foi obrigada a divulgar sua posição com críticas às práticas contábeis adotadas. Segundo a Petrobras, a decisão de Cunha teve como pano de fundo a demora no envio de informações para análise do colegiado, da "aparente inadequação" da contabilização de investimentos no parque de refino e ainda à "discordância quanto à política de hedge accounting", mais tarde questionada por ele na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Em março de 2015, Cunha desistiu de concorrer à reeleição ao conselho da petroleira e saiu dizendo que os acionistas minoritários precisam defender a Petrobras de "abusos" e da "incapacidade" do governo na gestão da empresa. Ele atribuiu a decisão de sair à sua "frustração pessoal" diante da "incapacidade do acionista controlador em agir com o devido grau de urgência para a reversão dos inúmeros problemas que trouxeram a Petrobras à sua atual situação".

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