Abatedouro do grupo Marfrig: empresa registrou prejuízo de R$160 milhões no segundo trimestre, revertendo lucro de R$15,5 milhões em igual período do ano passado (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de agosto de 2013 às 11h52.
São Paulo - A Marfrig Alimentos prevê melhorar o desempenho no segundo semestre com um cenário externo favorável para bovinos e food service, operações que ganham maior peso após a venda da unidade Seara Brasil e da uruguaia Zenda à JBS, disse o presidente da Seara Foods nesta quinta-feira.
"Esperamos manter um crescimento de receita perto de dois dígitos... Vemos um segundo semestre no negócio de bovinos melhor do que no primeiro semestre. A relação dólar/real vai favorecer as margens na exportação", disse Sérgio Rial, que assumirá a presidência executiva da Marfrig em 2014 em conferência com jornalistas para comentar os resultados do trimestre.
A Marfrig é a segunda maior empresa do setor de bovinos no país.
A empresa registrou prejuízo de 160 milhões de reais no segundo trimestre, revertendo lucro de 15,5 milhões de reais em igual período do ano passado, número que exclui a Seara Brasil.
O executivo afirmou que após a venda da Seara, além do segmento de bovinos, a Marfrig vai reforçar as operações no segmento de food service (produtos para alimentação fora do lar), parte do negócio de processados da companhia, que no segundo trimestre representou cerca de 50 por cento de sua receita.
Seara
A unidade Seara Brasil foi vendida para a JBS no início de junho, como parte de uma operação que incluiu a assunção de dívidas da ordem de 5,85 bilhões de reais.
Segundo Rial, deste total, 2,85 bilhões de reais em dívida bruta já foram transferidos para a JBS e ainda falta repassar 3 bilhões de reais.
A operação de venda para a JBS, considerada por analistas como positiva para a Marfrig, por seu impacto no endividamento, também permitirá à companhia a reduzir o nível de alavancagem para 3 vezes, contra mais de 4 vezes antes do negócio.
No terceiro trimestre, a relação dívida líquida/Ebitda já recuou para 3,8 vezes.
A Seara havia sido adquirida através da troca de ativos entre a Marfrig e a BRF, iniciada em dezembro de 2012 e a concluída em julho do ano passado.
Com a operação, a JBS atingiu a liderança global em aves e virou importante competidor da BRF, a maior em aves no Brasil.
Sobre um possível questionamento da BRF referente à venda do ativo, Rial afirmou que não vê impasse.
"Nós pagamos pelos ativos da BRF e não houve qualquer consulta nesse sentido. Havia determinadas limitações de vendas de marcas, mas o que foi vendido não foi uma marca, foi uma unidade. Então, não há qualquer consulta da BRF conosco nesse sentido", disse.
A Marfrig espera para até setembro a aprovação do Cade, órgão antitrustre brasileiro, para a venda da Seara Brasil à JBS.