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Marfrig foca em custos; eventual aquisição só em 2012

Empresa destaca entrada em operação de novas unidades, incluindo uma de aves na China implementada por joint venture que tem naquele país

O HSBC reiterou sua recomendação de outperform para as ações ordinárias do frigorífico (Claudio Rossi/EXAME.com)

O HSBC reiterou sua recomendação de outperform para as ações ordinárias do frigorífico (Claudio Rossi/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 15 de agosto de 2011 às 16h41.

São Paulo - A Marfrig, segunda maior empresa em carnes no Brasil, pretende priorizar no segundo semestre redução de custos e captura de sinergias de aquisições recentes, além da entrada em operação de novas unidades, incluindo uma de aves na China implementada por joint venture que tem naquele país.

A operação de uma unidade para abate de 150 mil aves/dia (inicialmente) na China está começando, e a empresa ainda terá nos próximos meses três confinamentos (dois no Brasil e um no Uruguai), nova linha de hambúrgueres na Argentina e de produtos processados e embutidos no Brasil, segundo o presidente da Marfrig, Marcos Molina.

A operação na China, que representará 5 por cento do abate de aves da Marfrig e integra a aposta da empresa no crescente mercado chinês, prevê posteriormente a entrada em funcionamento de novos centros de distribuição, dentro de investimentos de 300 milhões de dólares anunciados em abril .

Novas aquisições, disse Molina, só serão avaliadas em 2012.

"Estamos focados em sinergias, redução de custos... Temos tanta coisa que estamos inaugurando no semestre... Vamos fazer o dever de casa agora, e no final do ano, se a gente conseguir tudo isso, faremos o plano estratégico (para avaliar aquisições)", afirmou à Reuters Molina.


Questionado sobre o eventual interesse da empresa nos ativos que a Brasil Foods terá que vender, dentro do acordo no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), ele disse ser algo estratégico e não poderia fazer comentários no momento.

"Não poderia falar que tenho ou que não tenho interesse", afirmou.

Antes, em tom descontraído, Molina afirmou:

"Se falar pra você que não tenho interesse, você acreditaria?".

Os ativos da BRF, que incluem fábricas e marcas que deverão ser negociadas preferencialmente para um só comprador , seriam bastante interessantes ao Marfrig, segundo fontes do setor, até para a empresa não perder terreno no que construiu com a compra da Seara.

"É o que o mercado fala", acrescentou ele ao ser questionado sobre a lógica de eventual negócio, ressaltando que não poderia se manifestar sobre o assunto.

A BRF, resultado da incorporação da Sadia pela Perdigão, já anunciou que só realizará a venda dos ativos determinados pelo Cade em 2012. E informou que não se importará de vender os ativos para concorrentes, incluindo a Marfrig, seu principal competidor em aves e suínos, se a empresa oferecer o maior valor numa eventual negociação. O JBS, maior empresa de bovinos do mundo, também tem interesse.

As ações da Marfrig operavam em alta de 8 por cento por volta das 16h20 (horário de Brasília), enquanto o Ibovespa subia cerca de 2 por cento.

No acumulado do mês, entretanto, as ações despencaram aproximadamente 40 por cento, após um grande fundo ter vendido os papéis da empresa para cobrir perdas em meio ao pânico financeiro.


Sobre outra preocupação do mercado que também pressiona as ações, o endividamento, a companhia afirmou que 71 por cento da dívida está em moeda estrangeira, e isso não pode ser considerado um problema porque está compatível com o percentual do faturamento (76 por cento) em moedas que não o real.

"Está totalmente alinhado dentro do fluxo de caixa", disse o diretor de Relações com Investidores, Ricardo Florence, que participou da entrevista.

A dívida bruta da empresa cresceu 1 bilhão de dólares em relação ao trimestre anterior, para 10,3 bilhões de reais, num trimestre em que a empresa captou 750 milhões de dólares no mercado de títulos.

Já o índice de alavancagem informado pela empresa caiu de 3,96 vezes no segundo trimestre de 2010 para 3,90 vezes, mas subiu ante o primeiro trimestre, quando estava em 3,59 vezes.

Prejuízo que poderia ser lucro

A Marfrig teve um prejuízo de 91 milhões de reais no segundo trimestre, contra lucro líquido de 103,8 milhões de reais de um ano antes e ganho de 23,5 milhões de reais nos três primeiros meses do ano.

O resultado reflete o alto custo dos insumos, principalmente grãos e o gado para abate, e também questões cambiais.

Segundo Molina, o prejuízo poderia ter sido transformado em lucro de 50 milhões de reais, se um ganho cambial no exterior de 140 milhões estivesse aqui no Brasil.

"Tivemos um ganho de 140 milhões de reais, esse ganho não foi computado na última linha, ele foi direto para o PL (Patrimônio Líquido). Se o empréstimo fosse aqui, ia virar o balanço para positivo", explicou o presidente da empresa que aumentou no trimestre sua participação nas exportações de bovinos do Brasil de 15,7 por cento para 23,7 por cento, e em aves de 19,9 por cento para 23,1 por cento.

Já a receita saltou quase 50 por cento, para 5,3 bilhões de reais, em grande parte pela incorporação da Keystone Foods, adquirida no ano passado por 1,2 bilhão de dólares.

De acordo com Molina, para melhorar as margens no segundo semestre a empresa vai continuar tentando repassar custos, mas ele ressaltou que isso também dependerá muito de uma manutenção da alta das matérias-primas.

"O desafio do semestre é ter meta bastante agressiva para melhorar as margens, mas tem coisa que não está nas nossas mãos, o preço dos grãos, o dólar e o boi...", disse Molina.

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