Queijo: A marca Puríssimo light indicou ter 47% a mais de sódio do que o prometido na embalagem (Jobz Fotografia/Thinkstock)
Karin Salomão
Publicado em 27 de junho de 2017 às 14h02.
Última atualização em 28 de junho de 2017 às 16h01.
São Paulo – Os queijos minas frescal podem não ser tão saudáveis como dizem ser. Das 10 marcas de queijo avaliadas por uma pesquisa da Proteste, 9 continham mais gordura do que informavam na embalagem. Além disso, todas continham mais gordura do que o permitido para a categoria.
A Proteste Associação de Consumidores realizou testes para verificar os níveis de sódio e gordura de cada marca e se estavam de acordo com as informações na embalagem. Como esses queijos são mais procurados por consumidores que desejam ter uma vida mais saudável, sódio e gordura foram considerados parâmetros importantes para avaliação.
A empresa analisou as seguintes marcas: Tirolez, Ipanema, Quatá, Fazenda, Puríssimo (uma das amostras com 40% menos sódio), Sol Brilhante (com 35% menos sódio), Balkis (sem sal) e Keijobon (tanto a versão normal quanto a sem sal).
As amostras foram coletadas em redes de supermercado do estado de São Paulo. Segundo a legislação brasileira, a diferença entre as informações contidas no rótulo e o que de fato está no produto não pode ser maior que 20%.
Quase todas as amostras do teste apresentaram ter mais gordura total do que a indicada na embalagem, com exceção do Keijobon, versão normal.
Já o Keijobon sem sal foi o que apresentou a maior diferença entre os testes e o que foi apresentado na embalagem. Uma fatia de 30g deste produto deveria tem 3 g de gordura. Porém, de acordo com os resultados do teste, eram 7,4g de gordura.
As marcas Puríssimo e Sol Brilhante também apresentaram altas divergências entre a embalagem e o teste em quantidade de gordura: 56% e 53% respectivamente.
Não só os produtos tinham mais gordura do que o que a embalagem indicava - eles também eram mais gordurosos do que o permitido para esta categoria de queijo, minas frescal.
Para testar o parâmetro, o laboratório contratado pela Proteste retirou toda a água e umidade dos alimentos e analisou a quantidade de gordura do restante, chamado de extrato seco. Todos os alimentos tinham mais gordura do que o permitido.
A marca Puríssimo light indicou ter 47% a mais de sódio do que o prometido na embalagem, de acordo com pesquisa da Proteste.
Por outro lado, as marcas Quatá e Keijobon informam na rotulagem ter mais sódio do que realmente têm. A variação entre o descrito no rótulo e o medido em laboratório foi de 29% e 31%, respectivamente.
Os demais apresentaram conformidade entre a quantidade de sódio declarada no rótulo e a encontrada nas análises.
A Proteste também avaliou as amostras em outros parâmetros. Um deles foi o de higiene, se havia presença de microorganismos nocivos à saúde humana.
Outro, avaliava se o teor de umidade estava dentro dos parâmetros para serem considerados queijos minas frescal. Por fim, se os alimentos continham amido - para ser considerado um queijo desta categoria, não pode haver adição de amido.
Todas as amostras estavam dentro destes três critérios.
A Fazenda afirmou que o único item considerado fora do padrão foi o conteúdo de matéria gorda. “Entretanto, não tivemos acesso aos resultados da pesquisa conduzida pela Proteste, para melhor avalição. Constantemente realizamos análises em laboratórios oficiais, além de análises de todos os lotes pelo controle de qualidade interno da empresa. Os resultados obtidos nesses testes se encontram dentro dos padrões normais”, disse a empresa em nota.
A Ipanema disse que, em relação ao seu Queijo Minas Frescal Ipanema fabricado em 24/2/2017 LOTE nº 17022301, os testes internos mostraram que o produto está em conformidade com as informações descritas no rótulo.
“Registros do nosso Controle de Qualidade indicam que o referido lote apresentou conformidade aos padrões intrínsecos do produto, nos testes realizados durante a fabricação. Por ser um produto de alta umidade, é possível que condições adversas de transporte, refrigeração e acondicionamento tenham contribuído para um dessoramento excessivo e a consequente concentração de sódio e gordura na amostra colhida, apesar de aplicarmos nossos melhores esforços para que o produto mantenha suas características e propriedades originais até o momento do consumo”, disse a empresa em nota.
A Laticínios Remar Ltda, que fabrica o queijo Puríssimo, afirmou que "realiza periodicamente as análises físico-quimicas em laboratórios externos credenciados pelo MAPA e também controles internos para garantir o cumprimento e manutenção da qualidade de seus produtos. Segundo estas análises realizadas em cumprimento com a legislação vigente o teor de Umidade e de Gordura no Extrato Seco, para ambas apresentações Tradicional e Light, estão em conformidade com os limites estabelecidos pelo MAPA. Estas mesmas análises demonstram uma redução no teor de sódio na apresentação Light acima de 40% em relação ao produto Tradicional."
A empresa ainda diz que o transporte e condicionamento podem ter causado as mudanças: "tendo o Minas Frescal como uma de suas características a alta umidade, o potencial dessoramento do mesmo, devido a determinadas condições adversas de acondicionamento, pode acarretar em significativas alterações de concentração de sódio e gordura, provavelmente acusando os desvios demonstrados na reportagem da Proteste".
A Balkis também afirmou que, segundo seus testes internos, os produtos estão dentro do padrão. Ela ainda acrescenta que "o queijo minas frescal, durante sua vida de prateleira/exposição à venda (se exposto a temperaturas de estocagem acima do recomendado), pode liberar soro (umidade), alterando o padrão/composição percentual de gordura na peça".
As outras empresas foram contatadas por EXAME.com, mas não responderam até a publicação desta matéria.