Consumidora escolhe roupa em loja: marcas chinesas são frequentemente associadas a preços baixos em vez de moda exclusiva (Jerome Favre/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 2 de novembro de 2013 às 08h48.
Xangai - Os incansáveis viajantes chineses que procuram um pouco de estilo ocidental para seus guarda-roupas nas chiques boutiques da Place Vendôme, em Paris, ou na Mayfair, de Londres, têm cada vez mais probabilidades de considerar vestimentas bem mais familiares.
A Shanghai Woo, uma fabricante chinesa de cachecóis, planeja abrir lojas em Paris, Londres, Milão e Nova York nos próximos três anos. A Bosideng International Holdings Ltd., que vende casacos de 500 yuan (US$ 82) na China, espera que uma nova loja na South Molton Street, de Londres, contribua com algum atrativo. Neste ano, a Trinity Ltd., que opera na bolsa de Hong Kong, começou a vender sua linha de indumentária masculina Kent Curwen na Bloomingdale’s, de Nova York.
A preferência dos compradores chineses pelas marcas ocidentais ajuda há tempos a companhias como a Nike Inc. e a General Motors Co. a superarem em vendas suas rivais asiáticas no país mais populoso do mundo. Agora, as empresas locais estão procurando dar às suas marcas – e vendas – um impulso extra em casa abrindo lojas nos pontos de moda mais importantes do mundo e colocando produtos nas grandes produções de Hollywood.
“O consumo na China somente começou a decolar há uns sete ou oito anos”, afirmou Stephen Sun, presidente da Shanghai Woo, que vende cachecóis e xales de luxo com preços dentre 2 mil e 5 mil yuan nas suas 37 lojas na China continental. “Como seus clientes sabem que você é uma marca crível? Eles veem que você está vendendo seus produtos do lado de marcas estabelecidas na Europa”.
Mudar a imagem
As marcas chinesas são frequentemente associadas a preços baixos em vez de moda exclusiva. Elas estão olhando para fora e procurando mudar essa imagem perante a crescente concorrência de pesos-pesados internacionais como a Hennes Mauritz AB e a Coach Inc. em casa. As capitais estrangeiras – bastiões tradicionais de companhias de luxo como a Christian Dior SA e a LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton SA – estão transformando-se em lugares importantes para os compradores chineses à medida que eles viajam mais ao exterior.
A Europa será um dos principais destinos dos 94 milhões de chineses da China continental que se espera que viajem ao exterior para 2015, conforme a McKinsey Co. A companhia estimou que quase um terço dos compradores chineses de produtos de luxo comprarão no continente neste ano, frente a um quinto no ano passado.
As companhias chinesas estão procurando ter presença internacional porque “aquilo que a marca representa em casa é difícil de mudar ou melhorar”, disse Doreen Wang, diretora de soluções para clientes sediada em Pequim da Millward Brown China, que realiza pesquisas sobre marcas anualmente. “Agora elas têm a oportunidade de mudar a percepção dos consumidores”.
Sapatos de salto alto e botas
Algumas marcas chinesas esperam poder transformar-se em nomes internacionais. A Stella International Holdings, fabricante de calçado que vende a companhias como a Prada SpA, está tentando expandir sua própria marca no exterior. A companhia abriu uma loja no Boulevard Saint Germain, em Paris, no ano passado para vender os sapatos de saltos altos e botas da sua marca Stella Luna entre 250 euros (US$ 345) e 600 euros.
“Dado que a nossa casa é a China, os consumidores de lá continuam constituindo nosso maior foco, mas eles não foram o público que tivemos em mente para a nossa expansão no exterior”, afirmou a companhia em um comunicado enviado por e-mail. “O principal foco da nossa expansão no exterior é construir uma marca global”.
“Hoje em dia, a moda é definida pelo Ocidente. Os produtos mais finos e legais e as maiores tendências vêm de Nova York e de Paris”, afirmou Adam Xu, diretor da Booz Co sediado em Xangai. “Não apenas os chineses, mas boa parte da Ásia olha para o Ocidente buscando moda”.