Nova York - Mais americanos do que nunca assistiram aos jogos da seleção dos EUA nesta Copa do Mundo. As duas maiores aquisições de empresas anunciadas no mundo neste ano são de operadoras de TV paga do país. Sim, existe uma conexão.
A proposta da AT&T Inc. pela DirecTV e a fusão da Comcast Corp. com a Time Warner Cable Inc., em um combinado de US$ 134 bilhões, estão ligadas por um segmento que hoje está influenciando muitas das decisões no mundo da TV paga: o esporte.
A AT&T comprará a DirecTV apenas se a fornecedora de TV por satélite renovar seu pacote exclusivo de jogos de futebol de domingo à noite.
A Time Warner Cable está vendendo porque no momento está perdendo clientes, que vêm se rebelando contra as altas contas de TV a cabo -- causadas em parte pelo aumento do custo para conseguir direitos de transmissão esportiva.
Os dois negócios são exemplos claros de como a imensa popularidade da programação esportiva se tornou causa e solução da desaceleração da TV paga.
O resultado: há mais consolidação pelo caminho no setor de mídia.
“O esporte aparentemente está em toda parte agora”, disse Leo Hindery, ex-CEO da TCI Communications Inc., a antiga maior operadora de cabo dos EUA, e cofundador da YES Network, que transmite os jogos de beisebol do New York Yankees.
“Nesse mundo atual de 100 canais, quando uma programação esportiva tão cara aparece tanto nos canais, o custo é muito menos gerenciável, tanto para os operadores do sistema quanto, é claro, para os consumidores”.
O empate da semana passada na Copa do Mundo entre EUA e Portugal foi assistido por mais americanos -- cerca de 25 milhões -- do que qualquer outro jogo de futebol na história, segundo a Nielsen Co.
A audiência de ontem da derrota dos EUA para a Bélgica pode rivalizar com esse número, quando os dados forem compilados, o que mostra um outro benefício no que se refere ao esporte: ele ocorre em tempo real, diferentemente da maior parte do restante do conteúdo atual.
Pagamentos maiores
Contudo, a programação esportiva tem um preço. O ano passado ficou marcado como o primeiro em que menos famílias americanas pagaram para ter TV do que no ano anterior, com uma queda de cerca de 250.000 unidades, segundo a empresa de pesquisas SNL Kagan.
As contas mensais mais altas são a principal razão para os cancelamentos, já que redes esportivas regionais e nacionais, como a ESPN, que transmite a Copa do Mundo, estão extraindo pagamentos ainda maiores dessas operadoras de TV paga, como DirecTV, Time Warner Cable e Comcast. Estas, em troca, repassam o custo para os clientes, que estão cada vez mais recorrendo à programação mais barata da internet.
Em 2012, Frank McCourt vendeu a equipe de beisebol Dodgers por cerca de US$ 2 bilhões para um grupo que inclui a antiga estrela do Lakers, Magic Johnson, o executivo do basquete e do beisebol Stan Kasten e a Guggenheim Partners.
No ano passado, a Time Warner Cable entrou na oferta pelos jogos da equipe e ganhou, fechando um acordo para pagar cerca de US$ 8 bilhões ao longo de 25 anos pelo direito de administrar a rede dos Dodgers.
Agora, em Los Angeles, a Time Warner Cable vem sendo acusada de exigir tarifas excessivas das operadoras. A empresa está cobrando entre US$ 4 e US$ 5 por mês por assinante de todas as empresas de TV paga na área de Los Angeles, inclusive da DirecTV, a segunda maior operadora da região, da Verizon FiOS, da AT&T U-verse e da Dish Network Corp., segundo uma fonte familiarizada com o assunto. Isso tornaria a emissora do Dodgers a rede regional esportiva mais cara de todo o país.
Em um gesto inédito de solidariedade mútua, a DirecTV, a FiOS, a U-verse e a Dish disseram não ao preço de venda do Dodgers, da Time Warner Cable.
Porta-vozes das empresas AT&T, DirecTV, Comcast e Time Warner Cable preferiram não comentar.
A Comcast está motivada pela qualidade dos assinantes da Time Warner Cable -- particularmente na cidade de Nova York, em Los Angeles, em Dallas e em Chicago -- e porque esses são mercados do futebol, segundo Hindery.
Os perdedores de qualquer consolidação por vir serão os pequenos operadores de TV paga e os donos de redes não esportivas que não são premium, segundo Matthew Polka, presidente da Associação Americana da TV a Cabo, que representa mais de 850 operadoras independentes de pequeno e médio porte espalhadas pelos EUA. No longo prazo, disse ele, o mundo da TV paga pode sofrer se os preços ficarem altos a ponto de ninguém querer pagá-los.
“As empresas de conteúdo irão implodir por causa de sua própria cobiça de continuar exigindo o pagamento pelo pacote a preços que estão sempre subindo quando os consumidores querem menos disso”, disse Polka.
Não há sinal de que essa perspectiva esteja ganhando força. Até os direitos de transmissão do futebol nos EUA estão começando a atrair uma enorme quantidade de dólares.
A Fox pagou US$ 425 milhões pelos direitos das Copas do Mundo de 2018 e 2022, mais que quadruplicando os US$ 100 milhões que a ESPN pagou pela de 2010 e pela edição deste ano, segundo a Associated Press.
-
1. Copa!
zoom_out_map
1/8 (Alexandre Loureiro/Getty Images for adidas)
São Paulo – Daqui pouco menos de um mês, um dos eventos mais esperados do mundo irá começar: a
Copa do Mundo no Brasil.
Empreendedores e pequenos empresários podem aproveitar o período do evento para faturar mais. De acordo com o Sebrae, as micro e
pequenas empresas devem faturar 500 milhões de reais com a Copa. Para Mark Paladino, sócio do Instituto Aquila, consultoria em gestão avançada, é um pouco tarde, mas ainda dá tempo de planejar uma ação para o evento. “As empresas podem direcionar sua estratégia para absorver os turistas que estarão na cidade. Criar alguns eventos festivos de celebração, antes ou durante dos jogos”, explica. A recomendação para quem já se preparou e tem muita expectativa para faturar durante o próximo mês é clara: não deixe de monitorar. “Tem que ter uma gestão eficiente, acompanhar os resultados e observar a performance diariamente”, ensina Paladino. Veja seis exemplos de empresas de setores diversos que estão prontas para a Copa do Mundo no Brasil.
-
2. Terraço Itália
zoom_out_map
2/8 (Divulgação/Terraço Itália)
Um dos principais pontos turísticos do centro de São Paulo, o Terraço Itália atrai pela sua história e pela possibilidade de ver a capital do alto. André Marques, gerente geral do Terraço Itália, conta que o espaço recebe muitos eventos corporativos e que algumas empresas vão aproveitar a Copa para relacionar-se com seus clientes. Assim surgiu a ideia de um camarote para assistir aos jogos da Copa do Mundo no Bar do Terraço Itália. Cada ingresso custa 151 reais e dá direito a alguns petiscos. O local preparou ainda coquetéis inspirados em países do mundial. De acordo com Marques, a preparação para o evento inclui um reforço da equipe nos horários dos jogos e a instalação de telões e uma sonorização adequada. Até agora, o jogo que tem mais reservas é o do dia 23 de junho, entre Holanda e Chile. A expectativa é faturar 25% mais.
-
3. Pub Crawl São Paulo
zoom_out_map
3/8 (Divulgação/Pub Crawl São Paulo)
Os horários em que serão transmitidos os jogos da Copa do Mundo não serão o foco da estratégia do Pub Crawl São Paulo, que oferece tours gastronômicos e em baladas pela cidade. “Vamos focar na torcida”, resume Kyu Bill, um dos cinco sócios da empresa. “A cidade é a principal porta de entrada de turistas e é uma cidade sede. Vai ter um clima festivo, movimentação, e esse clima vai se estender fora dos jogos”, conta. A equipe dobrou, passando a 40 pessoas e, desde ano passado, a marca tem diversificado seus produtos. Os tours variam de 20 a 95 reais por pessoa. O faturamento esperado até o final do ano é de 1 milhão de reais, o dobro do ano passado. Hoje, a empresa trabalha com até sete eventos semanais. Bill explica que a alta temporada da empresa coincide com os meses do mundial. O Pub Crawl São Paulo espera atender, em média, cinco mil pessoas nesse período.
-
4. Vuvuzela do Brasil
zoom_out_map
4/8 (Divulgação/Vuvuzela do Brasil)
O e-commerce Vuvuzla do Brasil começou suas operações no ano passado e a ideia de criar o negócio surgiu quando Eduardo Sani, consultor de marketing digital, estava preparando uma apresentação. “Ninguém vendia vuvuzela ainda no mercado e vi que o volume de pesquisas ainda era alto. Pesquisei e vi que não tinha nenhum site do tipo”, resume. Ele se uniu ao empreendedor Vinícius Prado Ramos e investiu 20 mil reais. A Copa das Confederações foi o teste da empresa e eles venderam 1,4 mil vuvuzelas. A estratégia da dupla é de investir em mídia online e anúncios no Google e Facebook. Além disso, a marca fez uma parceria com lojas físicas em São Paulo para vender produtos por consignação. No site é possível comprar não só vuvuzelas, mas também camisetas, perucas e cornetas. A maior demanda vem de empresas que estão comprando os produtos para ações de marketing. Nos próximos três meses, a expectativa é de faturar 180 mil reais. Mesmo após a Copa, o site estará no ar, pois os empreendedores querem aproveitar as Olimpíadas de 2016.
-
5. Lush Motel
zoom_out_map
5/8 (Divulgação/Lush Motel)
Com a possível falta de hospedagem, o Lush Motel criou um formato especial para turistas, com cobrança por diária. Felipe Martinez, diretor de marketing da empresa, explica que o objetivo não é disputar com os hotéis, pois algumas regras do motel serão mantidas, como a proibição do acesso a menores de idade. “É voltado casais que buscam hospedagem, mas com um pouco de privacidade”, explica. O valor de uma diária varia de 360 reais a 1,5 mil reais, com café da manhã incluso. Até agora, foram confirmadas 37 reservas de estrangeiros. Durante a Copa, a fachada do motel será iluminada nas cores verde e amarelo e os chinelos também terão com o tema do evento. Além disso, a marca investiu em uma versão do site em inglês e contratou um professor de inglês para treinar a equipe. O investimento foi de 50 mil reais e a expectativa da empresa é que o faturamento cresça 10% em junho.
-
6. Amazonas Brands
zoom_out_map
6/8 (Divulgação/Amazonas Brands)
A Amazonas Brands faz parte do Grupo Amazonas e firmou a parceria com a FIFA para desenvolver as sandálias oficiais da Copa do Mundo. A marca tem um mix de 39 chinelos especiais para o evento. Os modelos são inspirados no mascote oficial, o Fuleco, nas bandeiras de algumas seleções que participarão do mundial, na taça e nas cidades sedes como o Rio. A expectativa de vendas é de 1 milhão de pares e o aumento de produção foi de 28%. Os chinelos podem ser encontrados nas lojas oficiais da FIFA e os preços partem de 29,90 reais.
-
7. Seven Idiomas
zoom_out_map
7/8 (Divulgação/Seven Idiomas)
Fundada em 1987, a Seven Idiomas é especializada no ensino do inglês e espanhol. Em 2012, a marca desenvolveu um curso pensando nos eventos como Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olímpiadas. De acordo com o CEO da empresa, Steven Beggs, as aulas foram pensadas para que os alunos aprendessem estruturas essenciais para se comunicar com turistas e situações que cada tipo de profissional terá que vivenciar. A empresa treinou cerca de 500 pessoas, como os funcionários do Airport Bus Service. A carga horária do treinamento é de 100 horas e o curso custa, em média, 2 mil reais por aluno. A abordagem das aulas depende das necessidades da empresa contratante.
-
8. Agora, veja mais sobre empreendedorismo
zoom_out_map
8/8 (Buda Mendes/Getty Images)