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Maior empresa de mídia do RS, Grupo RBS conclui reorganização societária

Processo liderado por Nelson Sirotsky, agora publisher e presidente do Conselho de Gestão, mantém o controle acionário com a família Sirotsky, à frente da companhia desde a fundação, em 1957

Nelson Sirotsky, do Grupo RBS: "Esse movimento garantirá mais uma geração de lideranças à frente do Grupo RBS" (Leandro Fonseca/Exame)

Nelson Sirotsky, do Grupo RBS: "Esse movimento garantirá mais uma geração de lideranças à frente do Grupo RBS" (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 30 de julho de 2024 às 09h01.

Última atualização em 30 de julho de 2024 às 17h07.

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Referência como negócio de mídia no Rio Grande do Sul, o Grupo RBS anuncia a conclusão de uma reorganização societária que durou dois anos e reforça o papel da família Sirotsky à frente da empresa daqui para frente.

Fundado em 1957, a partir da aquisição da Rádio Gaúcha pelo empreendedor Maurício Sirotsky Sobrinho, o Grupo RBS é o maior do Rio Grande do Sul. Fazem parte dele 12 emissoras de tevê aberta afiliadas à Rede Globo no estado, cinco rádios com canais on e offline (Gaúcha, Atlântida, 92, 102 e CBN), três jornais (Zero Hora, Diário Gaúcho e Pioneiro) além das plataformas GZH, de jornalismo digital GZH, Destemperados, de gastronomia e do Planeta Atlântida, o maior festival de música do sul do Brasil.

Em 2023, o Grupo teve receita bruta de mais de 900 milhões de reais. Para ter uma ideia da relevância do Grupo RBS para os gaúchos, as marcas da empresa chegam a 98% dos 497 municípios do Rio Grande do Sul. Somadas, as audiências da tevê, rádios, jornais e portais de internet administrados pelo Grupo chegam a 11,2 milhões de pessoas — pouco mais de 100% da população do estado.  

A reorganização societária foi liderada por Nelson Pacheco Sirotsky, de 71 anos, filho de Maurício. Nelson, juntamente com o seu núcleo familiar, incluindo os filhos Maurício e Roberto, ampliam a participação no negócio. Com a movimentação, saem da sociedade o grupo de herdeiros ligados a Suzana, irmã mais velha de Nelson.

Seguem como sócios os núcleos de outros acionistas de referência da companhia: Jayme Sirotsky (presidente emérito do Grupo), Pedro Sirotsky, Sônia Pacheco Sirotsky e Fernando Ernesto Corrêa. O movimento traz ao quadro societário da companhia o empreendedor gaúcho Fernando Tornaim, cuja carreira começou no Grupo RBS nos anos 2000 e, mais tarde, enveredou para negócios nos ramos imobiliário e de entretenimento e marketing agrupados na holding Tornak.

Claudio Toigo permanece como CEO do Grupo RBS, cargo que ocupa há oito anos, reportando-se ao conselho de Gestão e liderando o comitê executivo da companhia.

"O processo foi construído e concluído em harmonia, atendendo aos objetivos de todos os envolvidos", diz Nelson. "Além disso, reflete o nosso compromisso com o futuro do Rio Grande do Sul, de assegurar ao nosso público produtos e serviços relevantes e um jornalismo responsável, cada dia mais contemporâneo, independente e plural."

Retorno de Nelson ao dia a dia da companhia

O processo começou em 2022, com o retorno de Nelson ao dia a dia da operação do Grupo. Presidente-executivo do grupo desde 1991, ele estava afastado desde 2015 para tocar projetos pessoais como a redação do livro "O oitavo dia", do qual é autor em parceria com a escritora gaúcha Leticia Wierzchowski.

Nos últimos dois anos, Nelson já tem atuado como publisher responsável pela linha editorial do Grupo RBS. É usual vê-lo nos corredores da sede do diário Zero Hora, no bairro da Azenha, zona central de Porto Alegre, bem como na sede da emissora de tevê RBS, no morro de Santa Tereza, a quatro quilômetros dali.

Agora, Nelson passará também a ter funções no conselho de administração do Grupo, cujas funções estão sendo ampliadas com novos comitês de trabalho envolvendo os sócios. 

Nelson presidirá o Conselho de Gestão, um guarda-chuva sob o qual estão abrigados três comitês de sócios para temas da ordem do dia para o futuro de um negócio de mídia: Pessoas/Governança (ESG), Mercado/Produto e Inovação/Digital.

Futuro do Grupo RBS

Sob o olhar dele, e dos filhos Maurício e Roberto, estarão iniciativas conectadas com o futuro dos negócios do Grupo RBS. A companhia prevê investir 112 milhões de reais em iniciativas para transformação digital em cinco anos. Atualmente, oito projetos estão em curso por ali, apoiados pelas consultorias Decoupling e Meta. 

Boa parte dos investimentos estão indo para a criação de produtos digitais para distribuição de streaming, tanto de jornalismo e esporte como de entretenimento, dentro de um conceito de tevê conectada e interativa.

Em paralelo, após a reorganização societária, ficará sob os cuidados do Conselho de Gestão a empresa de investimentos em negócios de tecnologia RBS Ventures, criada em 2022 e liderada pelo filho Maurício

A RBS Ventures é uma das pioneiras no Brasil no media for equity, termo para o investimento por parte de empresas de mídia em negócios alheios à essência da comunicação. Em vez de aportes em dinheiro, no media for equity a moeda de troca costuma ser o uso dos canais de mídia para alavancar o negócio investido.

Dessa forma, a ideia é garantir mais vendas e um valor ainda mais expressivo para o alvo do investimento. 

No portfólio da RBS Ventures estão os negócios Pulso Creators, Player 1, Ventures Estádios, Kravi Portaria Remota, Salute e Doji. 

Roberto Sirotsky traz ao grupo uma experiência de mais de 17 anos em negócios digitais em mídia. Ele foi um dos fundadores da agência 3YZ, vendida à inglesa WPP em 2016, e da BPool, um marketplace de serviços de marketing presente em mais de dez países do qual é um dos CEOs.

Nas palavras de Nelson, ao dar continuidade à a movimentação serve para preservar a essência da RBS com seus públicos. Ao mesmo tempo, dá espaço para uma nova geração de lideranças, como os filhos Maurício e Roberto, e o recém-chegado Tornaim.

"Esse movimento garantirá mais uma geração de lideranças à frente do Grupo RBS", diz ele. 

O impacto da enchente

A conclusão da reorganização societária vem num dos momentos mais delicados da história do Rio Grande do Sul: a enchente que atingiu 95% do território do estado, em maio. De lá para cá, a empresa tem feito esforços próprios, e alavancado o de terceiros, para articular respostas à catástrofe ambiental.

No ápice da crise, há dois meses, os veículos do Grupo ficaram focados na cobertura da enchente. Na televisão, a programação vespertina gerada pela Rede Globo deu lugar ao "Ajuda Rio Grande", um jornal especial com as atualizações da enchente e, também, sobre como ajudar os desabrigados. 

Mais recentemente, o Grupo lançou a campanha "Pra cima, Rio Grande", uma série de reportagens sobre os caminhos para a reconstrução do estado e, também, para monitorar os investimentos prometidos pelas autoridades.

Impactado pela enchente assim como boa parte dos gaúchos, Nelson é otimista sobre o futuro do estado. A tragédia climática, para ele, não diminuiu a força do Rio Grande do Sul. "Vejo uma oportunidade única de termos uma nova atitude enquanto sociedade a partir da reconstrução criativa", diz ele, reforçando o papel da articulação entre governos e sociedade civil para encontrar soluções duradouras para a nova realidade climática. 

"Enquanto os olhos do mundo estão voltados para o Rio Grande do Sul, podemos assumir um lugar de referência mundial em inovação e reconstrução."

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