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MadeiraMadeira cria empresa de entrega para ser "a Loggi dos móveis"

Chega de esperar pelo sofá: startup criada pelo e-commerce de móveis MadeiraMadeira quer diminuir tempo de entrega de produtos pesados

Daniel e Marcelo Scandian: fundadores da MadeiraMadeira (MadeiraMadeira/Divulgação)

Daniel e Marcelo Scandian: fundadores da MadeiraMadeira (MadeiraMadeira/Divulgação)

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Carolina Riveira

Publicado em 22 de julho de 2019 às 06h00.

Última atualização em 22 de julho de 2019 às 17h44.

Se comprar produtos pela internet é uma operação que se torna cada vez mais fácil e rápida, o mesmo não se pode dizer sobre o comércio eletrônico de móveis. Enquanto celulares ou livros podem chegar aos clientes em até 24 horas, não é incomum que produtos como sofás, mesas e cadeiras levem quase um mês entre o estoque e os compradores -- por motivos que incluem, é claro, o fato de esses produtos serem grandes, pesados e muito mais difíceis de transportar do que um celular de poucas gramas.

É um problema que a empresa de comércio eletrônico MadeiraMadeira promete ajudar a solucionar. A empresa acaba de lançar a BulkyLog, startup criada internamente e especializada na entrega de produtos grandes, acima de 15 quilos, e divulgada com exclusividade a EXAME.

"Queremos ser a 'Loggi dos produtos grandes'", diz Daniel Scandian, presidente e co-fundador da MadeiraMadeira, fazendo referência à empresa de logística que ficou conhecida por otimizar a entrega de produtos leves (e que acaba de virar um "unicórnio", chegando a valor de mercado de 1 bilhão de dólares).

Com a BulkyLog, a MadeiraMadeira promete reduzir o tempo médio de entrega de móveis em mais de 60%, de cerca de 15 dias para 5 dias.

No Brasil, o tempo médio de entrega no comércio eletrônico é de 11 dias, na média de todas as categorias de produtos, segundo a eBit/Nielsen.

A nova empreitada deve receber 25 milhões de reais em investimentos nos próximos 12 meses e chegar a 75 milhões de reais investidos nos próximos cinco anos. A Bulky funcionará de forma independente da MadeiraMadeira, com CNPJ próprio.

Sem caminhões

Apesar de ser uma empresa de entregas, a Bulky não terá motoristas e caminhões próprios, e a malha de entregadores será terceirizada. O foco está na tecnologia desenvolvida, por meio da qual é possível controlar exatamente o prazo da entrega e deixar o consumidor informado sobre o andamento do pedido.

Apesar de recém-fundada, a Bulky já conta com 200 funcionários, boa parte programadores. A tecnologia de otimização e acompanhamento da cadeia cai como uma luva na MadeiraMadeira, onde não há estoque e os produtos saem direto da fábrica até o cliente. O formato economiza custos de estoque, mas exige um acompanhamento da entrega de ponta a ponta.

Justamente por ter o desafio de entregar pedidos que podem passar de 20 quilos, a MadeiraMadeira afirma que o desenvolvimento de ferramentas de logística é ainda mais crucial. "Não dá para deixar um sofá na portaria como se deixa um celular", diz Scandian. "É preciso que o cliente saiba onde o produto está, para que a entrega não seja mal-sucedida e o produto não precise voltar para o estoque."

Escritório da MadeiraMadeira: aposta em desenvolvimento de softwares para solucionar problemas da cadeia

Os desafios dos móveis

Vender e entregar móveis é tão complexo que a própria Amazon, maior varejista do mundo, só entrou no setor recentemente, e com a maioria dos ainda poucos móveis vendidos na plataforma vindos de marketplace.

Mas a categoria tende a crescer na internet. Móveis e outros artigos de casa e decoração, especialidade da MadeiraMadeira, responderam por 11% dos pedidos no comércio eletrônico no Brasil em 2018, um crescimento de 16% em relação a 2017. Foi a terceira categoria que mais cresceu no ano, atrás de perfumaria, cosméticos e saúde e informática.

Foram cerca de 7,8 bilhões de reais em vendas na categoria no ano no Brasil, com ticket médio de 391 reais e representando 10% dos 78 bilhões de reais que o e-commerce faturou em 2018.

Nos Estados Unidos, o comércio eletrônico de móveis e itens de decoração deve ir de 68 bilhões de dólares em 2019 para 135 bilhões de dólares em 2024, com um terço das compras na categoria sendo feitas na internet, de acordo com estimativas da corretora Cowen.

Para não perder os movimentos internacionais, a MadeiraMadeira também trouxe como conselheiros da Bulky dois especialistas do varejo nos Estados Unidos: Hans Hickler, que já passou pela unidade americana da empresa de logística alemã DHL e Laura Scott, que foi da Wayfair, maior e-commerce especializado em móveis dos Estados Unidos.

Especialista em móvel -- e em software

O lançamento da Bulky é mais um exemplo de um momento de virada que vive a MadeiraMadeira nos últimos anos, com a empresa passando de apenas um site de venda de móveis e material de construção para agregar também serviços de desenvolvimento de softwares, tanto para uso próprio como para venda a terceiros.

Desenvolver tecnologia dentro de casa vem se mostrando uma saída mesmo fora do mundo dos móveis. No Brasil, empresas como o Magazine Luiza ou o Mercado Livre já têm serviços próprios de entrega, diminuindo a dependência de terceiros e otimizando a logística.

Nessa toada, a MadeiraMadeira, fundada em 2009 em Curitiba (PR), espera faturar 1 bilhão de reais em 2019, com um crescimento de mais de 60% nos últimos dois anos. A empresa entrega mais de 100.000 pedidos na plataforma por mês, com base de 2 milhões de clientes cadastrados e 800.000 itens disponíveis.

Por enquanto, a nova empresa antederá somente os pedidos da MadeiraMadeira, mas a ideia é que, no futuro, passe a ser um serviço oferecido também aos mais de 1.500 vendedores do marketplace da empresa -- inaugurado no ano passado e que responde por 20% dos pedidos.

Com piloto da BulkyLog lançado há pouco mais de dois meses, a MadeiraMadeira já diz já ter dobrado o NPS, índice de satisfação do consumidor. "O objetivo é aumentar a qualidade e prazo de entrega, e fazer isso sem aumento de custos", diz Daniel.

Se depender da MadeiraMadeira, comprar um móvel e esperar semanas para que ele seja entregue vai, logo, se tornar coisa do passado.

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