General Joaquim Silva e Luna (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Reuters
Publicado em 12 de abril de 2021 às 20h15.
Última atualização em 12 de abril de 2021 às 21h39.
Assembleia de acionistas da Petrobras aprovou nesta segunda-feira o general da reserva Joaquim Silva e Luna como membro do Conselho de Administração da companhia, movimento que antecede sua eleição como novo presidente-executivo da petroleira, conforme indicação de Jair Bolsonaro.
A chegada de Luna à empresa, que estava como comandante brasileiro da hidrelétrica binacional de Itaipu, ocorre após o presidente Bolsonaro ter discordado da forma como o executivo Roberto Castello Branco, ex-presidente da empresa, conduziu a política de preços de diesel e gasolina da companhia, que acumulam altas expressivas neste ano, ao seguir indicadores internacionais de mercado.
Conforme o estatuto da empresa, o presidente da Petrobras é escolhido pelo Conselho de Administração dentre os seus membros. Dessa forma, o presidente da estatal precisa fazer parte do colegiado.
Com a saída de Castello Branco também da presidência da Petrobras, o estatuto da empresa prevê que o presidente do Conselho de Administração indique um substituto dentre os demais membros da Diretoria Executiva até a eleição do novo presidente-executivo.
Com a assembleia, iniciada por volta das 15h, ainda acontecendo noite adentro, não havia informação sobre quem substituiria Castello Branco até a chegada de Luna.
Além da destituição de Castello Branco, outros sete vagas estão sendo preenchidas ainda na assembleia extraordinária desta segunda-feira. Alguns antigos conselheiros pediram para sair após a decisão do governo federal, outros tinham seu cargo atrelado ao de Castello Branco.
Já foram eleitos, pelo sistema de voto múltiplo, além de Luna, seis nomes indicados pela União: Eduardo Bacellar Leal Ferreira, Ruy Flaks Schneider, Márcio Andrade Weber, Murilo Marroquim de Souza, Sonia Julia Sulzbeck Villalobos e Cynthia Santana Silveira.
A oitava vaga segue em disputa por uma candidata indicada pelo governo, Ana Silvia Corso Matte, e outros dois indicados por acionistas minoritários: Marcelo Gasparino e Pedro Rodrigues Galvão de Medeiros.
Ainda está prevista para a reunião desta segunda-feira a eleição do presidente do conselho. Nesse caso, o governo indicou a recondução de Eduardo Bacellar Leal Ferreira.
Antes de ser eleito, Gasparino havia escrito em seu perfil na rede social LinkedIn que havia identificado problemas nos procedimentos da assembleia e que, caso vencesse a disputa, iria tomar posse e renunciar, para que uma nova reunião de acionistas fosse convocada e as questões corrigidas.
Ele não explicou por que uma nova assembleia teria de ser convocada, em caso de sua renúncia. A Petrobras não comentou imediatamente.
Questionado por mensagem sobre afirmação no LinkedIn após o fim da assembleia, Gasparino foi sucinto: "só tenho uma palavra".
Durante a assembleia, Gasparino chegou a pedir a suspensão da reunião, o que foi negado.
Em seus argumentos no LinkedIn, o candidato agora eleito afirmou que "a publicação do mapa sintético consolidado do voto à distância evidenciou, no mínimo, distorções no processo de recebimento e compilação dos votos e, especificamente, instruções de voto, necessárias em decorrência da deficiência do sistema de votação desenvolvido pela B3".
"Houve problemas no processo, e o resultado dessa eleição poderá ser objeto de questionamento", disse Gasparino, ao explicar que enviou documento à Petrobras para alertá-la da questão.