Sabesp (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 13 de agosto de 2016 às 10h03.
São Paulo - O lucro líquido da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) mais do que dobrou no primeiro semestre deste ano, quando a estatal extinguiu o programa de descontos e a sobretaxa na conta para estimular a economia de água na região metropolitana por causa da crise hídrica.
Balanço divulgado nesta sexta-feira, 12, ao mercado financeiro mostra que a Sabesp lucrou R$ 1,4 bilhão entre janeiro e junho, R$ 770,8 milhões (117%) a mais do que no primeiro semestre de 2015, período marcado pelo auge da crise hídrica, com longos cortes no fornecimento de água na Grande São Paulo e forte queda na produção.
Segundo o relatório, a receita operacional bruta da Sabesp com a prestação de serviços de água e esgoto chegou a R$ 5,3 bilhões em todo o Estado, 30,7% a mais do que no mesmo período do ano passado (R$ 4 bilhões). Entre os principais fatores da alta de R$ 1,2 bilhão na arrecadação estão os reajustes na tarifa de 15,2%, em junho de 2015, e de 8,4% em maio deste ano, o aumento no volume faturado com água e esgoto, e o fim do programa de bônus.
Lançado em fevereiro de 2014, quando foi anunciada a seca no Sistema Cantareira, o programa de descontos de até 30% na conta de quem reduzisse o consumo de água foi extinto em abril passado, um mês depois de o governador Geraldo Alckmin (PSDB) ter declarado o fim da crise hídrica. Na ocasião, o principal manancial paulista estava com 29,5% da capacidade, sem considerar o volume morto das represas. Nesta sexta, o índice estava em 46,1%
Segundo a Sabesp, a perda de receita com os descontos na fatura caiu de R$ 231 milhões, no segundo trimestre de 2015, para R$ 33,6 milhões entre abril e junho deste ano, 85% a menos. Os efeitos positivos no caixa da companhia foram atenuados pela queda na arrecadação com a multa de até 50% na fatura para quem aumentou o consumo de água na crise, de R$ 123 milhões no segundo trimestre de 2015 para R$ 64,2 milhões no mesmo período deste ano.
Os números confirmam uma retomada nas finanças da Sabesp após dois anos seguidos de queda nos lucros, de 53% em 2014 e de 40% em 2015, quando o diretor financeiro da estatal, Rui Affonso, disse que a companhia vivia uma "penúria financeira" e anunciou cortes da ordem de 50% nos investimentos, principalmente na rede de esgoto. No primeiro semestre de 2016, a Sabesp investiu R$ 1,6 bilhão, ante R$ 1,5 bilhão em igual período no ano passado.
Consumo. Parte da recuperação está atrelada à retomada do consumo de água depois do anúncio do fim da crise. Segundo o balanço, o volume faturado com água apenas na Grande São Paulo subiu 5,1% na comparação entre o primeiro semestre deste ano com o de 2015. A alta foi puxada pela categoria residencial, na qual o gasto com água subiu 4,2% em todo o Estado, de acordo com o relatório. No comércio, o aumento foi de 1,9% e na indústria houve queda de 4,8% no consumo. No setor público o gasto de água também caiu (- 4,2%).
No fim de julho, o Estado mostrou que, dois meses após o fim da política de bônus e multa para combater o desperdício, quase metade das regiões da capital paulista elevou o consumo de água. Dados fornecidos pela Sabesp mostram que o consumo médio por imóvel em bairros nobres da cidade, como Alto de Pinheiros, Jardins e Perdizes, já subiu 12% em junho, na comparação com janeiro, mas, ainda assim abaixo (-19%) do padrão de consumo pré-crise.
O aumento do consumo teve reflexo na produção de água da companhia, que subiu 9,5% na comparação entre os primeiros semestre de 2015 e 2016. O volume saltou de 1,21 trilhão de litros para 1,33 trilhão neste ano para atender 5,7 milhões de pessoas em todo o Estado, cerca de 20 milhões só na região metropolitana.
O ponto negativo do balanço é que o índice de perdas de água da Sabesp na distribuição, ou seja, por vazamentos na tubulação e fraudes na rede aumentou 7,7%. O volume de água perdida subiu de 28,5% no segundo trimestre de 2015, quando a companhia praticava forte racionamento de água, para 30,7% no segundo trimestre deste ano, índice semelhante ao de 2014 (30,8%), quando teve início a crise hídrica.