Óleo lubrificante: altamente poluente, material pode ser reaproveitado por meio de um processo chamado rerrefino (Cravetiger/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 28 de setembro de 2022 às 07h30.
Última atualização em 29 de setembro de 2022 às 14h50.
Nesta série, que teve início com o termo aterro zero, explicamos termos e expressões relacionados ao mundo da sustentabilidade e net zero. É um glossário importante para quem transita por essas áreas. O de hoje é: logística reversa.
É uma solução que envolve procedimentos de pós-venda ou pós-consumo, garantindo o reaproveitamento ou o descarte adequado dos resíduos gerados por bens de consumo que não têm mais utilidade. É uma resposta ao modelo linear de produção. A economia circular, por sua vez, já prevê o reaproveitamento dos resíduos desde o processo produtivo.
O conceito é bastante antigo fora do Brasil e já se fala dele há mais de 30 anos. Mas no país o assunto ganhou força com a publicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (lei nº 12.305), em 2010. Ela estabeleceu que deveria haver uma responsabilidade compartilhada entre fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes sobre o ciclo de vida de um produto. Em outras palavras, essas organizações precisaram passar a se preocupar em como reduzir o volume de resíduos.
O artigo 33 da lei nº 12.305 não deixa dúvidas: “São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos.”
A lei discrimina alguns setores que precisam adotar políticas de logística reversa. São eles:
“A logística reversa é um instrumento para desenvolvimento econômico e social previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos brasileira com intuito de viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos”, diz Guiarruda, CEO da Vertown, uma plataforma que ajuda as empresas a fazer seu gerenciamento de resíduos.
Na visão dele, ainda há um grande caminho a percorrer. “Para se ter uma ideia, o índice de reciclagem atual no Brasil é de apenas 4%, sendo assim é preciso um maior amadurecimento desse instrumento e como consequência maior aplicação dentro das indústrias”, afirma.
“Por outro lado, já observamos algum avanço com o estabelecimento dos chamados acordos setoriais. Eles estão sendo definidos dependendo de cada segmento e os tipos de resíduos que geram, mas temos alguns bem avançados como por exemplo o de agrotóxicos, seus resíduos e embalagens que chegam em um índice de 94% de destinação correta. O acordo setorial de pneus também funciona muito bem com mais de 400 mil toneladas de pneus reaproveitadas por ano”, destaca Guiarruda.
O óleo lubrificante, por exemplo, que vai em qualquer veículo automotivo, é uma substância altamente poluente – daí a extrema importância de que seu descarte seja feito de forma correta. Apenas um litro de óleo pode poluir um milhão de litros de água, tornando-a imprópria para consumo.
O descarte no solo também prejudica o meio ambiente, pois torna o solo infértil e ainda pode causar a contaminação do lençol freático. A queima do óleo também não é uma opção, por gerar gases altamente tóxicos.
O que se faz com ele, então, já que o óleo em um motor a combustão não é totalmente utilizado? Na troca do óleo do carro, sempre há um descarte, certo?
A recuperação se dá através de um processo chamado rerrefino e para que o produto chegue a uma unidade refinadora é preciso que o sistema de logística reversa esteja bem implementado. Por isso, empresas envolvidas nesse processo têm, cada uma, seu papel na coleta do óleo utilizado e destino correto do produto após o uso do consumidor.
A prática no setor está consolidada, e uma entidade sem fins lucrativos, o Instituto Jogue Limpo, faz a gestão do sistema de logística reversa dos óleos lubrificantes. Em 2021, mais de 62 milhões de litros de óleo lubrificante usado ou contaminado foram coletados e quase 5 mil toneladas de embalagens foram destinadas para reciclagem.
A seguir, alguns exemplos do destino dado a diferentes materiais:
Guiarruda lembra, ainda, que, além dos acordos setoriais citados acima, existem setores em estágio mais avançado, “devido a diferentes fatores”, ele explica. Um exemplo é a logística reversa de latas de alumínio, que hoje possui uma taxa de 97% de reaproveitamento, já que o alumínio tem um valor significativo de mercado e somos considerados uma referência no mundo na logística reversa desse tipo de material.