Light: a Renova Energia tem enfrentado dificuldades para tocar plano de investimentos, o que já fez a companhia a pedir mais recursos e cancelar empreendimentos (Dado Galdieri/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 8 de agosto de 2016 às 18h05.
São Paulo - A geradora e distribuidora de eletricidade Light pretende encontrar um comprador para sua fatia na empresa de geração renovável Renova Energia até o final do ano, afirmou nesta segunda-feira a presidente da companhia, Ana Marta Horta Veloso, durante teleconferência com investidores.
A Renova Energia tem enfrentado dificuldades para tocar um bilionário plano de investimentos, o que já fez a companhia a pedir mais recursos a seus sócios e cancelar empreendimentos.
A Light detém uma participação de 16 por cento na Renova, onde tem como sócia sua controladora, a mineira Cemig.
"O vendedor não controla muito o timing, depende um pouco do desejo do comprador, mas nossa vontade é fechar isso até o final do ano", disse a executiva. "Estamos em conversas já relativamente avançadas com alguns possíveis compradores", adicionou, sem abrir nomes.
A Light aportou 40 milhões de reais na Renova no primeiro semestre, mas segundo Ana Marta os recursos foram apenas para preservar os investimentos já feitos na companhia até a negociação ser concluída.
"Foi um aporte mais focado na preservação do ativo, tendo em vista que a gente realmente está em processo de venda." Ela disse que os investimentos da companhia na hidrelétrica de Belo Monte estão "em linha similar".
A hidrelétrica do Xingu, que já iniciou a operação mas ainda está em obras, já recebeu 64,7 milhões de reais da Light no semestre.
Assim como na Renova, a Light tem a Cemig como sócia na usina --as duas somam 9,7 por cento de participação no empreendimento, orçado em 34 bilhões de reais.
A presidente da Light disse que o ritmo dos aportes da empresa em Belo Monte pode cair ainda neste ano se a Eletrobras, que é majoritária na usina, voltar a honrar seus compromissos junto aos demais sócios.
Em sérias dificuldades de caixa após somar prejuízos de mais de 30 bilhões de reais em quatro anos, a Eletrobras não tem aportado recursos em Belo Monte junto com os demais acionistas, segundo Ana Marta.
"Com a chegada da nova direção da Eletrobras a gente espera que a inadimplência... possa ser equacionada... a Light está aportando o recurso necessário para que esse ativo não se deteriore".
A Eletrobras conta desde o final de julho com uma nova direção --o ex-presidente da CPFL Energia Wilson Ferreira Jr. assumiu o comando da estatal, enquanto o consultor José Luiz Alquéres assumiu a presidência do Conselho de Administração.
Nesta segunda-feira, o Valor Econômico publicou entrevista com o presidente da Cemig no qual o executivo comentou que a elétrica mineira pode se desfazer de diversos ativos, entre os quais parte ou a totalidade de sua participação em Belo Monte.