A Forbes estima que o império de mídia do australiano-americano em US$ 17,4 (David Crotty/Patrick McMullan/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 22 de setembro de 2023 às 10h18.
O magnata da mídia Rupert Murdoch, 92 anos, deixará a presidência da Fox Corporation e da News Corp e passará o cargo para o filho Lachlan, anunciaram as empresas nesta quinta-feira. A saída será oficializada na próxima assembleia geral de acionistas das duas empresas, em meados de novembro. Rupert Murdoch se tornará, então, presidente "emérito". A Forbes estima que o império de mídia do australiano-americano em US$ 17,4 (equivalente a R$ 85,6 bilhões).
O empresário deixa um legado polêmico, acusado de ter favorecido com seus jornais e canais de TV a ascensão do populismo nos países anglo-saxões, simbolizada pelo Brexit no Reino Unido e pela chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, em 2016.
Fique por dentro das últimas notícias no Telegram da Exame. Inscreva-se gratuitamente
Em memorando destinado "aos colegas" da Fox, Murdoch afirma que “a batalha pela liberdade de expressão e, em última instância, a liberdade de pensamento nunca foi tão intensa”. Em seu estilo habitual, o patriarca critica “as burocracias”, “as elites que desprezam abertamente aqueles que não fazem parte da sua classe desconectada” das pessoas, bem como "a maioria dos veículos de comunicação que confabulam com essas elites, que vendem narrativas políticas em vez de buscarem a verdade”.
"Em nome dos conselhos de administração da FOX e da News Corp, das equipes diretoras e de todos os acionistas que se beneficiaram de seu trabalho árduo, felicito meu pai por sua notável carreira de 70 anos", disse Lachlan Murdoch, 52, no comunicado divulgado pelas empresas, no qual saudou "seu espírito pioneiro, sua determinação inabalável" e seu "legado duradouro", acrescentando que conta com seus "conselhos valiosos".
Já presidente da Fox Corporation, Lachlan Murdoch se posicionava como favorito para suceder o pai entre seu irmão James, considerado mais liberal, e suas irmãs Prudence e Elisabeth, uma disputa familiar que inspirou a bem-sucedida série de TV “Succession”.
A nomeação de Lachlan não elimina as dúvidas sobre o rumo que o império tomará após a morte de Murdoch, uma vez que seus quatro filhos terão, então, os mesmos direitos de voto dentro do grupo.
Lachlan tomará as rédeas de um império que vem diminuindo após a compra pela Disney, em 2017, do grupo de entretenimento 21st Century Fox e de seu extenso catálogo de filmes, por US$ 66 bilhões (R$ 324,7 bilhões). Com isso, a Fox Corporation voltou a se concentrar nos esportes e na informação.
O dono do império Fox, cujo canal de notícias Fox News é essencial para os conservadores, afasta-se em um momento-chave, quando se aproximam as eleições presidenciais de 2024, em que Trump é favorito nas primárias republicanas.
Há cinco meses, a Fox News teve que pagar US$ 787,5 milhões (R$ 3,9 bilhões) à fabricante de urnas eletrônicas Dominion Voting Systems para evitar um processo por difamação, após a eleição presidencial de 2020. No processo, um de seus principais apresentadores, Tucker Carlson, deixou o canal, que perde audiência desde então.
O chefe de jornais mais poderoso e conhecido do mundo, que começou com um simples veículo em Adelaide, sua terra natal, a Austrália, no início da década de 1950, construiu um império internacional. Seus jornais e canais de televisão tiveram influência considerável no Reino Unido e nos Estados Unidos.
Criada em 1996 para competir com a CNN, a Fox News foi vista como tendo desempenhado um papel central na ascensão política de Trump, embora os meios de comunicação do grupo Murdoch (New York Post, The Wall Street Journal) nem sempre tenham perdoado o bilionário republicano.
Ao reinventar o estilo tabloide, misturando notícias sensacionalistas, escândalos, esportes e sexo, Murdoch teve sucesso, mas também enfrentou uma série de polêmicas, entre elas o escândalo dos métodos usados pelo tabloide britânico News of the World, em 2011. Funcionários invadiram os telefones de dezenas de pessoas, incluindo membros da família real, para colher informações em segredo, desafiando a lei. Devido a esse escândalo, o semanário fechou as portas, após 168 anos de existência