Kichute, Conga e Bamba, (Facebook e Enjoei/Reprodução)
Repórter de Negócios
Publicado em 16 de dezembro de 2023 às 08h02.
Última atualização em 3 de junho de 2024 às 10h45.
Se na cabeça a moda eram os mullets e na parte de cima do corpo, as ombreiras, nos pés, a sensação dos anos 1980 eram os tênis coloridos e vibrantes de marcas que ainda fazem parte da memória das pessoas.
Empresas nacionais como Kichute, Bamba, Rainha e Montreal lideravam o desejo de garotos e garotas numa era em que a palavra de ordem era ousadia, e as cores vibrantes eram tão essenciais quanto a trilha sonora de uma fita K7.
Depois, marcas internacionais foram ganhando mais espaço no mercado (e nos pés) brasileiros, e as empresas nacionais perderam sua força - pelo menos até recentemente, quando uma onda nostálgica fez algumas delas voltarem ao radar.
A EXAME separou cinco marcas que bombaram nos anos 1980 e te conta o que aconteceu com cada uma delas. Boa viagem no tempo.
A Kichute foi uma marca brasileira de calçados esportivos bastante popular nas décadas de 1970 e 1980. O tênis foi lançado em 1970 pela Alpargatas, aproveitando a popularidade do tricampeonato mundial conquistado pela seleção brasileira de futebol.
A empresa ficou conhecida por produzir um tênis simples, mas bastante robusto, principalmente para a prática de esportes como futebol e vôlei.
No auge da sua popularidade, no final dos anos 1970, o Kichute chegou a vender mais de nove milhões de pares por ano, o que o fazia um dos calçados mais rentáveis da Alpargatas.
No entanto, ao longo dos anos, a marca enfrentou desafios, incluindo mudanças no mercado de calçados esportivos e evoluções nas preferências dos consumidores.
No início dos anos 2000, a marca já não estava mais tão presente no mercado. Sua derrocada foi acompanhada da entrada de novas marcas importadas de tênis esportivos.
Em 2022, o Grupo Alexandria anunciou ao mercado que faria um retrofit para voltar com a Kichute como uma marca digital, sem lojas físicas. À época, disse que a estimativa era lançar o produto em 2023, mas os calçados ainda não estão à venda.
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A Alpargatas também tinha outra marca que bombava nos anos 1980: a Conga. Lançada em 1959, a marca estourou nos anos 1960 e 1970 - e seguiu como uma das mais vendidas nos anos 80.
No início dos anos 1990, a gigante de calçados descontinuou o modelo, também por causa da concorrência com produtos estrangeiros que se popularizaram no final do século passado.
Hoje em dia já não é mais uma marca, mas um modelo de calçado que é usado por diversas empresas, como Arezzo, Anacapri e Mr. Cat.
Fechando a trinca de sucessos lançados pela Alpargatas estava o Bamba, lançado pouco depois do Conga.
Inspirando nos All Star, o tênis nacional era de lona e solado de borracha. Assim como o norte-americano All Star, o Bamba tinha várias cores e podia ser usado por meninos e meninas.
O produto foi descontinuado à mesma época do Conga, no início dos anos 1990, e por motivos semelhantes: os preços dos calçados estrangeiros caíram ou começaram a ser produzidos por aqui mesmo, o que aumentou a concorrência e dificultou a vida dos tênis nacionais.
Nos anos 2000, ele voltou ao mercado com novas cores e formatos, aproveitando a onda retrô. Em 2022, a mesma empresa que anunciou o retorno do Kichute disse que faria um retrofit do Bamba, mas o produto ainda não foi lançado.
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Criado em 1934 pelas mãos do fabricante Saad&Cia, o Tênis Rainha se desenvolveu usando um processo à época pioneiro no mercado de manufatura, com a tecnologia de autoclave.
O sucesso nos pés da molecada, porém, aconteceu bons anos depois, quando a Alpargatas comprou a empresa, em 1978. Com isso, a marca deixa de ser apenas um artigo de luxo a passa a ser uma marca de grandes volumes, focando no modelo esportivo.
“É a primeira marca esportiva a fechar contrato de patrocínio com uma equipe, a Pirelli”, diz o site da companhia. “Por meio de ações inovadoras como esta junto ao esporte, a marca contribui para a profissionalização do vôlei e torna-se símbolo da década de 1980”.
Em 2015, a marca foi adquirida pela BR Sports, do Grupo Sforza, liderado pelo empresário Carlos Wizard Martins. O mesmo grupo é dono da Topper.
Até hoje, atua com e-commerce e com lojas físicas em São Paulo e Minas Gerais.
Essa marca ficou famosa não por ser da Alpargatas, mas pela propaganda que o apresentador Silvio Santos fazia dos tênis no seu programa Domingo no Parque. Lá, a criançada, numa cabine acústica, tinha que escolher (sem saber) se trocava algum outro produto por um “Tênis Montreal”.
A marca foi vendida e sua produção passou para Nova Serrana, em Minas Gerais. Nas redes sociais da empresa, as últimas atualizações são de 2015. O site do grupo já não está mais no ar.