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KIA vende metade do previsto e posterga plano de fábrica

Mudança de regras de importação fez com que vendas da empresa caíssem e com que matriz sul-coreana congelasse investimento em produção nacional

Quoris, lançamento da KIA no Salão do Automóvel de São Paulo 2012 (Divulgação)

Quoris, lançamento da KIA no Salão do Automóvel de São Paulo 2012 (Divulgação)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 23 de outubro de 2012 às 12h28.

São Paulo – No ano em que a KIA esperava comemorar seus 20 anos de atuação no país com a venda recorde de 100.000 carros importados, a empresa teve de se contentar com uma queda de vendas recorde. Enquanto no ano passado, a importadora vendeu 77.000 carros, em 2012 apenas 45.000 unidades da marca deverão ser emplacadas – menos da metade que o previsto para o ano.

O jeito foi deixar as comemorações de lado e focar no caminho tortuoso por qual a companhia está passando. O motivo, alega José Luiz Gandini, presidente da KIA, é a mudança de regra de importação estabelecida pelo governo, em que importadoras tem de pagar 30% de IPI a mais para vendas acima de 4.800 unidades.

“Entendemos que o critério usado pelo governo para essa definição foi a média de vendas das importadoras nos últimos três anos, mas ela prejudica muito a KIA que vende bem acima desse valor mínimo estabelecido”, disse Gandini, durante o Salão do Automóvel de São Paulo. “Penso que o governo deveria definir cotas distintas para cada marca de acordo com o histórico de cada uma no país”, afirmou.

A mudança de regra do setor fez com que a matriz sul-coreana da empresa, a mesma que controla a Hyundai, congelasse o plano de investir em uma fábrica da KIA no país.

“O Brasil é o que mais consome a marca entre os países com distribuidores independentes, a matriz não quer sair daqui. Mas, para investir em uma fábrica que produza 100.000 veículos por ano, com essas regras atuais, fica muito difícil”, disse o empresário.

A queda das vendas fez com que a companhia tivesse de adotar algumas mudanças na sua operação por aqui. As margens das 172 concessionárias brasileiras da marca foram reduzidas em 2%. O preço de alguns modelos vendidos, como o Picanto, foi reajustado e aportes destinados para ações de marketing cortados.

“Impondo essas regras de setor para a KIA, o governo brasileiro não está levando em conta as concessionárias que temos, o tanto que já investimos, nem os 8.000 empregos gerados por meio de nossa operação no país”, afirmou Gandini.

A previsão de vendas da KIA para o próximo ano também é animadora: outros 50.000 carros da marca devem ser vendidos em 2013. O mais procurado hoje é o Sportage branco com teto solar. “A Carminha realmente ajudou bastante nisso”, afirmou o empresário se referindo à vilã da novela Avenida Brasil, que usava o modelo na atração exibida até semana passada pela TV Globo.

Divisor de águas

Durante o Salão do Automóvel, a KIA ainda apresentou seu novo sedã carro-chefe, o luxuoso Quoris, que deve chegar ao mercado no segundo trimestre de 2013. O preço ainda não está definido, mas deve girar em torno de 300.000 reais.


A KIA acredita que o Quoris será um divisor de águas em termos de elevar a percepção dos consumidores sobre a marca. Com motorização V6 e transmissão automática de oito velocidades, o modelo é o primeiro da KIA com tração traseira e estará disponível com motor Lambda V6 3.8 litros MPI de 290 cv.

Com acabamento em couro, os assentos frontais são elétricos, aquecidos e ventilados. O banco do motorista possui 16 formas de ajuste e configurações de memória para dois usuários, enquanto o banco do passageiro tem dez formas de ajuste. O banco traseiro tem três estágios de aquecimento no assento e no encosto e um apoio de braços central dobrável.

Além dele, a KIA afirmou já ter entrada com homologação para trazer o modelo híbrido do Optima. “Mas estamos esperando a definição de regras também, Acreditamos que o governo teria de cobrar, pelo menos, o mesmo de imposto que os carros convencionais para a venda de modelos que possuem menos”, disse Gardini. 

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