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Justiça considera Collins culpada por trabalho escravo

Segundo decisão do TRT, grife tem "responsabilidade solidária" em caso de trabalho degradante encontrado em uma de suas fornecedoras, em 2009


	Collins: de janeiro de 2009 a junho de 2010, foram encontradas 78 oficinas irregulares produzindo para a marca
 (Reprodução/Facebook/Collins)

Collins: de janeiro de 2009 a junho de 2010, foram encontradas 78 oficinas irregulares produzindo para a marca (Reprodução/Facebook/Collins)

Luísa Melo

Luísa Melo

Publicado em 3 de outubro de 2014 às 11h48.

São Paulo - Para a Justiça, a Collins também é culpada por um caso de trabalho escravo registrado em uma de suas fornecedoras, em 2009. A decisão é do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo e foi publicada no dia 23 de setembro. 

De acordo com o órgão, a grife tem responsabilidade solidária pelos direitos trabalhistas não concedidos a uma costureira boliviana. A mulher trabalhava em condições análogas à de escravo em uma cofecção que produzia peças para a Modas Serafina, empresa especializada em roupas e acessórios femininos que pertence ao mesmo grupo da Collins.

Por responsabilidade solidária, a empresa fica obrigada a pagar (junto com a fornecedora) as verbas rescisórias, multas e todos os outros encargos trabalhistas que haviam sido negados à trabalhadora, além de uma indenização de 15 mil reais por dano moral.

A decisão foi tomada em segunda instância. Em primeiro grau, havia sido reconhecido o vínculo empregatício da costureira com o seu aliciador (que também é boliviano), mas negada a responsabilidade da Modas Serafina no caso. 

Desta vez, porém, o TRT entendeu que, embora a prestação de serviços não fosse exclusiva, a maior parte das peças confeccionadas na oficina em que trabalhava a boliviana era destinada à Modas Serafina, que as repassava para a Collins. 

Condições

Segundo o processo, a mulher trabalhou na fábrica de roupas entre 1º de julho e 30 de outubro de 2009, quando conseguiu fugir. Ela costurava durante 18 horas por dia, sem intervalo para descanso, de segunda a sábado, e teria recebido um salário de 480 reais apenas no primeiro mês de trabalho. 

De acordo com nota, o desembargador Jonas Santana de Brito, da 15ª Turma do TRT-SP, que foi o relator do processo em segunda instância, concluiu que a Collins obteve lucro com mão de obra executada em condições precárias e semelhantes à de escravo. 

A empresa ainda pode recorrer da decisão. 

Outros casos

Em 2011, a Defensoria Pública da União em São Paulo (DPU/SP) ajuizou ação civil pública contra a Collins por conta de um flagrante de trabalho escravo em oficinas contratadas pela grife, ocorrido em 2010. O processo pedia indenização de 300.000 reais. À época, para não ter de arcar com as multas, a empresa assinou um termo de ajustamento de conduta

De acordo com investigação realizada pela Superintendência Regional de Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE/SP), de janeiro de 2009 a junho de 2010, foram identificados 78 estabelecimentos irregulares que produziam para a marca.

Juntos, eles entregaram mais de 1,8 milhão de peças para a Collins. Como resultado, a empresa teria sonegado quase 140 milhões de reais ao FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e cerca de 400.000 ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

EXAME.com entrou em contato com a Collins, mas não recebeu posicionamento. 

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