Com dívidas de R$57,5 milhões, pedido de recuperação judicial da Casa do Pão de Queijo inclui fábrica e lojas próprias; franquias não foram incluídas (Casa do Pão de Queijo/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 4 de julho de 2024 às 08h51.
Última atualização em 4 de julho de 2024 às 13h56.
A Justiça determinou nesta quarta-feira, 3, que a Casa do Pão de Queijo passe por uma perícia antes de aceitar o pedido de recuperação judicial. A 1ª Vara Regional de Competência Empresarial e de Conflitos Relacionados a Arbitragem de Campinas quer constatar previamente as reais condições de funcionamento da empresa e legitimidade de documentos apresentados no pedido de RJ. O laudo preliminar deve ser apresentado em até cinco dias a partir da decisão, publicada ontem.
A Casa do Pão de Queijo também conseguiu uma liminar contra o corte de energia elétrica da empresa, visando manter as lojas próprias e fábrica em operação. O pedido de recuperação judicial inclui a fábrica em Itupeva, em São Paulo, e 28 unidades próprias localizadas em aeroportos. As 170 franquias da rede estão fora da ação.
O montante da dívida é R$ 57,5 milhões. Do total da dívida, R$ 244 mil seriam devidos a credores trabalhadores, R$ 55,8 milhões aos chamados quirografários e R$ 1,3 milhão a credores enquadrados como microempresas e empresas de pequeno porte. Veja a lista dos principais credores aqui.
A Casa do Pão de Queijo apostou nos últimos anos na abertura de unidades próprias em diversos aeroportos. A empresa investiu aproximadamente R$ 14 milhões para abrir dez novas lojas em aeroportos privatizados, motivada por grandes eventos internacionais como a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.
No entanto, a pandemia de covid-19 em março de 2020 causou uma queda drástica no faturamento, com perdas de 97% nos primeiros três meses e uma redução total de 50% no ano, informa a empresa no processo.
Os franqueados da Casa do Pão de Queijo também foram severamente impactados. A empresa informa que muitos franqueados tiveram de fechar suas lojas.
Na pandemia, a fábrica de Itupeva interrompeu a produção várias vezes, resultando em perda de produtividade.
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A empresa também destaca a falta do delivery como um agravante para a queda da receita durante a pandemia.
"A empresa enfrentou dificuldades para obter linhas de crédito junto aos bancos, sendo forçada a recorrer ao não pagamento de impostos temporariamente", diz o processo.
A Casa do Pão de Queijo operava quatro lojas no aeroporto de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, que geravam um fluxo de caixa significativo para a empresa.
A tragédia climática que atingiu o estado teve um impacto financeiro negativo de quase R$ 1 milhão por mês em vendas e resultou em uma perda de Ebitda de aproximadamente R$ 250 mil por mês, informou a empresa no processo.
Devido a essa inundação e a falta de previsão de retorno à normalidade, a empresa demitiu 55 funcionários, agravando ainda mais a crise financeira.