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Como seis amigos da Bahia criaram uma gigante da internet brasileira?

O Jusbrasil tem 36 milhões de acessos mensais e acaba de anunciar a própria inteligência artificial, que vai facilitar ainda mais o acesso à informação jurídica

Luiz Paulo Pinho, um de seis fundadores da Jusbrasil: empresa acaba de lançar a própria inteligência artificial (Jusbrasil/Divulgação)

Luiz Paulo Pinho, um de seis fundadores da Jusbrasil: empresa acaba de lançar a própria inteligência artificial (Jusbrasil/Divulgação)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 19 de março de 2025 às 08h53.

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Alguns sites estão há tanto tempo nas respostas do Google que já se aproximam de uma relíquia brasileira.

Uma delas não é uma rede social, mas está sempre entre as primeiras opções quando se pesquisa um nome completo. E, apesar de remeter a um site do governo, é uma empresa privada da Bahia.

Fundada em 2008, o Jusbrasil nasceu com a proposta de ser o “Google do setor jurídico”, mas rapidamente se tornou útil para qualquer brasileiro que queira se inteirar sobre o assunto.

A história da empresa começa alguns anos antes, quando seus seis fundadores tentaram criar uma ferramenta de busca para competir com a gigante americana. “Claramente, não deu certo”, diz o fundador Luiz Paulo Pinho.

De Salvador, Luiz Paulo Pinho, Rafael Costa, Rodrigo Barreto, Daniel Murta, Gustavo Maia e Osvaldo Matos Júnior tinham entre 20 e 28 anos, quando decidiram embarcar na criação de um buscador para a internet profunda. Hoje, vinte anos depois, somente Osvaldo não está mais na empresa.

Em menos de um ano no ar, o site conquistou 1 milhão de visitantes únicos. Uma conta rápida fez eles perceberem que o potencial do Jusbrasil era muito maior do que o setor jurídico: na época, Pinho estima que existiam por volta de 700 mil advogados com OAB ativa no Brasil, um número consideravelmente menor do que entrava no site todo mês.

“Nossa ideia inicial era ser mais um buscador, mas percebemos que a informação jurídica não era exclusiva dos advogados. Ela também era essencial para o cidadão comum”, afirma Pinho.

Uma IA para chamar de nossa

Embora seja um dos sites brasileiros mais acessados da internet, o Jusbrasil sempre foi uma empresa de baixo perfil. Focada no seu trabalho, a plataforma cresceu ano após ano sem se deixar distrair por holofotes.

Segundo dados da plataforma de monitoramento SemRush, o site tem 36 milhões de visitas mensais. Para efeitos de comparação, ela fica um pouco atrás de sites como Correios e Reclame Aqui, com aproximadamente 42 milhões de visitas cada.

Mas a empresa parece estar pronta para um novo capítulo. Nesta quarta-feira, 19, o Jusbrasil anuncia o lançamento do Jus IA, um assistente jurídico baseado em inteligência artificial que amplia a capacidade da plataforma de fornecer respostas rápidas e precisas sobre questões jurídicas.

São mais de 1,2 bilhão de documentos para analisar, a maior base jurídica do Brasil. A nova ferramenta garante que as respostas sejam fundamentadas em normas, decisões e jurisprudência reais, minimizando riscos de respostas imprecisas. Isso porque o Jusbrasil desenvolveu um modelo de linguagem próprio em parceria com a Maritaca AI, empresa brasileira de inteligência artificial.

Agora, por exemplo, o cidadão comum pode coletar informações sobre um processo e pedir ajuda da inteligência artificial para entendê-lo. Já os profissionais do setor jurídico podem usufruir da plataforma todo dia como ferramenta de trabalho. "Nosso objetivo com o Jus IA é continuar sendo um parceiro do advogado, e não substituir ele", afirma Pinho.

A inteligência artificial permitiu que o desejo inicial daqueles seis jovens de Salvador fosse realizado: oferecer aos brasileiros informações das quais eles têm direito de saber, de forma acessível e palatável. Mas Pinho deixa claro que essa é só mais uma seção de um longo processo: "A IA é o próximo passo dessa jornada de evolução".

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