Jumbo Eletro: lojas eram conhecidas por seu grande tamanho e pela ampla variedade de produtos, algo inédito no Brasil da época (Facebook/Reprodução)
Repórter de Negócios
Publicado em 14 de dezembro de 2024 às 09h18.
Nos anos 1970 e 1980, fazer compras no Jumbo Eletro era sinônimo de modernidade. O hipermercado, com seu icônico elefante como símbolo, revolucionou o varejo brasileiro ao oferecer tudo em um só lugar: de eletrodomésticos a itens de mercearia, passando por brinquedos e produtos para casa.
Mas, como outras gigantes do setor, o Jumbo desapareceu. Como?
A história do Jumbo Eletro é uma saga de inovação, fusões e declínio que ajuda a entender as mudanças do varejo no Brasil.
O início da história do Jumbo Eletro remonta aos anos 1940, com a fundação da Eletroradiobraz no bairro do Brás, em São Paulo.
No início, era uma oficina que consertava rádios e pequenos eletrodomésticos. A empresa rapidamente evoluiu, começando a vender produtos novos além de consertar os usados, o que abriu caminho para sua transformação em uma das maiores redes varejistas do país.
Na década de 1970, a Eletroradiobraz já operava supermercados e lojas de departamentos, mas deu seu grande salto ao inaugurar seu primeiro hipermercado em 1971, na Água Branca, em São Paulo.
O empreendimento, chamado “Baleia”, surgiu para competir com o Jumbo, o primeiro hipermercado do Brasil, pertencente ao Grupo Pão de Açúcar.
O "casamento" entre a Baleia e o Elefante veio em 1976, quando o Grupo Pão de Açúcar adquiriu a Eletroradiobraz.
A fusão consolidou a marca Jumbo Eletro, que logo dominou o mercado de hipermercados no Brasil.
Durante os anos 1980, o Jumbo Eletro viveu seu auge. As lojas eram conhecidas por seu grande tamanho e pela ampla variedade de produtos, algo inédito no Brasil da época.
Era possível encontrar praticamente tudo: eletrodomésticos, móveis, brinquedos, itens de pesca, roupas e até mercearia.
Os consumidores ficavam maravilhados com o conceito de tudo em um só lugar, e o elefante tornou-se um símbolo de confiança e inovação.
O Jumbo Eletro também inovou na experiência de compra, trazendo práticas comuns no exterior, como grandes estacionamentos, carrinhos amplos e um layout que facilitava a circulação pelos corredores.
A rede cresceu rapidamente, expandindo-se para várias capitais brasileiras e pontos estratégicos. No auge, o Jumbo Eletro tinha dezenas de lojas espalhadas pelo país, especialmente nas regiões Sudeste e Sul.
No início dos anos 1990, o mercado varejista brasileiro começou a mudar.
A estabilização econômica trazida pelo Plano Real e o aumento da concorrência fizeram com que o modelo do Jumbo Eletro enfrentasse desafios. Redes como Carrefour e Walmart começaram a operar no país, trazendo formatos ainda mais modernos e competitivos.
O Grupo Pão de Açúcar, atento às mudanças no mercado, decidiu unificar suas operações de hipermercados sob uma nova bandeira. Assim, o Jumbo Eletro foi gradualmente transformado no Extra, uma marca que pretendia modernizar o portfólio do grupo e atrair novos públicos.
Apesar da transição bem-sucedida, o formato de hipermercado enfrentou dificuldades crescentes nas décadas seguintes. Em 2021, o Grupo Pão de Açúcar decidiu sair do segmento de hipermercados, vendendo as lojas Extra para o Assaí e encerrando de vez uma era iniciada com o Jumbo Eletro.
Embora a marca Jumbo Eletro tenha desaparecido, seu impacto no varejo brasileiro é inegável. Foi pioneira em introduzir o conceito de hipermercado no país e em transformar a experiência de compra.
Para muitos consumidores, o elefante representava um lugar de descobertas e novidades, enquanto famílias inteiras passeavam pelos corredores em busca de eletrodomésticos, brinquedos ou as ofertas do dia.
A história do Jumbo Eletro é um lembrete de como inovações podem transformar mercados, mas também de como é essencial se adaptar às mudanças. Seu legado vive na memória de quem testemunhou a época em que fazer compras no hipermercado era um evento tão grandioso quanto o próprio elefante.