Logo da Oi: para juiz do caso Varig, tirar a empresa de telecomunicações do mercado traria sérias consequências (Dado Galdieri/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 19 de julho de 2016 às 14h02.
Rio - O juiz do Tribunal de Justiça do Rio Luiz Roberto Ayoub, que atuou no processo de recuperação judicial da Varig, avalia que é necessário empenhar todos os esforços para a recuperação da operadora de telefonia Oi, a maior reestruturação do País.
O magistrado destacou a importância da companhia - que entrou com pedido de recuperação judicial no dia 20 de junho - para o Brasil.
"Temos que envidar todos os esforços, no limite do que é possível, porque todos são interessados em recuperar essa empresa", afirmou o juiz durante o workshop "A recuperação judicial de empresas: novos desafios em tempos de crise", promovido pela OAB-RJ, com apoio do Centro Brasileiro de Mediação e Arbitragem (CBMA).
Ayoub destacou que tirar a tele do mercado traria sérias consequências. "Não falo somente em telefone celular, mas em toda a estrutura ótica da Oi que alimenta os quatro cantos do País. Dos 27 tribunais, 24 dependem da Oi", disse.
Para Ayoub, a companhia é estratégica por todas as riquezas que produz. "Tem que ter um pró-ativismo do Judiciário", disse.
Sobre o endividamento da companhia, o juiz ressaltou que apesar da dívida ser grande (R$ 65,4 bilhões no processo), as receitas da tele também são significativas, assim como os seus ativos.
O magistrado ponderou que não está envolvido no caso da Oi. Questionado sobre o andamento do processo da Sete Brasil, também informou que não atua nele.
Ainda sobre o processo da Oi, a presidente da Comissão Especial de Recuperação de Empresas da OBA/RJ, Juliana Bumachar, afirmou que há a expectativa de que surjam novidades, diante da magnitude do caso.
A advogada citou que são 400 volumes de processo, cada um com 200 páginas.
"É um caso único, nunca aconteceu. Vão surgir novidades. A lei está aí para ser colocada a prova", afirmou durante o workshop.
Para a advogada, a chance de sucesso da Oi no processo de recuperação judicial é grande. "A empresa tem viabilidade operacional e o passivo dela, da maneira que está, consegue chegar a um equacionamento com os credores".
Juliana disse ainda que, dependendo do tamanho do desconto da dívida que for definido no plano (haircut), algumas pequenas empresas credoras podem ter que recorrer à recuperação judicial também, como consequência do movimento da Oi.