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Mariana Desidério
Publicado em 31 de julho de 2018 às 11h05.
Última atualização em 31 de julho de 2018 às 11h08.
Cinquenta e dois herdeiros de grandes fortunas deleitam-se com esplendor e elegância no Four Seasons.
Eles tomam cafés gourmet e falam a língua da riqueza. A conversa é sobre dinheiro, noblesse oblige, tecnologia, Fórmula Um. Na hora do almoço, um refrescante vinho rosé é servido, com uma degustação liderada pelo filho de Jon Bon Jovi, Jesse.
Bem-vindo ao campo de treino de ricos.
Aqui, não muito longe de Wall Street, o banco suíço UBS Group, um gigante do setor, organizou seu Programa de Jovens Sucessores (YSP, na sigla em inglês), um workshop anual de três dias para pessoas que nasceram endinheiradas. Parte tutorial e parte exercício de atualização pessoal, o evento foi criado para carimbar a marca UBS na mente da próxima geração de ricaços — em essência, para fisgá-los enquanto são jovens.
Com uma idade média de 27 anos, os participantes do YSP realizado em junho e de outros eventos dedicados à próxima geração que foram organizados por instituições como UBS, Citi Private Bank, Morgan Stanley e Credit Suisse, um dia estarão entre os clientes mais procurados do mundo. Ou, pelo menos, essa é a esperança. Em uma época de extrema afluência, os gestores de recursos de elite estão competindo pelos hiper-ricos como nunca antes. O mundo sofrerá uma mudança geracional na riqueza que vai repercutir nas empresas internacionais e nos mercados financeiros, e os bancos não podem se dar ao luxo de não dar valor a alguma conta - atual ou futura.
De certo modo, esses programas - também realizados em cidades como Zurique, Londres e Cingapura - representam oportunidades exclusivas de fazer contatos, onde os jovens ricos podem ser jovens e ricos juntos.
Essa intimidade "permite que eles abaixem a guarda, para variar", disse John Mathews, diretor de gestão de patrimônio privado e de patrimônio líquido ultra-alto para o UBS Wealth Management USA.
As reuniões também permitem que os bancos privados mostrem a ampla gama de serviços que oferecem, o que é crucial, já que o investimento se torna amplamente mercantilizado – e que este assunto normalmente não desperta o entusiasmo dos millennials.
Por isso, embora um dos programas para a próxima geração do Citi Private Bank ofereça um dia de teoria e estratégia financeira, ele também dedica um dia ao empreendedorismo e à inovação e outro ao planejamento patrimonial.
"Queremos que os jovens entendam que, como descendentes de uma família rica e com um legado empresarial, eles têm responsabilidades", disse Money K., que lidera os programas globais para a próxima geração do Citi em Cingapura. "Eles acabarão herdando, então como devem pensar a respeito, quais são as regras de planejamento patrimonial em diferentes jurisdições do mundo?"
Provocar a comunicação entre os herdeiros e seus pais pode render os maiores dividendos para os gestores de patrimônio.
"Voltei para casa e fiz um milhão e meio de perguntas a meus pais sobre como as coisas estão organizadas", disse Jesse Bongiovi. Ele foi apresentado ao assessor da família e eles se reuniram várias vezes desde então. Bongiovi disse que agora ele está muito mais familiarizado e envolvido com a situação de sua família e seus próximos passos.
E, claro, ele também está mais familiarizado com o UBS. Missão cumprida.