Jim Collins: é possível evitar a falência (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 11 de novembro de 2010 às 16h14.
São Paulo – Nenhum executivo planeja falhar, mas algumas atitudes podem guiá-lo direto ao fracasso sem que ele tenha consciência. Por isso, em vez de apenas passar uma receita para o sucesso, o guru Jim Collins prefere falar do que leva as empresas à falência e como evitar que isso aconteça. Segundo o estudioso, ninguém consegue fazer uma companhia crescer sem ajuda de uma equipe, mas uma única pessoa é capaz de destruir a organização.
Considerado o sucessor de Peter Drucker, Collins é autor de quatro livros, como Empresas Feitas para Vencer e o mais recente Como as Gigantes Caem, lançado este ano no Brasil. Em palestra no HSM ExpoManagement, nesta quarta-feira (10/11), em São Paulo, o estudioso falou enfaticamente dos cinco estágios em direção à falência e deu orientações sobre as melhores práticas para fugir deles. Confira.
1) A arrogância que nasce do sucesso
O orgulho é também um pecado capital no mundo dos negócios. De acordo com Jim Collins, a arrogância diante de uma situação confortável de sucesso é o primeiro passo para a auto-sabotagem, já que leva à negligência sobre assuntos importantes do negócio. Além do desleixo, a prepotência também leva o executivo a pensar que ele, sozinho, é a chave do sucesso da empresa.
“O executivo arrogante não reconhece que o sucesso também pode se dever à sorte, ao acaso, às bênçãos, à ajuda de outras pessoas”, afirma. A antítese disse, segundo ele, é o líder que tem ambição pelo negócio e não por ele mesmo, que é humilde e tem boa vontade, que tem consciência de que, sozinho, não se constrói nada.
2) A busca indisciplinada de cada vez mais
No segundo estágio, o executivo arrogante se vê maravilhado pelo crescimento e continua querendo mais. No entanto, como diz a lei de Packard (criada por David Packard, co-fundador da HP), é mais provável uma empresa morrer de indigestão, por excesso de oportunidades, do que de fome. Collins assina embaixo dessa teoria e complementa: “se deixarmos que o crescimento exceda a capacidade de preencher os cargos certos com as pessoas certas, vamos cair. Temos que ter as pessoas certas para controlar o crescimento”.
Ao dizer “pessoas certas”, o especialista se refere àquelas que não precisam ser motivadas para realizar o trabalho, pois já têm a disposição necessária para isso. Ao contratar esses funcionários, a empresa deve se preocupar apenas em não desmotivar os trabalhadores. Os funcionários ideais, segundo Collins, também possuem a cultura e os valores da empresa, não precisam ser gerenciados o tempo todo, consideram que seu trabalho é mais do que um emprego, mas uma responsabilidade, cumprem o que prometem, têm maturidade para reconhecer os méritos dos outros e têm paixão pelo que fazem.
3) É melhor ter fé do que ser otimista
Existe uma grande diferença entre ser otimista e ter fé no futuro. Enquanto o otimista tem certeza que a situação vai melhorar em um tempo específico e determinado, a pessoa de fé espera que isso aconteça, embora saiba que há chances de se frustrar. O terceiro estágio diz respeito exatamente a essa postura otimista e pouco prudente que não enxerga os riscos e o perigo nos empreendimentos.
“Você precisa se perguntar ‘quais são os fatos mais cruéis do meu negócio?’. Só respondendo a pergunta é que conseguirá vencer”, afirma Jim Collins. O guru considera que é necessário fazer uma “autópsia” do trabalho, para verificar os riscos e montar estratégias para se proteger deles. Segundo ele, os riscos sempre vão existir, mas a forma de lidar com eles é determinante para a manutenção ou naufrágio do negócio.
4) À procura da salvação
Quando uma empresa chega ao estágio 4, as sirenes de alerta começam a tocar. Com resultados em queda devido à arrogância, indisciplina e negligência dos perigos e riscos, a alta cúpula procura alguém para salvar a companhia do colapso iminente. “Quase nunca dá certo buscar um líder de fora nesse momento crítico. Essa é uma atitude indisciplinada”, diz Jim Collins.
Para sair do buraco, a empresa deve resgatar sua razão de ser, sua cultura, valores, visão, ou seja, seu “ouriço”, como Collins costuma falar. Um executivo externo pode ajudar em alguns pontos, mas dificilmente ele irá ajudar a devolver a disciplina da empresa, uma vez que não a conhece a fundo. Nesse momento, o especialista orienta a buscar qual é a genética e a utilidade do negócio. Assim que a companhia resgatar seu DNA, ela terá forças para sair dessa fase. Caso contrário, cairá no próximo nível.
5) Capitulação para a irrelevância ou morte
“Eu tenho uma notícia boa e uma ruim. A boa é que uma companhia pode, sim, se recuperar do estágio 4. A ruim é que não há salvação no nível 5”, afirma Collins. De acordo com ele, não há muito o que aprender com as empresas que caem no estágio 5, mas há lições passadas pelos seus opostos que podem ajudar a evitar o fim da linha. O especialista indica que as empresas que perduram por décadas têm aspectos comuns de sucesso.
Além da fundamental estabilidade financeira, é necessário conhecer a missão, a razão de ser, da companhia. “É preciso entender como seria a vida do cliente se a empresa desaparecesse, do que ele poderia sentir falta”, diz. Os valores e a coerência, sustentados por uma base de líderes “certos nas funções certas”, também estão entre os motivos para o sucesso das empresas. O guru também orienta os executivos a ter sempre um propósito além do lucro, que nunca deve ser a finalidade única ou principal da empresa.