Fernando Silva, fundador do Jeitto: foi ele quem estruturou o Renaissance Credit, um dos maiores bancos de crédito da Rússia
Repórter
Publicado em 10 de março de 2025 às 10h00.
O Brasil tem 70 milhões de pessoas sem acesso ao sistema financeiro formal. Para elas, conseguir crédito pode ser um desafio quase impossível. Sem histórico bancário ou garantia, as alternativas se resumem a empréstimos informais, financeiras que cobram juros abusivos ou o crediário das grandes varejistas. No final, o custo do dinheiro pesa muito mais para quem menos pode pagar.
Foi nesse vácuo deixado pelo sistema bancário tradicional que a fintech Jeitto encontrou uma oportunidade. Fundada em 2014, a empresa cresceu mirando um público que sempre esteve à margem do crédito — as classes C e D — e hoje colhe os frutos dessa estratégia.
Em 2024, a fintech bateu R$ 770 milhões em faturamento, um crescimento de 82% em relação ao ano anterior, e atingiu o breakeven. Agora, mira um novo patamar: R$ 1 bilhão em receita para 2025.
"Nosso objetivo sempre foi garantir acesso a crédito de forma justa e eficiente. O crescimento mostra que estamos no caminho certo", afirma Fernando Silva, CEO e fundador do Jeitto.
Engenheiro metalúrgico de formação, Fernando Silva construiu uma carreira global antes de apostar no mercado brasileiro. Começou na Índia nos anos 90 e, depois de um mestrado na University of Birmingham, no Reino Unido, entrou no setor financeiro no Brasil.
Daqui, partiu para uma jornada internacional que incluiu lideranças estratégicas na GE Capital e a criação de bancos e fintechs em mercados emergentes como Rússia, Nigéria e Leste Europeu.
Foi ele quem estruturou o Renaissance Credit, um dos maiores bancos de crédito da Rússia, e expandiu suas operações para países como Ucrânia, Romênia e Polônia.
Na Nigéria, participou da criação de uma nova instituição financeira focada em concessão de crédito. E, em 2012, cofundou a fintech Mokka, especializada em pagamento parcelado, que se tornou referência em países como Rússia e Bulgária.
"Vi de perto como soluções financeiras bem estruturadas podem transformar a vida das pessoas. O Brasil tem um mercado gigante e uma demanda reprimida enorme", explica. Foi com essa visão que ele decidiu voltar ao país e criar o Jeitto.
O Jeitto é um aplicativo de crédito e consumo focado nas classes C e D, operando como uma carteira digital.
Os usuários podem pagar contas, recarregar celulares, fazer compras online e realizar transferências sem precisar de uma conta bancária tradicional.
A fintech se diferencia ao utilizar inteligência artificial para analisar o perfil de crédito, permitindo aprovações mesmo para clientes que têm restrições no CPF.
Foram 10 milhões de clientes conquistados em 2024, o que levou a empresa a quase dobra o faturamento. Além disso, a empresa atingiu o breakeven, um marco importante para a sustentabilidade do negócio.
Rebranding do Jeitto: novo posicionamento de marca visa aproximar marca do consumidor
Com a marca consolidada, o Jeitto anunciou um rebranding completo para refletir seu compromisso com o público-alvo. A nova identidade visual traz um logo inspirado no símbolo de atualização, reforçando a ideia de agilidade e inovação.
"Estamos ao lado dos brasileiros que fazem muito com pouco. Nossa comunicação precisava traduzir isso de forma clara e acessível", diz Marcus Pesavento, Head de Marketing.
A empresa também reforça seu modelo de trabalho baseado em aprendizado contínuo. De acordo com Alex Franco, CRO e CTO do Jeitto, a equipe está estruturada para testar e validar novas soluções rapidamente, sempre com base em dados e no feedback dos usuários.
Além da nova identidade, o Jeitto está ampliando seu portfólio. Recentemente, adquiriu a Pilla, plataforma de crédito consignado, e lançou o Shópi Jeitto, um marketplace com mais de 25 lojas parceiras. A ideia é oferecer não apenas crédito, mas também soluções de consumo acessíveis, permitindo que os clientes utilizem seus limites diretamente dentro do app.
Olhando para 2025, a fintech tem planos ambiciosos. A expectativa é ultrapassar R$ 1 bilhão em faturamento, impulsionada pela expansão dos produtos de crédito e pelo fortalecimento de seu marketplace.
Para Fernando Silva, o objetivo continua o mesmo: democratizar o crédito no Brasil. "O sistema financeiro tradicional ainda não atende milhões de brasileiros. Queremos mudar isso, garantindo acesso a soluções financeiras de forma justa, transparente e eficiente", afirma o CEO.