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JBS estuda criar empresa independente só para proteína vegetal

Proteína animal será premium no futuro, e as pessoas terão que recorrer a alternativas de origem vegetal, diz CEO

JBS: Giganet considera ter empresa só para carne vegetal (Ueslei Marcelino/Reuters)

JBS: Giganet considera ter empresa só para carne vegetal (Ueslei Marcelino/Reuters)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 25 de fevereiro de 2021 às 12h25.

Última atualização em 26 de fevereiro de 2021 às 12h28.

A demanda por hambúrgueres de carne “fake” cresce tão rápido que a JBS considera criar uma empresa global focada exclusivamente em produtos à base de plantas.

Proteína animal será um produto premium no futuro, e as pessoas terão que recorrer a alternativas de origem vegetal, que serão mais baratas, disse o diretor-presidente da JBS, Gilberto Tomazoni, em entrevista à Bloomberg. Além disso, a população mundial está crescendo e deve somar 10 bilhões em 2050. Não será possível produzir a quantidade de carne necessária para satisfazer as necessidades mundiais de proteína.

A linha “plant-based nos ajudará a reduzir esse gap de proteínas com produtos mais acessíveis em comparação com a proteína animal, que será mais premium”, disse Tomazoni. “Vemos plant-based como um business independente no futuro.”

A JBS é apenas uma das muitas empresas tradicionais de alimentos e em expansão que apostam em substitutos da carne em meio ao maior interesse por proteínas vegetais. A demanda de consumidores disparou depois que startups como Beyond Meat e Impossible Foods popularizaram hambúrgueres vegetarianos que imitam a carne bovina. Empresas como McDonald’s e Starbucks incluíram produtos alternativos à carne em seus menus.

A JBS, assim como a rival Tyson Foods, entrou no mercado de carne à base de plantas em 2019, e equipes regionais ao redor do mundo desenvolveram produtos de acordo com as demandas locais. Ao dar autonomia aos times regionais, o objetivo da JBS era ganhar agilidade no lançamento de produtos. “Não queríamos perder o timing”, disse Tomazoni. A nova empresa imaginada pelo executivo reuniria todos esses negócios regionais em um empreendimento global.

A empresa já tem presença considerável, com cerca de 57% do mercado de hambúrgueres vegetais no Brasil e um portfólio de 11 produtos sob a marca Incrível, da Seara. Na Europa, a subsidiária Moy Park fornece hambúrgueres de frango fake para restaurantes e redes de fast-food. Nos EUA, por meio de sua subsidiária Planterra, a empresa também tem 10 produtos à base de plantas em mais de 3 mil lojas sob a marca OZO, onde as vendas aumentaram 300% no ano passado.

Ainda será um desafio competir com empresas como a Beyond Meat, que criou a onda da carne fake. Investidores têm redobrado a aposta em startups de proteínas alternativas, que levantaram um recorde de US$ 2,4 bilhões em financiamento em 2020, segundo a empresa de pesquisa de mercado CB Insights.

“Temos a base para crescer nesse mercado: capacidade de inovação, investimentos em pesquisa, acordos com empresas globais para fornecimento de ingredientes, presença no varejo. Estamos muito entusiasmados com o que podemos fazer”, disse Tomazoni.

Por enquanto, o foco da JBS é desenvolver produtos e buscar entender melhor o mercado, disse ele. Embora ainda não esteja claro o potencial de crescimento do consumo de carne vegetal, uma coisa parece certa: não é apenas um nicho de mercado. A crescente classe média na Ásia e na África quer incluir cada vez mais proteínas em suas dietas. A produção de proteínas precisa aumentar 70% nos próximos 30 anos para atender à demanda, disse Tomazoni, citando números da ONU.

“Esta é uma corrida de longo prazo”, disse. “Os consumidores terão mais opções.”

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