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JBS: Como R$ 800 milhões de lucro viraram R$ 5,9 bilhões de prejuízo

Companhia precisou realizar abates em massa de suínos nos Estados Unidos e vive surtos de coronavírus entre funcionários.

JBS: empresa teve prejuízo de 5,6 bilhões de reais (JBS/Divulgação)

JBS: empresa teve prejuízo de 5,6 bilhões de reais (JBS/Divulgação)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 15 de maio de 2020 às 17h37.

Última atualização em 15 de maio de 2020 às 20h42.

A produtora de carnes JBS vive o desafio de manter sua produção em meio à pandemia do novo coronavírus, a alta do dólar e os entraves logísticos impostos pelo isolamento social. A companhia precisou realizar abates em massa de suínos nos Estados Unidos por dificuldade de escoamento da produção e vive surtos de coronavírus entre funcionários.

A JBS teve receita líquida de 56 bilhões de reais no trimestre, alta de 27% em relação ao mesmo período do ano anterior. No entanto, teve prejuízo de 5,9 bilhões de reais, devido principalmente à variação cambial. “O resultado foi impactado pela tradução da dívida em dólar para reais. Se descontamos o efeito da variação cambial, teríamos reportado um lucro de 800 milhões de reais”, disse o diretor financeiro Guilherme Cavalcanti, em teleconferência de resultados nesta sexta-feira, 15.

A companhia buscou empréstimos no mercado, de 2,5 bilhões de reais no Brasil e de 850 milhões de reais nos Estados Unidos, a fim de garantir dinheiro caixa em meio à pandemia. A empresa terminou o trimestre com 18,5 bilhões de reais em caixa.

Um dos destaques da empresa foi para os resultados da marca Seara, que vende carnes, frangos e outros tipos de congelados no varejo. A marca teve receita de 5,8 bilhões de reais no trimestre, alta de 39% na comparação com o primeiro trimestre de 2019. O resultado operacional (ebitda) cresceu expressivos 253% e ficou em 983,6 milhões de reais. A categoria de produtos processados cresceu 8,4% em volume vendido e 8,1% em preço médio de vendas.

A companhia divulgou crescimento na linha de frango orgânico da marca, assim como das linhas de produtos à base de plantas e gourmet. “O excelente resultado da Seara se explica pela melhora da relação com o consumidor, melhora do mix e pela reputação de melhor preço”, disse o presidente global da JBS, Gilberto Tomazoni.

Os executivos da empresa também destacam investimentos para melhorar a operação da marca. “Nosso foco em excelência operacional está dando resultado. Estamos vendo perdas operacionais reduzindo de forma relevante e a produtividade melhorando”, disse Wesley Batista Filho, presidente da marca.

Segundo a empresa, com boa parte da população em isolamento em casa, a demanda por produtos mais práticos e com menos manuseio aumentou. E esses são justamente os itens com maior valor agregado. “Entendemos que o consumidor, não tendo opção de comida fora de casa devido ao fechamento dos restaurantes, busca indulgência em casa. Por isso, linhas como a Seara Gourmet e Nature vêm crescendo muito”, afirmou Filho.

Os executivos também falaram sobre a produção nos Estados Unidos, impactada pela pandemia. Segundo o presidente da JBS nos Estados Unidos André Nogueira, a produção da indústria está operando com 75% de sua capacidade na produção de carne bovina e a JBS opera um pouco acima desse patamar.

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