Negócios

JBS lança No Carbon e entra para setor de locação de transporte elétrico

Na contramão dos veículos a diesel, novos caminhões da companhia irão transportar produtos das marcas Friboi, Seara e Swift

Os caminhões elétricos da No Carbon são equipados com baús frigoríficos e têm autonomia para rodar até 150 quilômetros (Ricardo Cardoso/Divulgação)

Os caminhões elétricos da No Carbon são equipados com baús frigoríficos e têm autonomia para rodar até 150 quilômetros (Ricardo Cardoso/Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de agosto de 2022 às 08h00.

O transporte de cargas com energia limpa está longe de ser uma realidade no Brasil. Um levantamento recente da Confederação Nacional do Transporte (CNC) mostra que 99,89% dos veículos das empresas entrevistadas são abastecidos com diesel.

O gás natural veicular (GNV) e a eletricidade, somados, chegam a apenas 0,11% - uma participação muito reduzida, sendo 0,07% de GNV e 0,04% de veículos elétricos.

Em outros países, a situação é diferente. O estudo “Eletromobilidade: Uma das soluções para alcançar a neutralidade de carbono”, da CNT, indica que países como China, Estados Unidos e alguns da Europa possuem um mercado relativamente desenvolvido dessa tecnologia em suas frotas.

A China, por exemplo, contabiliza mais de 28 mil caminhões elétricos registrados desde 2015. Em 2020, o país asiático deu um salto de 9,9% em relação a 2019 com novos registros. Já a Europa, que segundo a CNT usufrui de políticas públicas consolidadas de incentivo à produção e compra de caminhões pesados elétricos, apresentou um aumento de 25% desses veículos no mesmo período (2019-2020), totalizando 450 novas unidades registradas. Os Estados Unidos, por sua vez, aumentaram mais de 200 unidades em 2020, acumulando 720 caminhões elétricos registrados nos últimos seis anos.

Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), no período de 2021 a 2022, foram licenciados apenas 376 caminhões e ônibus elétricos no Brasil.

“Esse número é pequeno para o potencial que o Brasil possui e, além disso, evidencia o longo trajeto a ser percorrido, a fim de atingir patamares desejáveis no que tange à descarbonização do segmento rodoviário, especialmente no contexto urbano”, comenta a CNT.

Caminhões 100% elétricos

No Brasil, uma parcela de empresas comprometidas com operações mais sustentáveis e a meta de se tornarem net zero em alguns anos começa a investir mais fortemente em transporte de carga elétrico.

É o caso da JBS, líder global em produção de alimentos à base de proteína. A companhia lançou, este ano, um novo braço de negócio: a No Carbon, empresa especializada em locação de caminhões 100% elétricos. É uma iniciativa em linha com o compromisso da JBS de ser net zero em 2040, disse a multinacional. 

A nova empresa é parte da JBS Novos Negócios e será responsável pela gestão de uma frota de caminhões frigoríficos movidos a energia elétrica. A empresa atuará inicialmente nas operações logísticas da própria JBS, atendendo a distribuição de produtos de Friboi, Seara e Swift. 

Susana Martins Carvalho, diretora executiva na JBS Novos Negócios, comentou, em nota, que com a No Carbon “a JBS cria um negócio que irá trazer escala à utilização de caminhões elétricos no transporte de cargas no Brasil, um país com elevada dependência do modal rodoviário na área logística.” 

Por um mundo carbono zero

O transporte elétrico não gera emissões, por não utilizar combustíveis fósseis, o que leva a menos carbono na atmosfera, além de menos ruído.

Um estudo internacional publicado nos Estados Unidos comparou as emissões de caminhões elétricos em relação àqueles movidos a combustíveis fósseis.  

Para caminhões acima de 15 toneladas, nota-se uma redução de 9% de emissões em trechos de curta distância. Já para caminhões de uso urbano na mesma categoria de peso, as emissões dos elétricos chegam a ser cerca da metade do que as dos movidos a diesel. 

A CNT, ao compartilhar o estudo, ressalta que os veículos acima de 15 toneladas que percorrem longas distâncias não apresentaram decaimento de emissão, o que pode ser explicado pela utilização da rede de eletricidade americana, que conta com 63% de energia fóssil.

Sobre a No Carbon

A No Carbon entra no mercado com uma frota de 31 veículos urbanos de carga (VUC) elétricos, atendendo os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Distrito Federal. A expectativa, segundo a JBS, é expandir essa frota no médio prazo, com a possibilidade de abrir a locação de veículos de carga elétricos para outros players do mercado com alta demanda por serviços logísticos, como redes varejistas e empresas de ecommerce.

Segundo informações dadas pela companhia, cada veículo elétrico evita o lançamento anual de cerca de 30 toneladas de gás carbônico (CO2) equivalente na atmosfera.

Com isso, informa a multinacional, a No Carbon irá impactar diretamente as emissões de CO2 do chamado escopo 3 da JBS, porque os novos caminhões irão substituir os modelos a diesel usados pelos prestadores de serviços logísticos do grupo. O escopo 3 diz respeito às emissões indiretas das operações de uma empresa.

Os caminhões da No Carbon são equipados com baús frigoríficos e podem transportar, simultaneamente, produtos resfriados e congelados - a capacidade é de até quatro toneladas de carga.

Os pontos de recarga estarão disponíveis nos centros de distribuição das marcas, e a autonomia do veículo (com o baú) é de até 150 quilômetros, “o que o torna ideal para rodar nos centros urbanos”, diz a companhia. 

A questão do abastecimento, aliás, é um dos entraves à expansão do transporte elétrico de carga no país, diz a CNT. Outros obstáculos são a baixa autonomia do veículo elétrico quando comparado aos de combustão interna, o elevado valor de aquisição dos caminhões e a falta de políticas públicas que incentivem essa compra. 

Acompanhe tudo sobre:JBSNetZero

Mais de Negócios

A voz está prestes a virar o novo ‘reconhecimento facial’. Conheça a startup brasileira por trás

Após perder 52 quilos, ele criou uma empresa de alimento saudável que hoje fatura R$ 500 milhões

Esta empresária catarinense faz R$ 100 milhões com uma farmácia de manipulação para pets

Companhia aérea do Líbano mantém voos e é considerada a 'mais corajosa do mundo'