CARLOS GHOSN: executivo segue negando ter cometido irregularidades / Bloomberg (bloo/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 10 de dezembro de 2018 às 05h35.
Última atualização em 10 de dezembro de 2018 às 06h39.
A semana começou com uma notícia que volta a abalar uma das maiores montadoras do planeta, a Renault Nissan. A promotoria japonesa indiciou, por volta das 5h (horário de Brasília) o franco-brasileiro Carlos Ghosn, ex-presidente do conselho da montadora, por reportar durante cinco anos rendimentos abaixo dos efetivamente realizados nos balanços fiscais. A Nissan também foi indiciada pela promotoria.
As denúncias formais aparecem 22 dias após a prisão de Ghosn no aeroporto de Tóquio, em 19 de novembro. Pelas leis japonesas esta segunda-feira era o prazo final para uma definição sobre o destino de Ghosn: ou ele seria indiciado, ou teria que ser solto. Segundo as autoridades, Ghosn conspirou com o ex-diretor Greg Kelly para encobrir rendimentos que chegaram a 88 milhões de dólares entre 2010 e 2015, dos quais apenas metade teria sido oficialmente reportado. Kelly também foi indiciado.
Os promotores japoneses também apresentaram novas suspeitas de que Ghosn cometeu crimes na divulgação de seus rendimentos entre 2015 e 2018 — a manobra de apresentar agora uma nova denúncia faz com que o executivo possa continuar preso mesmo após cumprir os 22 dias regimentares.
Ghosn, responsável pela aliança entre a francesa Renault e a Nissan e pelo comando do império empresarial nas últimas duas décadas, segue se declarando inocente das acusações. Os advogados de Kelly afirmaram ao Wall Street Journal que os pagamentos pelos quais a dupla foi indiciada foram bônus de desempenho tradicionalmente pagos no mercado e que, por isso, não foram incluídos nos balanços da companhia.
Nas semanas após a prisão uma série de reportagens mostrou que Ghosn estava insatisfeito com o desempenho financeiro da Nissan e que pretendia substituir seu presidente executivo, Hiroto Saikawa. Ghosn também tinha planos de fundir formalmente as montadoras, o que poderia ser visto como uma derrota para o governo japonês, acionista da Nissan.
Os novos detalhes do caso agora revelados devem levar a uma nova leva de análises de especialistas e de veículos internacionais. Eles ajudarão a mostrar se o então todo poderoso da Renault Nissan foi vítima de um golpe corporativo ou se de fato burlou as rigorosas leis japonesas.
Na Justiça, seu destino parece estar traçado: segundo a revista Economist, no Japão indiciamentos levam a condenações em 99% dos casos.