JAC Motors: as três maiores montadoras chinesas conseguiram cerca de 1,8% de participação de mercado em 2011 (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 12 de dezembro de 2011 às 05h00.
São Paulo – As montadoras chinesas descobriram, em 2011, que não poderão andar tão rápido quanto imaginavam no Brasil. O “radar” que as monitora são os rivais já instalados por aqui, que temem perder mercado. E a “multa” foi o aumento do IPI para veículos importados – traçado sob medida para os chineses, depois dos protestos da Anfavea.
Taxada de protecionista pelo governo chinês e por órgãos internacionais de comércio, a medida pretende conter o crescimento dessas empresas no Brasil ainda no berço. Em conjunto, as sete montadoras chinesas acompanhadas pela Abeiva responderam por 2,05% das vendas de carros no Brasil entre janeiro e outubro.
À frente do grupo, despontam a JAC Motors, a Chery e a Hafei. As três maiores conseguiram cerca de 1,8% de participação de mercado. “É aquém do esperado”, disse Fabio Takaki, diretor para a América do Sul da consultoria Booz & Company.
A JAC chegou ao país em 2011, com plano de vendas de 35.000 carros no primeiro ano. A menos que ela venda 13.655 carros em dezembro, a meta não será cumprida – sendo que sua média de vendas foi de 2.000 carros por mês, o que rendeu um total de 21.345 carros emplacados entre janeiro e novembro de 2011, segundo dados da Fenabrave. A alta no IPI gerou uma desconfiança no consumidor e impediu um pouco o planejamento de expansão de mercado da JAC, segundo a empresa. E essa é a chinesa que possui a maior participação de mercado: 0,69%.
A segunda chinesa com maior participação é a Chery, com 0,63% - entre 2010 e 2011 ela ultrapassou a Hafei. A Chery vendeu seu primeiro carro no Brasil em 2009. Com os lançamentos de 2010, ela queria conquistar 1% do mercado em um ano – e vender 30.000 carros por ano. Em 2010 ela vendeu 7.008. Entre janeiro e novembro de 2011, foram 19.438.
Não dá pra negar que as chinesas vem crescendo. O número de carros emplacados pela Chery, por exemplo, aumentou 246% em relação ao mesmo período de 2010. Mas, apesar do crescimento, elas ainda estão longe de bater as metas que se impuseram.
IPI, o vilão
O que atravessou o caminho das chinesas foi a decisão do governo de aumentar o IPI dos importados, segundo Takaki. E o impacto das medidas acabou prejudicando essas montadoras, segundo o consultor. “Se nada tivesse acontecido, talvez tivessem batido a meta”, disse.
O futuro também não deve ser fácil para os chineses. “Eles terão que superar os entraves que serão colocados e produzir no país”, disse André Beer, consultor automotivo. Para Beer, o IPI é o maior exemplo de entrave colocado para conter a penetração de carros da Ásia e da China.Essa mudança no IPI influencia a decisão dos consumidores, segundo o analista da CSM Worldwide, Roberto Barros. “Se as chinesas tiverem que subir preço, vão perder mercado. Agora é correria pra ter fábrica”, disse.
Fábricas
Após o primeiro momento, de chegada ao Brasil, as chinesas estão dando o segundo passo, segundo Beer: construir plantas locais. JAC e Chery já fizeram seus anúncios.
No próximo ano, a JAC vai começar as obras de sua fábrica na Bahia. A previsão é que a planta fique pronta em 2014. A Chery, por sua vez, lançou em julho a pedra fundamental de sua planta em Jacareí, localizada a 70 quilômetros da capital paulista. A previsão de conclusão das obras é 2013.
Mesmo com a futura instalação das fábricas, a situação ainda não está totalmente clara. Para aliviar o IPI sobre os carros chineses, o governo exige um grau de 65% de nacionalização dos componentes – algo que as empresas afirmam ser impossível de conseguir tão rápido. Pelo jeito, a JAC, Chery e suas conterrâneas ainda enfrentarão muito trânsito pesado no caminho para conquistar uma fatia relevante de mercado no Brasil.